sexta-feira, 8 de maio de 2015

Conversa no Adalberto Prado e Silva

Texto que falei na Escola Adalberto Prado e Silva (a pedido da prof Joseane, prof de geografia)
http://www.ifch.unicamp.br/ojs/index.php/cpa/article/view/1767

Biográfico sintético do Robson Gabioneta

Concepção do ser ‘robson’
Sempre fui um curioso. Com esse impulso, soube que meus pais foram pessoas – conectadas as suas famílias oriundas do interior do Brasil – ela Minas Gerais, ele São Paulo – que vieram para São Paulo capital em busca de uma vida melhor. Conheceram-se e tinham em comum a vontade e a necessidade de construção de uma família. Assim, formou-se a família da qual eu e meus dois irmãos fazemos parte.

Ah, infância!
Passei a infância com minha mãe, até os 2 anos em São Paulo, e, a partir daí, em Campinas, no terreno onde moravam meus tios e primos – donos do imóvel – e meu avós e outros tios. Lembro-me de alguns conflitos familiares, mas também de muita brincadeira com os primos e as arvores frutíferas da minha tia, a dona do imóvel. Moramos nesta casa até eu completar 7 anos, quando fomos morar na casa que meus pais construíram, localizada no bairro dom Pedro II, perto do terminal ouro verde. A vida tornou-se um pouco diferente, já não estávamos entre parentes. Como irmão mais velho, tinha obrigações a cumprir, cuidar dos meus irmãos, levá-los a creche (localizada na frente de casa), cuidar da casa, e estudar. Minha mãe começou a trabalhar com mais frequência, assim, a cobrança do meu pai a ela começou a aumentar e minha participação nos conflitos também.
Sentia falta do meu pai que tentava suprir imitando-o. Ele era muito bom em matemática, em falar com os vizinhos, em ser responsável. Com essa motivação estudava muito matemática. Ao longo dos anos me destaquei nesta matéria. Nossa casa, naquele anos, estava em construção, assim a necessidade da continuidade da construção da mesma e das intermitentes reformas foi uma constante. Com minha curiosidade, eu estava presente sempre ajudando o pedreiro, nosso vizinho. Assim, pude aprender a manejar uma colher de pedreiro e outras ferramentas. 

Que adolescência?
Na adolescência, minha mãe, preocupada com nossa inserção no mercado de trabalho, me levou ao Patrulheiros de Campinas. Fiz a prova e iniciei o curso. Precisei com isso, estudar a noite, algo que me incomodou até o ingresso a faculdade. Fiz o curso e trabalhei em duas empresas: Ge: 4 meses e Construtora Mota Machado: 1 ano.
Ainda sob orientação ‘confusa’ da minha mãe, procurei o SENAI. Me interessei pelo curso de eletricista de manutenção. Fiz o curso e comecei a trabalhar. Durante o curso, soube do Cotuca. Nesta escola cursei eletroeletrônica. Trabalhei em algumas empresas, mas me senti mais a vontade ao trabalhar como desenhista de auto CAD em trabalhos de instalações residenciais e industriais. Minha curiosidade me fazia tentar entender tudo, assim, estudei um pouco de arquitetura. Neste processo ajudava engenheiros no que me era possível, principalmente nos projetos de ar condicionado.
Paralelamente a atuação profissional, era um rapaz com ‘necessidades espirituais’. Assim, fiz dos 10 aos 12 anos catecismo da igreja católica, e aos 15 a crisma. Terminado este último fui convidado a ser catequista. Algo que aceitei bom grado. Minha curiosidade me fez ler a bíblia, o catecismo da igreja católica e todos os livros que me chegaram. Minha preocupação inicial foi: ‘como ensinar a religião católica para os jovens?’, ‘como ensinar alguém a ser religioso?’ com essas questões me aproximei de amigos que estudavam psicologia e pedagogia. Nas conversas me falavam que tudo desembocava (ou partia) da filosofia. Acreditei nesse papo e fui me informar acerca do curso de filosofia.

A casa, o curso, o adulto
Descobri que a Unicamp oferecia este curso. O curso era integral e para cursá-lo precisava prestar o vestibular. Comecei, nas horas vagas, a estudar sem parar. Com isso, comecei a me afastar da comunidade que eu tanto amava. Aproximei-me porem de uma moça com quem, depois de algum tempo de relacionamento, aluguei uma casa em barão Geraldo para poder fazer o curso de filosofia. Esta moça possuía alguns anos a mais do que eu. Isso gerava conflitos inevitáveis. Transcorridos de 2 anos de convivência decidimos nos afastar. Amigos então me indicaram uma casa na moradia estudantil. Fui aceito e logo estava integrado.
Nessa época decidi tornar desenhista autônomo. Decisão que alterou minha relação com o trabalho e com os engenheiros. Tornei-me mais responsável, a exemplo do meu pai. Depois de alguns anos, decidi voltar a trabalhar dentro das empresas. Comecei a trabalhar numa empresa de ar condicionado, inicialmente fazendo projetos, e depois fazendo tudo que era necessário: vendas, acompanhamento de obra, notas fiscais. Percebi – algo que foi partilhado pelo eng. dono da empresa – que poderia contribuir  mais com o desenvolvimento da empresa se eu comprasse uma moto. Depois de alguns meses atualizei minha carteira de motorista e financiei uma moto. As distancias e os tempos modificaram-se. Tudo ficava mais curto e mais ágil, ainda que o perigo das estradas tornou-se constante. Rezava todos os dias ao sair de casa.
Trabalhei nesta empresa até 2008, pois precisava me formar. Assim, consegui na Unicamp uma bolsa para conseguir viver próximo a Unicamp. Consegui trabalhar no CPA (Centro do pensamento Antigo). Nesse centro organizava a cada 2 anos um colóquio, editorava uma revista e organizava as reuniões.
No que se refere a casa da moradia estudantil, pouco tempo depois da minha chegada a moradia estudantil, a Unicamp iniciou uma reforma no bloco onde morava, assim, alugamos uma casa próxima dali para morarmos. Éramos em 6, as vezes, 7, outras tantas 8.
Assim os anos de 2009 e 2010 foram anos de muito estudo. Precisava terminar as disciplinas da graduação, fazer uma monografia, e talvez, prestar o mestrado. Por causa do trabalho no CPA, comecei a acompanhar mais de perto o professor Hector Benoit, especialista em Platão. Logo me encantei com seus textos e suas aulas. Assim, decidi fazer uma monografia sob sua orientação. Estudei seus textos e fui lendo Platão sob sua interpretação. Um, ah que dia, estava eu na rede lendo um diálogo de Platão, Protágoras, quando o final me chamou a atenção: os personagens do diálogo, depois de algum tempo conversando, trocam de papeis. Fiquem algum tempo pensando no sentido disso: o que significa absorver algo que outra pessoa diz? Quando há absorção, aquele que repete o que o outro diz é ele mesmo ou é o outro? Com essas e outras questões voltei aos textos do Hector. Tentei entender as conexões que ele fez com outros textos. Pronto: já tinha uma pesquisa: investigar as relações entre Protágoras e Sócrates. Levei a proposta pro Hector que aceitou prontamente. Estudei bastante e depois de alguns meses tinha um texto para ser defendido. Defendi-o e preparei um projeto de mestrado também usando o Hector como referencia aos estudos platônicos. Tão logo ele foi aceito já tentei formar um grupo de estudos sobre Platão. Depois de algum tempo, formamos um grupo de discussão semanal. O grupo durou um ano. Formamos outro que durou 2 anos. Graças a ele pude escrever um texto que, ainda que deficitário, possui a característica de ser um texto autentico, um texto que dialogasse com o texto do Hector e – talvez seja pretensioso da minha parte - do Platão.

Hoje, amanha...
Atualmente me preparando para concursos de filosofia. Minha primeira opção são os concursos em universidade pública cuja a exigência seja o mestrado. Alem disso, estou matriculado no curso de ciências sociais na Unicamp.


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