quarta-feira, 22 de março de 2017

2 aula Proceu - pré-socráticos, sofistas e Sócrates

2 aula Proceu - pré-socráticos, sofistas e Sócrates

Fizeram o dever de casa?
Aqueles que fizeram pense e escrevam o seguinte: retire da história frases com valor universal, ideias que valham para todos.
Alguém teve medo de ouvir a história? De pensar que ela pode ser seu destino?
Eu também tive....
Os primeiros considerados filósofos fizeram mais ou menos isso. Eles ouviram os poetas e construíram frases que generalizam as histórias.
A primeira delas de Tales: a agua é o princípio de todas as coisas. Há outros que dizem que não é a agua, é o ar, ou o fogo, ou a terra, ou tudo junto, sendo que o amor permite à união e o ódio a dissociação. Faça uma pesquisa rápida sobre esses primeiros filósofos (também chamados de pré-socráticos)
Atenas, no século IV e V a.C., começou a ficar mais organizada e complexa, com assembleias e tribunais. Assim era preciso saber entender e falar sobre o que tinha acontecido e o que estava acontecendo. Assim houve a necessidade de professores. Esses professores ficaram sendo conhecidos como sofistas (ou seja, aqueles que possuem saber). Eles ensinavam a retórica, como se comportar socialmente, como falar em público, ensinavam a falar e a escrever, discutiam técnicas de agricultura e construção de navio, a organização das cidades, entre outras coisas. Os principais são: Protágoras, Górgias, Hípias.
Vamos fazer como os sofistas: procure dois sábios da nossa época e imagine que você irá nos ensinar o saber deles, observe e pergunte acerca deste saber.
Nesse contexto surge alguém que irá marcar a filosofia: Sócrates. Ele saiu pelas ruas de Atenas perguntando para as pessoas como elas tinham certeza daquilo que elas afirmavam. Um deles foram os sofistas, outros, foram alguns jovens eminentes (talvez o mais famoso deles foi Alcebíades). Porém Sócrates não escreveu nada. O que sabemos dele deve-se principalmente a Platão, Xenofonte e Aristófanes. Vamos fica no de Platão. Platão o descreve nos seus diálogos. Algumas das técnicas de Sócrates são:
·         Só sei que nada sei
·         Quem te ensinou isso? O que acontece comigo quando aprendo algo?
·         O que você fala sobre você mesmo? Como você se comporta?
·         O que é X?
Por questionar as pessoas Sócrates foi acusado de corromper a juventude e por inserir novos deuses na cidade. Ele foi julgado e condenado a tomar a cicuta (veneno), e por isso, morreu.
Isso aparece na Apologia (discurso de defesa) que Platão fez. Nesse texto Sócrates explica que um amigo, Querofonte foi até o oráculo e perguntou para ele se havia homem mais sábio do que Sócrates em Atenas, o oráculo respondeu que não. Sócrates, quando ficou sabendo disso, quis por a prova o que o deu disse e fui procurar um sábio. Quando achou um foi conversar com ele. Nessa conversa percebeu que nem ele nem o suposto sábio sabiam algo, porém ele sabia mais que este suposto sábio, pois Sócrates sabia que não sabia.


quinta-feira, 9 de março de 2017

1 aula cursinho da moradia - introdução e Grécia Antiga

Bem vindos a todos, sou Robson e irei estudar com vocês a filosofia. Irei dividir as aulas com o professor de Sociologia, então darei aula para vocês a cada 15 dias, mas podemos marcar de conversar alguns sábados. Espero que vocês tenham um bom ano e possam se preparar para o vestibular e /ou para aquisição de conhecimentos (sabedoria).
Dizem que a filosofia (amor pelo saber) nasceu na Grécia Antiga. Por estudamos esse povo. Algumas pessoas que estudaram os gregos (arqueólogos e historiadores) dizem que há alguns marcos históricos:
·         Sec. XVI a.C.: início da colonização
·         Sec. XII a.C.: guerra de Troia
·         Sec. VII/VIII a.C.: Homero termina as epopeias Ilíada e Odisseia
·         Sec. IV/V a.C.: invenção da escrita e auge da cidade de Atenas
Se a filosofia nasceu na Grécia (há quem discorde disso, por exemplo Enrique Dusseal: http://enriquedussel.com/Home_cas.html) precisamos perguntar o que eles tem de diferente de outros povos que permitiu que a filosofia surgisse. Bom responder essa pergunta não é fácil, talvez não consigamos (isso porque não mantemos os seus costumes) ... vamos então tentar conhecer um pouco esse lugar. O que temos são restos de cidade e textos. Os principais textos são: Ilíada e Odisseia de Homero; Teogonia e Trabalho e os Dias de Hesiodo; as tragédias; textos de Sofistas; textos de Filósofos. Faça uma pesquisa rápida.
Dizem também que a filosofia rompeu com o Mito (há quem não concorde).  Podemos conversar muito sobre os mitos, mas vamos falar sobre um aspecto. Para nos ajudar nisso converse com seus parentes e peça para eles contar-lhe uma história. Conversaremos sobre isso na próxima aula.
Voltando aos gregos, uma característica marcante de sua Mitologia (religião, lembrem-se que eles não entendiam religião como nós entendemos) é que a vida dos homens se mistura com a vida dos deuses, então um interfere na vida do outro. Os poetas (aedo e rapsodo) sãos os responsáveis por essas descrições. Acho que nos ajuda a entendemos eles se olhamos um pouco para o candomblé. (ver http://umaconversasobrefilosofia.blogspot.com.br/2017/03/introducao-ao-candomble-por-reginaldo.html )
Bom vamos continuar a conversa na próxima aula, mas para adiantar um pouco, vamos dividir a filosofia em dois ramos:
1.       Política (discussão sobre a organização social)
2.       Epistemologia (discussão sobre o conhecimento da natureza)
Um terceiro seria algo que une os dois: o homem (a antropologia).
Quais as consequências para uma cidade quando seus políticos adotam uma filosofia que rompe com o pensamento mitológico?  

Quais as consequências para uma cidade quando seus políticos adotam uma filosofia que aceita com o pensamento mitológico?  

Introdução ao candomblé por Reginaldo Prandi

Contos e lendas afro-brasileiras: a criação do mundo. Reginaldo Prandi. Companhia das Letras, SP, 2007. Pag. 155 a 218. Apêndice: os deuses da mitologia afro-brasileira.

Introdução ao candomblé a partir do Apêndice.

Prandi fala dos deuses africanos (orixás) a partir do povo ioruba, hoje localizado na Nigéria e Benim.[1] Esse povo veio para o Brasil e trouxe consigo seus costumes, sua religião. Porém, esta religião recebeu vários nomes no Brasil: “candomblé na Bahia, xangô em Pernambuco, tambor-de-mina nagô no Maranhão, batuque no Rio Grande do Sul” (p.155). O candomblé do Rio de Janeiro quando uniu-se ao espiritismo da França gerou a Umbanda. Isto no inicio do sec. XX.
O povo ioruba acredita que os orixás (deuses) dividem entre si a administração do mundo. Como eles, foram politeístas: os antigos gregos, romanos e egípcios e também os povos pré-colombianos, como os incas, os maias, os zapotecas e os astecas. De modo diferente, o judaísmo e as religiões que se originam dele – o cristianismo e o islamismo – acreditam na existência de um único deus. Ainda que para os católicos os santos intercedem a deus pelos homens e, de certo modo, dividem a administração do mundo espiritual.
No Brasil os orixás do povo ioruba se misturaram com os santos católicos e com os orixás de outros povos africanos.
Os orixás são forças da natureza. Além dos orixás, o povo ioruba louvam também seus ancestrais que fundaram ou foram destaque na sua sociedade (como os santos para os católicos). Num determinado momento estas duas crenças se fundiram. Desse modo, as forças da natureza, o trovão, o mar, a terra, etc. “foram antropomorficados, isto é, adquiriram forma humana, e ganharam uma biografia mítica, sendo responsabilizados também por aspectos socioculturais” (p.164).
Num tempo remoto, os orixás habitavam a terra. A história do seu nascimento e de suas relações é chamada mitologia africana.
Na África eram muitos os orixás, no Brasil foram preservados cerca de 20. Xangô, rei da cidade de Oió, é orixá da justiça, é regido pelo trovão e o fogo. Sua esposa, Iansá, orixá do rio Níger, é regida pelo vento, raio e tempestade. Oxum, outra esposa de Xangô, domina o amor e a riqueza. Ogum cuida do trabalho e é patrono da caça e da agricultura. Oxaguiá inventou o pilão.
Os homens agradam os deuses oferecendo-lhes parte do que produzem para sobreviver, principalmente comida. Alguns animais são abatidos em oferenda aos orixás. Usualmente, a maior e a melhor parte da carne dos animais é consumida pelo grupo, representando a comunhão entre os deuses e os homens. Cada orixá tem suas preferências alimentares. Há os alimentos preferidos e os que não podem ser oferecidos. Por exemplo, Oxalá não come nada feito com azeite de dendê, enquanto Oxóssi não come mel.
Cada orixá tem sua função. Exu tem um papel especial. É mensageiro entre os homens e os deuses. Ele leva as oferendas e pedidos dos homens e traz os desígnios dos deuses. Nada acontece sem a autorização de Exu, por isso ele é sempre o primeiro a receber a oferenda.
O povo ioruba veio para o Brasil quando o catolicismo era a religião oficial. Assim, todos os habitantes do Brasil, inclusive os escravos, foram batizados e introduzidos aos rituais da Igreja Apostólica Romana. O povo vindo da África foi, com o tempo, fazendo paralelos entre os santos católicos e seus orixás. Isso foi chamado de sincretismo afro-brasileiro. Xangô foi identificado com São Jerônimo, Oxalá com Jesus Cristo, Iemanjá com Nossa Senhora, Nanã com Santana, mãe de Maria. Exu foi identificado com o Diabo.
É preciso ficar atento que essas correspondências não são idênticas, por exemplo, Exu não é o Diabo para o povo africano. Apenas as aproximações fizeram o povo fazer associações. Cada sistema religioso tem sua complexidade interna que só pode ser entendida com sua teologia e sua história.[2]
Outro paralelo que é possível ser feito é entre os orixás e os deuses grego, romanos e egípcios (todos eles antigos). Exu ocupa-se de tarefas similares as de Hermes, deus mensageiro dos gregos, e Mercúrio, que faz esta atividade no Olimpio romano. Xangô é o senhor da tempestade e da justiça, como Zeus, Júpiter e Amon, respectivamente deus grego, romano e egípcio.
Apesar das religiões e da organização social desses povos serem diferentes, as necessidades que precisam ser supridas para a boa sobrevivência da comunidade, possuem aspectos em comum.
Dentro do candomblé acredita-se que os homens e as mulheres herdam as características dos orixás que descendem. Na África o pai transmitia para seus filhos seu orixá. No Brasil, por causa da dispersão do povo africano, para saber qual o orixá que determinada pessoa é descendente é preciso consultar o oráculo. O sacerdote joga os búzios e identifica qual o orixá que rege aquela pessoa. Com a identificação do orixá que rege a pessoa, pode-se antever como é seu comportamento no dia-a-dia. Por exemplo, os filhos de Xangô normalmente são amantes do poder, os de Oxum são amorosos, os de Ogum gostam de trabalhos manuais, os de Oxalá são calmos.
Os devotos do candomblé acreditam que os homens e as mulheres vivem de modo grosseiro e imperfeito as histórias que os orixás viveram. Por isso, para entender nosso mundo é preciso saber a mitologia dos orixás.
O culto aos orixás é complexo e exige uma grande distribuição de tarefas. Os sacerdotes dos templos são a ialorixá, mãe de santo, quando esta for mulher, ou babalorixá, quando o pai de santo é homem. Eles recebem ajuda da mãe pequena ou do pai pequeno. Os filhos de santo, fieis da casa, permitem que os orixás se manifestem e dançam durante o ritual, são os iaôs. As mulheres que não entram em transe são as equetes. Elas cuidam das roupas e ornamentos sagrados. Os alabês são os homens que tocam os tambores e/ou outros instrumentos. O axogum cuida do sacrifício dos animais. O pejigã cuida do altar. Todos eles que são homens que não entram em transe são chamados ogãs. “Depois de cumprir obrigações rituais durante sete anos, os iaôs recebem o título de ebômi, que pode ser traduzido por minha irmã mais velho ou meu irmão mais velho” (p207), esses podem assumir tarefas dentro da celebração. Quem cuida da cozinha é a iabassê.
“Na África, o babalaô é o sacerdote encarregado de interpretar os desígnios dos orixás, diagnosticas doenças e identificar a origem dos mais diferentes males” (p.208). Ele faz isso pela consulta dos búzios.
O axé é a força dos orixás, a força da natureza. A mãe de santo ou o pai de santo, com os ritos, distribuem o axé para seus filhos de santo para que vivam em equilíbrio com os orixás e com a sociedade.
Os orixás africanos acompanham seu povo onde quer que eles estejam. Eles acolhem também outros povos que acreditam neles, mesmo os brancos, pardos, amarelos e mestiços das mais diversas origens. Afinal, como afirma as recentes descobertas da paleontologia, o homem teria surgido num lugar próximo a Ilê Ifé, na África, lugar onde a mando de Olorum os orixás criaram o mundo.
Como a cultura e a sociedade mudam, também os orixás mudam e acrescentam funções do seu domínio. Exu, por exemplo, é considerado orixá da internet.


Introdução ao candomblé
http://culturabrasil.cmais.com.br/programas/veredas/arquivo/ile-omolu-oxum-candomble


[1] Há diferenças entre os povos africanos e conseqüentemente diferem seus mitos.
[2] Pode-se pesquisar e depois comparar os principais rituais de cada religião: os de iniciação, os de passagem para vida adulta, os de casamentos, os de morte, os pedidos de alimentação, os de guerra, etc..