Síntese dos diálogos de Platão com vista a título de doutorado em ensino de filosofia pela FE Unicamp. Autor: Robson Gabioneta
República – livro I
327a-331d. Sócrates (S) encontra Polemarco (P) e vai a sua casa e conversa com Céfalo (C) sobre velhice. S vai a Pireu com Glauco e na volta Polemarco e Adimanto pedem que fiquem. Na casa de Polemarco encontram Líside, Eutidemo, Trasímaco, Clitofonte e Céfalo, pai de P. C defende a vida simples; S pergunta da riqueza. C diz que tem medo das fabulas sobre Hades, em especial os castigos, por isso diz que se esforça em corrigir as injustiças do passado; S pergunta se isso significa dar a cada um o que lhe é devido. C concorda. Então S pergunta se é preciso devolver uma arma a um amigo que está fora de si. C concorda, mas transfere a conversa para Polemarco.
Obs: C define justiça como correção das injustiças; S altera: justiça é dar a cada um o que lhe é devido e para criticar dá um exemplo: devolução de uma arma para alguém fora de si. Transferência de pai para filho.
331e-335d. Definição de justiça de P e refutação de S. P define justiça: Dar a cada o que é devido, bem aos amigos, mal aos inimigos. S pergunta: ustiça é útil na paz? P responde: nos contratos e no dinheiro. S: porém qualquer especialista manipula melhor o dinheiro do que o justo; além disso, o pugilista e o médico sabem fazer o bem e o mal. As pessoas se enganam e podem causar dano. Amigo é quem parece e é homem de bem. Quem cuida de cavalo não pode deixar o cavalo pior, do mesmo modo a justiça, como a música ou equitação. O homem justo não causa o dano a ninguém.
Obs: procedimentos investigativos de Platão: investigação a partir da poesia; união de frases com vistas a estender o sentido delas (dar a cada um o que é devido + fazer bem aos amigos = justiça é fazer bem aos amigos e mal aos inimigos); distinção entre opostos (amigo x inimigo; paz x guerra; aparência x o que é realmente); aproximação entre opostos (o médico sabe fazer o bem e o mal); a consulta dos especialistas; a possibilidade do engano das pessoas é estendido a tudo; as artes (música, equitação) só podem gerar o bem, como a justiça.
336c-342e. definição de justiça de Trasímaco (T) e refutação de S. T: critica S dizendo que é mais fácil perguntar do que responder S; definição de T justiça é a vantagem do mais forte, daquele que faz leis para se beneficiar. S: os legisladores podem errar e se prejudicar. T: quem conhece não erra. S: nenhuma arte age em benefício próprio, assim, a ciência ajuda o mais fraco; o chefe procura a vantagem do seu subordinado.
Obs: Trasímaco ‘compra’ a briga de Polemarco, acusa S (injustamente) de só perguntar (pois S também responde); Bakhtin: espelhamento de proposições e de personagens (oposição, semelhanças, etc). Posições de T e S são complementares: com conhecimento não há erro uma vez que o chefe a usa para beneficiar o mais fraco.
343b-348b. T x S. T: os pastores e o dirigentes agem em interesse próprio, assim como o injusto obtém vantagem para si, a injustiça é mais forte que a justiça. S a justiça está acima da injustiça; como os governos (e as artes) beneficiam os mais fracos, ninguém trabalha voluntariamente, mas por remuneração, honrarias ou castigo, sendo o maior castigo ser governando por quem é pior.
Obs: S absorve de T a ideia de que há disputa entre o justo e o injusto, a tal ponto que se o justo não quiser disputar na governança da cidade, ele terá que ser castigado.
349c-353e. S: o justo não age contra seu semelhante, o injusto quer vantagem de todos; porém o injusto terá que ser justo para praticar uma ação, mesma que ela seja má; assim, a justiça gera acordo, a injustiça não. O assunto é como se vive: a alma deve dirigir com justiça, pois é sua virtude, assim, o homem justo vive bem e é feliz, o injusto não.
Obs: ideia central: o injusto, para agir em conjunto precisa da justiça que gera acordos; o debate central é como viver.
República – livro II (357a-383c)
357a-362c. discurso de Glauco: três espécies de bem: em si mesmo (alegria); por eles mesmos e suas consequências (conhecimento, saúde); só pelas vantagens (medicina); recapitulação de Trasímaco: o que é justiça e sua origem (para conter a impunidade e a vingança, os homens fazem leis) (inspirou Hobbes); a justiça é um mal necessário, pois se não houvesse impedimentos, todas iriam fazer coisas para obter vantagens (anel de Giges); a maioria pensa que o injusto vive melhor, pois ele, ao convencer todos o contrário (bem aos amigos e mal aos inimigos), recebem benefícios, já o justo, que não tenta convencer ninguém, se for tido por criminoso é penalizado.
Obs. Glauco não recapitula, mas soma as proposições de Polemarco, Sócrates e Trasímaco. Centros: as pessoas buscam o interesse próprio (tese contratualista séc. XVI); o justo precisa evidenciar sua justiça. Evidenciar as práticas do injusto: bem aos amigos e mal aos inimigos, com verniz da justiça. Tipos de bens (o em si mesmo, o em si e para outro, o para o outro) é uma novidade.
362e-367e. discurso de Adimanto, irmão de Glauco: como ninguém elogiou a justiça, ele apresenta um modo de fazer; recupero os poetas: Hesíodo e Homero (dádivas aos justos); Museu e Orfeu (aos justos concedem bebedeiras; os injustos se atolam e carregam água); os mendigos e adivinhos dizem corrigem os danos com sacrifícios e encantamentos. Conclusão: qual o caminho para a vida melhor. Os deuses existem? Se existem, se preocupam? Os poetas dizem que são sensíveis a oferendas. Ninguém é voluntariamente justo, exceto o que tem aversão a injustiça ou o esclarecido; prova disso é o que as pessoas fazem quando recebem poder. Se fossem informados desde a infância sobre a justiça, hoje não precisariam se vigiar. Deixem de lado a reputação (a aparência). Trasímaco, que diz que justiça é a vantagem do mais forte, faça elogio das vantagens da justiça, mostrando como ela e a injustiça atuam na alma.
Obs: o discurso de Adimanto é de tamanho similar ao de Glauco. Propostas explicitas: justiça superior a injustiça; atuação de cada na alma, o bem e o mal, deixar a reputação. Propostas implícitas: descrições dos deuses e sua relação com o humano; adivinhos usam a barganha; justiça ensinada desde a infância (como Protágoras 325c-326d).
368a-373e. discurso de S para defender a justiça (preliminar 1): do surgimento da cidade ao surgimento da guerra. Começar pela cidade e depois ir ao indivíduo. Necessidades básicas: alimento (lavrador); casa (pedreiro); roupas (tecelão) e calçados (sapateiro). Eles são escolhidos a partir da aptidão de cada para melhor fazer seu trabalho. Suas ferramentas devem ser feitas pelos carpinteiros e ferreiros. Como não são autossuficientes, precisam de comerciantes entre as cidades, o mercado e a moeda. Glauco propõem uma cidade mais ‘chique’. S: até aqui ela era sadia, essa luxuosa precisa de imitadores (artistas); pedagogos, médicos. A terra é insuficiente, sendo necessário pegar do vizinho, que também quer: inicia-se a guerra.
Obs: Método de investigação: investigar aquilo que é mais fácil de ver (o grande); de posse deste saber usa-lo para investigar o pequeno. Há profissionais que só surgem depois da guerra: artistas, professores, médicos e guerreiros.
374a-377c. discurso de S para defender a justiça (preliminar 2): na guerra é preciso educar os guerreiros, começando pela música. Os guerreiros devem ter: foça, velocidade, coragem contra o inimigo; manso, brio, filosofia com familiares. Na infância que começa os traços, deve-se selecionar as fábulas.
377d-383c. discurso de S para defender a justiça (preliminar 3): as mentiras devem ser controladas na educação dos guardiões, os deuses não causam o mal, mas o bem. Hesíodo e Homero descrevem erroneamente os deuses quando falam que os deuses se vingam, guerreiam, pois nas crianças se imprimi esses comportamentos por imitá-los. A divindade não é causa de tudo, só do bom; quanto ao sofrimento, deus foi justo, beneficiando os culpados com o castigo. Deus não engana os homens, pois, sendo perfeito, menos se modifica, mantendo a sua forma. A mentira pode ser útil contra inimigo ou amigo louco.
Obs: o controle da mentira se justifica na cidade luxuosa que precisa de guerreiro. A infância só entende o literal. Disputa de concepção de divino entre Platão (perfeito, não se altera) e os poetas (como os humanos). O guerreiro não pode se alterar com o que vem de fora.
357a-362c. discurso de Glauco: três espécies de bem: em si mesmo (alegria); por eles mesmos e suas consequências (conhecimento, saúde); só pelas vantagens (medicina); recapitulação de Trasímaco: o que é justiça e sua origem (para conter a impunidade e a vingança, os homens fazem leis) (inspirou Hobbes); a justiça é um mal necessário, pois se não houvesse impedimentos, todas iriam fazer coisas para obter vantagens (anel de Giges); a maioria pensa que o injusto vive melhor, pois ele, ao convencer todos o contrário (bem aos amigos e mal aos inimigos), recebem benefícios, já o justo, que não tenta convencer ninguém, se for tido por criminoso é penalizado.
Obs. Glauco não recapitula, mas soma as proposições de Polemarco, Sócrates e Trasímaco. Centros: as pessoas buscam o interesse próprio (tese contratualista séc. XVI); o justo precisa evidenciar sua justiça. Evidenciar as práticas do injusto: bem aos amigos e mal aos inimigos, com verniz da justiça. Tipos de bens (o em si mesmo, o em si e para outro, o para o outro) é uma novidade.
362e-367e. discurso de Adimanto, irmão de Glauco: como ninguém elogiou a justiça, ele apresenta um modo de fazer; recupero os poetas: Hesíodo e Homero (dádivas aos justos); Museu e Orfeu (aos justos concedem bebedeiras; os injustos se atolam e carregam água); os mendigos e adivinhos dizem corrigem os danos com sacrifícios e encantamentos. Conclusão: qual o caminho para a vida melhor. Os deuses existem? Se existem, se preocupam? Os poetas dizem que são sensíveis a oferendas. Ninguém é voluntariamente justo, exceto o que tem aversão a injustiça ou o esclarecido; prova disso é o que as pessoas fazem quando recebem poder. Se fossem informados desde a infância sobre a justiça, hoje não precisariam se vigiar. Deixem de lado a reputação (a aparência). Trasímaco, que diz que justiça é a vantagem do mais forte, faça elogio das vantagens da justiça, mostrando como ela e a injustiça atuam na alma.
Obs: o discurso de Adimanto é de tamanho similar ao de Glauco. Propostas explicitas: justiça superior a injustiça; atuação de cada na alma, o bem e o mal, deixar a reputação. Propostas implícitas: descrições dos deuses e sua relação com o humano; adivinhos usam a barganha; justiça ensinada desde a infância (como Protágoras 325c-326d).
368a-373e. discurso de S para defender a justiça (preliminar 1): do surgimento da cidade ao surgimento da guerra. Começar pela cidade e depois ir ao indivíduo. Necessidades básicas: alimento (lavrador); casa (pedreiro); roupas (tecelão) e calçados (sapateiro). Eles são escolhidos a partir da aptidão de cada para melhor fazer seu trabalho. Suas ferramentas devem ser feitas pelos carpinteiros e ferreiros. Como não são autossuficientes, precisam de comerciantes entre as cidades, o mercado e a moeda. Glauco propõem uma cidade mais ‘chique’. S: até aqui ela era sadia, essa luxuosa precisa de imitadores (artistas); pedagogos, médicos. A terra é insuficiente, sendo necessário pegar do vizinho, que também quer: inicia-se a guerra.
Obs: Método de investigação: investigar aquilo que é mais fácil de ver (o grande); de posse deste saber usa-lo para investigar o pequeno. Há profissionais que só surgem depois da guerra: artistas, professores, médicos e guerreiros.
374a-377c. discurso de S para defender a justiça (preliminar 2): na guerra é preciso educar os guerreiros, começando pela música. Os guerreiros devem ter: foça, velocidade, coragem contra o inimigo; manso, brio, filosofia com familiares. Na infância que começa os traços, deve-se selecionar as fábulas.
377d-383c. discurso de S para defender a justiça (preliminar 3): as mentiras devem ser controladas na educação dos guardiões, os deuses não causam o mal, mas o bem. Hesíodo e Homero descrevem erroneamente os deuses quando falam que os deuses se vingam, guerreiam, pois nas crianças se imprimi esses comportamentos por imitá-los. A divindade não é causa de tudo, só do bom; quanto ao sofrimento, deus foi justo, beneficiando os culpados com o castigo. Deus não engana os homens, pois, sendo perfeito, menos se modifica, mantendo a sua forma. A mentira pode ser útil contra inimigo ou amigo louco.
Obs: o controle da mentira se justifica na cidade luxuosa que precisa de guerreiro. A infância só entende o literal. Disputa de concepção de divino entre Platão (perfeito, não se altera) e os poetas (como os humanos). O guerreiro não pode se alterar com o que vem de fora.
República – livro III
386a-392b. discurso de S para defender a justiça (preliminar 4): Os poetas devem ensinar a coragem e a temperança aos guerreiros. Insuflar a coragem nos guerreiros: não ter medo da morte; elogiar o Hades; tirar as queixas dos heróis e deuses; ser autossuficiente, para não se desesperar com a morte do amigo; usar a mentira como medicamento (pelo médico ou governante); os governados não podem mentir. Promover a temperança (moderação): na comida, bebida e no amor.
Obs: o guerreiro, com a coragem e a temperança, deve proteger a cidade de sua similar (cópia, igual, rival), por isso precisa de medicamento, controlado pelo médico e governante.
392c-402d. discurso de S para defender a justiça (preliminar 5): estilo, melodia e forma da poesia. Exposição: sem imitação; imitação: poeta usa a linguagem da pessoa que imita (Bakhtin, 2003: distinção entre autor e personagem); combinação da exposição e imitação. Quais deles é mais apropriado? Ir onde o logos, como uma brisa, levar. Princípios: cada um só em bom numa profissão; não dá para imitar tudo; os guardiões devem se dedicar a liberdade (de ocupar outras terras) da cidade. Não devem imitar nada; se imitarem, só o que gera coragem, temperança, piedade liberdade. Não imitar mulheres e escravos. Expulsar da cidade aquele que quer imitar tudo, só imitar a moderação. Canção: texto, melodia, ritmo. Como o texto é o principal, não deve haver lamentações, nem harmonias tristes. Do mesmo modo para os artesões, arquitetos, pois em tudo há proporção. Harmonizar o interior com o exterior.
Obs: estabilidade entre o vício e a virtude e não um pêndulo onde há passagem de um a outro. Exclusão de um lado para preparar o outro, sem hesitação ir ao Hades.
403c-414a. discurso de S para defender a justiça (preliminar 6): música, ginastica, médicos, juízes, testes. A alma molda o corpo. Os guardas não poder: embriagar, dormir demais, ter saúde frágil. Homero alimenta os heróis de peixe assado sem temperos. Sem a simplicidade há desregramento (na música) e doenças (ginástica); necessitando de tribunais com juízes e clinicas com médicos. É vergonhoso: aceitar estranhos, descuido e regime de vida não saudável. Há aqueles que precisam trabalhar e não tem tempo para se curar; os que tem tempo, os ricos. Médicos: começar moço, examinar a constituição dos corpos, ter sofrido doenças; juiz: estar distante dos vícios até a maturidade. Maldade não se conhece nem a virtude; a virtude conhece a maldade e ela mesma. Praticar a música e a ginastica, só a primeira gera moleza, só a segunda dureza. Os guardas devem promover o bem da cidade por se identificar com os interesses dela. As pessoas mudam os princípios por consentimento (mudando de opinião) ou sem consentimento (roubo, encantamento e violência); por isso, desde criança, os guardas devem ser testados nesses últimos.
Obs: antes era preciso seguir o logos, aqui é preciso ver o que o impede: doenças, vícios, intemperanças (bebida, sono, mudanças de princípios). Maior princípio: identidade entre o guardião e a cidade, o que acontece com um, acontece com o outro.
414c-417a. Mito das três raças e partilha dos guerreiros. S: eis uma fábula honesta para enganar os dirigentes: os princípios foram apresentados como um sonho pois estão dormindo em baixo da terra; terra mãe gera a todos, pois isso todos são irmãos (Rocha: Protágoras 320d e Político 269b); a divindade misturou ouro aos que comandam, prata as auxiliares, ferro e bronze aos agricultores e artesãos (Hesíodo 109-201); no nascimento é preciso saber qual será a função desempenhada e colocar cada um no local apropriado. G: as próximas gerações acreditaram no mito. S: os guardiões não podem ser despóticos; não devem possuir nada; faze refeições públicas; não ter contato com ouro ou prata; se adquirir algo deixará de ser guarda para ser comerciante ou lavrador.
Obs: mito para salvar a cidade. Diferente da cidade com vistas a suprir as necessidades básicas (368a-373e), aqui é a cidade luxuosa que entrará em conflito com sua rival e por isso precisa de uma nova classe: o comandante e seus auxiliares; proposta para que não se destruírem mutualmente: os guardiões só possuírem a coletividade e mais nada.
386a-392b. discurso de S para defender a justiça (preliminar 4): Os poetas devem ensinar a coragem e a temperança aos guerreiros. Insuflar a coragem nos guerreiros: não ter medo da morte; elogiar o Hades; tirar as queixas dos heróis e deuses; ser autossuficiente, para não se desesperar com a morte do amigo; usar a mentira como medicamento (pelo médico ou governante); os governados não podem mentir. Promover a temperança (moderação): na comida, bebida e no amor.
Obs: o guerreiro, com a coragem e a temperança, deve proteger a cidade de sua similar (cópia, igual, rival), por isso precisa de medicamento, controlado pelo médico e governante.
392c-402d. discurso de S para defender a justiça (preliminar 5): estilo, melodia e forma da poesia. Exposição: sem imitação; imitação: poeta usa a linguagem da pessoa que imita (Bakhtin, 2003: distinção entre autor e personagem); combinação da exposição e imitação. Quais deles é mais apropriado? Ir onde o logos, como uma brisa, levar. Princípios: cada um só em bom numa profissão; não dá para imitar tudo; os guardiões devem se dedicar a liberdade (de ocupar outras terras) da cidade. Não devem imitar nada; se imitarem, só o que gera coragem, temperança, piedade liberdade. Não imitar mulheres e escravos. Expulsar da cidade aquele que quer imitar tudo, só imitar a moderação. Canção: texto, melodia, ritmo. Como o texto é o principal, não deve haver lamentações, nem harmonias tristes. Do mesmo modo para os artesões, arquitetos, pois em tudo há proporção. Harmonizar o interior com o exterior.
Obs: estabilidade entre o vício e a virtude e não um pêndulo onde há passagem de um a outro. Exclusão de um lado para preparar o outro, sem hesitação ir ao Hades.
403c-414a. discurso de S para defender a justiça (preliminar 6): música, ginastica, médicos, juízes, testes. A alma molda o corpo. Os guardas não poder: embriagar, dormir demais, ter saúde frágil. Homero alimenta os heróis de peixe assado sem temperos. Sem a simplicidade há desregramento (na música) e doenças (ginástica); necessitando de tribunais com juízes e clinicas com médicos. É vergonhoso: aceitar estranhos, descuido e regime de vida não saudável. Há aqueles que precisam trabalhar e não tem tempo para se curar; os que tem tempo, os ricos. Médicos: começar moço, examinar a constituição dos corpos, ter sofrido doenças; juiz: estar distante dos vícios até a maturidade. Maldade não se conhece nem a virtude; a virtude conhece a maldade e ela mesma. Praticar a música e a ginastica, só a primeira gera moleza, só a segunda dureza. Os guardas devem promover o bem da cidade por se identificar com os interesses dela. As pessoas mudam os princípios por consentimento (mudando de opinião) ou sem consentimento (roubo, encantamento e violência); por isso, desde criança, os guardas devem ser testados nesses últimos.
Obs: antes era preciso seguir o logos, aqui é preciso ver o que o impede: doenças, vícios, intemperanças (bebida, sono, mudanças de princípios). Maior princípio: identidade entre o guardião e a cidade, o que acontece com um, acontece com o outro.
414c-417a. Mito das três raças e partilha dos guerreiros. S: eis uma fábula honesta para enganar os dirigentes: os princípios foram apresentados como um sonho pois estão dormindo em baixo da terra; terra mãe gera a todos, pois isso todos são irmãos (Rocha: Protágoras 320d e Político 269b); a divindade misturou ouro aos que comandam, prata as auxiliares, ferro e bronze aos agricultores e artesãos (Hesíodo 109-201); no nascimento é preciso saber qual será a função desempenhada e colocar cada um no local apropriado. G: as próximas gerações acreditaram no mito. S: os guardiões não podem ser despóticos; não devem possuir nada; faze refeições públicas; não ter contato com ouro ou prata; se adquirir algo deixará de ser guarda para ser comerciante ou lavrador.
Obs: mito para salvar a cidade. Diferente da cidade com vistas a suprir as necessidades básicas (368a-373e), aqui é a cidade luxuosa que entrará em conflito com sua rival e por isso precisa de uma nova classe: o comandante e seus auxiliares; proposta para que não se destruírem mutualmente: os guardiões só possuírem a coletividade e mais nada.
República – livro IV
419a-427b. discurso de Sócrates sobre a justiça (depois da fundação pelo mito 1): divisão entre os organizadores. S: com cada um cumprindo sua função, cada um terá sua participação na felicidade. Como os artesões se corrompem com a riqueza (preguiçosos) e a pobreza (impedem de serem perfeitos e transmitir o saber), os guardas (τοῖς φύλαξιν) impedi-las. Os governantes (τοῖς ἡμετέροις ἄρχουσιν) determinam o tamanho da cidade e os guardas (τοῖς φύλαξι) zelem para sua aparência e unidade. Os guardas (τοῖς φύλαξι), a partir do mito, devem colocar as crianças nas funções corretas. Os encarregados da cidade (τοῖς ἐπιμεληταῖς τῆς πόλεως) impedem inovações na Ginastica e na Música para não alterarem a constituição da cidade. Outras legislações são importantes, como o comercio, o tribunal, os impostos, estas ficam aos homens de bem, porém os sacrifícios e ritos aos deuses, demônios e heróis, bem como os sepultamentos, cabem a Apolo de Delfos. Outras ideias paralelas: o guardião não pode ter dinheiro para gastar; um guerreiro treinado vence dois sem treino; os amigos tem posse comum de mulheres e filhos; a cidade com bom começo cresce em círculos e melhora com as gerações; honrar os mais velhos, a mãe e o pai; remédios não substituem a dieta saudável.
Obs: divisão entre os organizadores da cidade: governantes: determinar o tamanho da cidade; guardas: impedir a riqueza e pobreza, garantir a unidade, organizar as crianças; encarregados da cidade: impedir inovações na música e ginastica. Deuses, heróis, mortos, cabem a Apolo de Delfos. Divisão entre quem estabelece as normas e quem fiscaliza; já Platão: apresentar a origem mítica da sociedade e um caminho para sua perpetuação.
427b-443a. discurso de Sócrates sobre a justiça (depois da fundação pelo mito 2): transposição da justiça da cidade (função de cada classe) para a justiça no indivíduo (função de cada parte da alma). Virtudes: sabedoria como emissão de bons conselhos pertence aos guardas; a coragem é a opinião do que se deve ou não temer está como soldados (guerreiros); temperança por ser a harmonia entre os comandados e comandantes, pertença a todos; justiça já havia sido definida como cada um se ocupar do que lhe é natural. Transposição da justiça da cidade para o indivíduo: o sujeito não sofre ao mesmo tempo coisas contrárias como o desejo e a aversão, assim, há um princípio na alma onde atua a sede a comida (sem racionalidade) e outro, contrário a esse (com racionalidade); o terceiro, a cólera, está no meio das outras duas e deve, junto com a parte racional, conter a parte irracional, que é a maior, para que ela não busca a riqueza. Os guardas não devem: buscar ouro e prata; trair camaradas e a cidade; descumprir contratos; cometer adultério; descuidar dos pais; negligenciar os deuses.
Obs: aplicação das três espécies de bem no começo II (357a-d) (em si, para outro e o em si e para o outro): identidade a partir das inclinações naturais; mantidas as condições de geração a identidade não pode ser contrária a si, isso gera a identidade do contrário; é preciso algo que faça a mediação dos contrários.
443b-445e. discurso de Sócrates sobre a injustiça: rebelião das partes da cidade; desordem, gerando vícios. 4 são os vícios a partir de 5 formas de governos por meio de duas divisões: realeza (poder de um) e aristocracia (o poder de muitos).
419a-427b. discurso de Sócrates sobre a justiça (depois da fundação pelo mito 1): divisão entre os organizadores. S: com cada um cumprindo sua função, cada um terá sua participação na felicidade. Como os artesões se corrompem com a riqueza (preguiçosos) e a pobreza (impedem de serem perfeitos e transmitir o saber), os guardas (τοῖς φύλαξιν) impedi-las. Os governantes (τοῖς ἡμετέροις ἄρχουσιν) determinam o tamanho da cidade e os guardas (τοῖς φύλαξι) zelem para sua aparência e unidade. Os guardas (τοῖς φύλαξι), a partir do mito, devem colocar as crianças nas funções corretas. Os encarregados da cidade (τοῖς ἐπιμεληταῖς τῆς πόλεως) impedem inovações na Ginastica e na Música para não alterarem a constituição da cidade. Outras legislações são importantes, como o comercio, o tribunal, os impostos, estas ficam aos homens de bem, porém os sacrifícios e ritos aos deuses, demônios e heróis, bem como os sepultamentos, cabem a Apolo de Delfos. Outras ideias paralelas: o guardião não pode ter dinheiro para gastar; um guerreiro treinado vence dois sem treino; os amigos tem posse comum de mulheres e filhos; a cidade com bom começo cresce em círculos e melhora com as gerações; honrar os mais velhos, a mãe e o pai; remédios não substituem a dieta saudável.
Obs: divisão entre os organizadores da cidade: governantes: determinar o tamanho da cidade; guardas: impedir a riqueza e pobreza, garantir a unidade, organizar as crianças; encarregados da cidade: impedir inovações na música e ginastica. Deuses, heróis, mortos, cabem a Apolo de Delfos. Divisão entre quem estabelece as normas e quem fiscaliza; já Platão: apresentar a origem mítica da sociedade e um caminho para sua perpetuação.
427b-443a. discurso de Sócrates sobre a justiça (depois da fundação pelo mito 2): transposição da justiça da cidade (função de cada classe) para a justiça no indivíduo (função de cada parte da alma). Virtudes: sabedoria como emissão de bons conselhos pertence aos guardas; a coragem é a opinião do que se deve ou não temer está como soldados (guerreiros); temperança por ser a harmonia entre os comandados e comandantes, pertença a todos; justiça já havia sido definida como cada um se ocupar do que lhe é natural. Transposição da justiça da cidade para o indivíduo: o sujeito não sofre ao mesmo tempo coisas contrárias como o desejo e a aversão, assim, há um princípio na alma onde atua a sede a comida (sem racionalidade) e outro, contrário a esse (com racionalidade); o terceiro, a cólera, está no meio das outras duas e deve, junto com a parte racional, conter a parte irracional, que é a maior, para que ela não busca a riqueza. Os guardas não devem: buscar ouro e prata; trair camaradas e a cidade; descumprir contratos; cometer adultério; descuidar dos pais; negligenciar os deuses.
Obs: aplicação das três espécies de bem no começo II (357a-d) (em si, para outro e o em si e para o outro): identidade a partir das inclinações naturais; mantidas as condições de geração a identidade não pode ser contrária a si, isso gera a identidade do contrário; é preciso algo que faça a mediação dos contrários.
443b-445e. discurso de Sócrates sobre a injustiça: rebelião das partes da cidade; desordem, gerando vícios. 4 são os vícios a partir de 5 formas de governos por meio de duas divisões: realeza (poder de um) e aristocracia (o poder de muitos).
República – livro V
449a-471c. discurso de Sócrates sobre a justiça (depois da fundação pelo mito 3): 1ª lei (ou onda): lei das mulheres (com mesma educação que os homens); 2ª lei (ou onda): filhos em comum. Polemarco pede para S falar dos amigos que tem mulheres e filhos em comum, deixando para depois as formas de governo. O que determina o talento não é o sexo, mas facilidade de aprendizado, nesse caso os costumes são contrários a natureza. Como os homens, as mulheres devem treinar nuas, se preparando para a guerra e mais nada. G: investigação a partir da aplicabilidade e utilidade. S diz que irá fantasiar. Os guardas não tem nada próprio, partilham a mesa, casa e ginásio. Casamentos que gerem vantagens a cidade, daí a escolha de bons reprodutores em idade apropriada: M de 20 a 40; H de 25 ao 55; nas festas apropriadas com organização dos poetas, com reprodução controlada para a cidade não crescer ou mingar; os filhos serão entregas as amas, para que os pais não os identifiquem e sejam pais de todos os filhos nascidos na mesma época, sendo eles impedidos de terem relações. Para os guardas todos são parentes, respeitando os mais velhos como pais. Como os guardiões não possuem nada, não haverá queixas (por dinheiro, filhos, parentes). Os guardas que querem conquistar tudo professa o dito de Hesíodo “a metade é maior do que o todo”. Os guardas devem levar os filhos mais crescidos para aprender na guerra, assegurando-lhes a segurança; os meninos que abandonarem os postos serão transferidos para o artesanato ou o cultivo da terra (e a refutação no Laquede?). Os guardas, depois de vencer, não devem devastar a terra e incendiar casas. Maior mal é a desagregação; maior bem é a coesão. Neste último tudo que acontece a um afeta todos. Os governantes valem-se de mentiras (remédios) para o bem do governados; de que o casamento é ao acaso e não pensado pelos dirigentes. Nas democracias os governantes são salvadores e o povo sustentador; na outra há senhores e escravos. Os helenos guerreiam contra bárbaros e não contra helenos, os quais devem sempre se reconciliar. G pede para incluir os bárbaros com helenos (parentes?), S propor uma lei que os guardas não destruam as cidades.
Obs: procedimento platônico: momento metodológico; retomada com destaque a algo; abertura para o próximo tema em forma de espiral (como na Odisseia; Gabioneta, 2013). Nossa intenção: dialogar com a crítica platônica; o que pode ser útil para o ensino de filosofia hoje. Centros: 1ª lei: o talento não depende do gênero; 2ª lei: regulação da reprodução. Os poetas, com instrução dos dirigentes, unem os casais.
471c-480a. discurso de Sócrates sobre a justiça (depois da fundação pelo mito 4): 3ª lei (ou onda): filósofo rei ou rei filósofo. A justiça da cidade não é igual a justiça do indivíduo, por isso usa-se o paradigma, o modelo para, no caso da cidade, compara-las e corrigir a cidade real. 3ª lei: união entre política e filosofia, o rei e o filósofo. O filosofo deseja toda a sabedoria; os amigos (amantes) dos espetáculos, das artes e da prática ficam na beleza temporária, não no belo em si, tomando a imagem pela coisa. Como eles ficam perturbados precisam ser acalmados com boas maneiras. Eles possuem opiniões que os faz possuírem uma posição intermediária entre o não-ser (ignorância) e o ser (conhecimento); os filósofos buscam a essência das coisas.
Obs: procedimento metodológico: cidade justa como modelo para a cidade real (um tipo de não-ser) e para o indivíduo. O filosofo olha para ela e vê os erros, daí sua paciência com todos os parentes (bárbaros e helenos). Os amigos da arte e da prática são intermediários entre o ignorante e o filósofo.
República – livro VI
484a-495e. Continuação do discurso de Sócrates sobre a justiça (depois da fundação pelo mito 4): 3ª lei (ou onda): filósofo rei ou rei filósofo. O filósofo é o que apreende o imutável para cuidar das leis e instituições da cidade. Ele é temperante, corajoso, modesto, aprende rápido; não: cobiça o dinheiro, teme a morte, vaidoso. Adimanto critica o método (pequenas afirmações com grandes conclusões) e o que se dedica a filosofia quando adulto, sendo inútil a cidade. S concorda e explica. Um comandante de um navio limitado gera a disputa por sua função; os deliberantes não entendem do tempo e dos astros e julgam que não precisam saber. O navio é a cidade, o filósofo é o comandante, os políticos são os marinheiros. As maiores calúnias a filosofia não são dos contrários a ela, mas do que exerce a mesma atividade (educação e controle da cidade). O filosofo deve se unir a essência dos fenômenos. Causa a corrupção da sua natureza os lugares inadequados ao seu desenvolvimento. Os sofistas mercenários defendem a doutrina da maioria, agindo como quem agrada um grande animal. O filosofo, com dotes extraordinários, recebe honrarias e é disputado, deturpando sua imagem de si; nessa situação ele causa os maiores males a cidade.
Obs: indicação do que o filósofo pode e o que não pode; problemas: mercenários, opinião da maioria; bajulação.
496a-504a. Continuação: discurso de Sócrates sobre a justiça (depois da fundação pelo mito 4): 3ª lei (ou onda): filósofo rei ou rei filósofo. Adimanto quer saber as formas de governo; S nenhuma corresponde ao filosofo; A e a forma que propomos; S é preciso completar, o que a cidade faz para a filosofia não se perder, uma vez que o bom é difícil (Simônides). Os jovens abandonam a parte mais difícil, a dialética. Depois da idade do vigor é preciso ‘pastar livremente’. O homem perfeito não existe, como a cidade. Ninguém antes de poucos filósofos atingirão esse estágio. É preciso falar com brandura ao julgo sobre o filosofo. O mundo governado pelo filósofo possui ordem. O filósofo deve por a vista o justo, o belo e o temperante. O vulgo ainda se irrita por S dizer que eles só se verão livres dos males quando a raça dos filósofos governar, isso por se sentirem envergonhados. O filho do rei pode ser filósofo, basta um para a cidade se concretizar. Para S a legislação é a melhor e o plano exequível. Falta discutir como educar os salvadores. Há os que aprendem fácil e os que não tem medo. É preciso por a prova o que já foi dito e em todas as disciplinas, em especial a maior das virtudes, a ideia do bem.
Obs: dificuldade em forma o filósofo na sociedade real, por isso S investiga os dois em conjunto com a sociedade ideal, alertando que ambos ideais não existem.
505a-511e. Discurso de Sócrates sobre o filho do bem, o sol (1). A ideia do bem é o conhecimento mais elevado, diferente dos prazeres (bons e ruins) e das virtudes (ora são, ora aparentam ser); deixemos o bem, vamos ao filho do bem; a luz é o terceiro elemento entre a vista e o visto; ele tem mais valor; o sol é o deus capaz de iluminar. A vista tem afinidade com o sol e recebe dele seus fluidos. O sol cumpri a mesma função do bem para o entendimento; com ele percebe e reconhece; sem ele só conjectura. O bem é superior ao conhecimento e a verdade. O sol também atua a geração, o crescimento e a alimentação; do bem vem o ser e a essência. G ri; S há dois gêneros: o visível (V) e o inteligível (I). Analogia da linha: uma linha desigual com o V e o I; no V há: sombras e simulacros (água, espelhos); animais, plantas e artefatos humanos. I: hipóteses olhando para o V com vistas a conclusão; hipóteses, sem imagens com vistas ao absoluto. Como os matemáticos que se servem das imagens mas não raciocinam nelas mas usam o quadrado e a diagonal em si. G: o entendimento dos geômetras está entre a razão e a opinião. 4 seções: razão; entendimento; fé; conjuctura.
Obs: duas comparações para falar do bem: 1ª: o sol: permite ver, distribui fluidos, gera, faz crescer e alimenta; o bem: permite o conhecimento e a verdade; gera o ser a a essência. 2ª: imagens imitam os animais, plantas e objetos humanos; os matemáticos imitam o bem.
República – livro VII
514a-518b. Discurso de Sócrates sobre o filho do bem, o sol (2): Alegoria (ou mito) da caverna. Numa caverna há pessoas presas; há um fogo na entrada que reflete para o fundo da caverna estátuas carregadas por pessoas. A verdade são as sombras. Um deles é liberdade e anda em direção a luz, causando-lhe dor, revoltando-se. Ele vê as sombras, as imagens, os objetos e o sol. Ao voltar para caverna, novamente com a vista turva, seria objeto de riso; já se tentasse libertá-los para subir, poderiam mata-lo. Como a luz é fonte, também o bem é fonte da verdade e inteligência. Depois da contemplação divina, quando se volta para questões humanas, como o tribunal, a vista fica turva.
Obs: o mito da caverno continua a alegoria da linha trazendo os momentos de transição: o 1º gera dor e revolta pessoal; o 2º pode gerar o mesmo, causando a morte daquele que contemplou o divino. A filosofia deve ser levada a todos, caso contrário pode ser extinta.
518c-522e. Discurso de Sócrates sobre o filho do bem, o sol (3): a educação (1). Conhecimento é uma faculdade inata a alma, portanto não pode vir de outro; e educação muda a alma de direção. O conhecimento é divino e pode ser útil ou prejudicial, dai a lei organiza o trabalho coletivo de todos, impedindo que uma classe seja excepcional. As cidades são governadas melhor por aqueles que não desejam essa função, sendo constrangidos a tanto, do que aqueles que desejam (como no caso do 1º discurso no Fedro?). Como, pela educação, levar o filósofo das trevas a luz? Essa é a verdadeira filosofia. A Ginástica se ocupa do transitório, do crescimento e declínio do corpo; G a música complementa pelo ritmo e pelo discurso, conseguindo a regularidade.
Obs: o conhecimento não é externo, mas inato; a lei deve garantir que não haja excepcionalidade, levando o filósofo (e depois a cidade) das trevas a luz. A ginástica e a música agem no transitório, na regularidade.
522e-532b. Discurso de Sócrates sobre o filho do bem, o sol (3): a educação (das trevas à luz) (2): inclusão do Cálculo, Aritmética, Astronomia. As sensações que precisam da inteligência (da investigação) são aquelas despertam nos sentidos algo e seu contrário (uma delas é a unidade e seu contrário); as outras sensações não precisam da inteligência. O guarda é filósofo e guerreiro ao mesmo tempo; ele precisa cultivar a Aritmética e o Cálculo por amor ao conhecimento e não como na guerra e em benefício próprio. A Astronomia, ciência que estuda as estações, é a terceira; porém, antes dela deve-se estudar a ciência que estuda a profundidade dos corpos. Em todas elas devem ser procuradas aquilo que é comum para que exclusivamente com a razão e sem os sentidos chegar a essência das coisas.
Obs: plano dialético para o desenvolvimento das matemáticas: amor; busca do comum; comparação com a razão sem os sentidos.
532e-539d. Discurso de Sócrates sobre o filho do bem, o sol (4): a educação (das trevas à luz) (3): Dialética. G pede para S explicar a dialética. A dialética: rejeita hipóteses em prol do princípio; olha para cima; usar das artes como auxiliares; separar a ideia do bem das demais ideias. Recapitulação da linha: ciência, raciocínio (inteligência busca o ser); fé, conjuctura (opinião visa o devir). Quem recebe esses conhecimentos: os bravos; os de confiança; os que aprendem; possuem boa memória; resistentes; os que trabalham; físico perfeito; mente sã. Como transmiti-los: propedêutica: Aritmética, Geometria; sem imposição as crianças; por meio de brinquedos; levar os jovens em segurança as campanhas militares (gosto pelo sangue). Sequencia: 20 anos: relação entre as ciências pela organização delas; 30 anos: ser avaliado por meio da Dialética. Imagem: não agir como uma criança rica que ao saber que foi adotada deixa de honrar os pais e segue os aduladores; do mesmo modo o dialético não deve apensar contradizer e ser contradito, mas buscar a verdade pelo diálogo.
Obs: a dialética deve ser usada para comparar os conhecimentos, o filósofo, além de ser bravo, de confiança, capaz de aprender, ter memória, ser resistente, trabalhar, ter passado pelos testes da infância, deve usa-la não pela simples refutação, mas com visas a verdade.
539e-541b. Discurso de Sócrates sobre o filho do bem, o sol (5): a educação (da luz à trevas) (4): Dialética. De volta a caverna, ele deve exercer cargos militares por 15 anos. Aos 50 anos, ao se distinguir nos ramos do saber, contemplarão o que dá luz, o bem em si, tornando-se modelo, dedicando a filosofia; quando necessário, devem assumir cargos públicos; será louvado pela cidade. Isso vale para homens e mulheres. Apesar de difícil, essa cidade é possível. Para começar o processo, S propõe que os cidadãos com mais de 10 anos devam ser enviados aos campos e seus filhos serão educados como proposto.
Obs: começar pelo envio de cidadãos para o campo para iniciar os procedimentos com os filhos. Com eles: usar brincadeiras para saber suas capacidades; desenvolve-las ou retirá-las; exercer uma profissão; se distinguir pelo saber; ir em campanha militares; contemplar o que gera a luz; se dedicar a filosofia; assumir cargo público; participar da seleção que o selecionou.
República – livro VIII
543a-550c. Discurso de Sócrates sobre o filho do bem, o sol (6): formas de governo (1): Aristocracia - Timocracia. S recapitula os acordos: mulheres, filhos e a educação em comum na guerra e na paz; só serão reis os que se destaquem nas campanhas militares e na filosofia; a casa dos guerreiros será comum e seu sustento por um ano. Voltam a digressão, discutiam as formas de governo e qual melhor e pior indivíduo; tantas formas de governo quantos os tipos de indivíduo. Formas de governo: governos de Creta e Lacedemônia; oligarquia; democracia e tirania. Há formas intermediárias, como as dinastias hereditárias. S diz que já discutiu sobre a Aristocracia; opor sistema injusto com o justo. Sequência: Aristocracia, Timocracia (ou Timarquia), Oligarquia, Democracia e Tirania. Da Aristocracia vem a Timocracia. A decadência dos regimes políticos ocorre pela discórdia, por meio da incorreta geração: divino (não cumprimento do número perfeito); humana (seguir a determinada equação) (mistura das raças indevidamente). Isso pois as raças de ferro e bronze querem enriquecer com terras, casas, ouro e prata; as de ouro e prata são ricas por natureza, buscam a virtude; depois de entrarem em violência, acordam: se apropriarem da terra; subjugar alguns; os últimos se ocuparem da guerra e da proteção. Timocracia está entre a Aristocracia (guerreiros só lutam) e Oligarquia (buscam a riqueza), possuindo elementos das duas mais a sua própria. Formação: jovem pai não se interessa pelos negócios é criticado pela mulher, gerando dúvida no filho que, por má companhia, se afasta do pai.
Obs: 1ª decadência da Aristocracia é a Timocracia pela incorreta reprodução entre os nobres (buscam a virtude) e os que desejam riquezas gerando filhos confusos (como eros), entre a razão (cérebro) e o desejo desenfreado (estômago), desenvolvem a raiva (Θύμος).
550c-555a. Discurso de Sócrates sobre o filho do bem, o sol (7): formas de governo (2): Timocracia - Oligarquia. Oligarquia: os ricos mandam, os pobres obedecem. Os dirigentes: acumulam para uso próprio; gastam; torcem e não obedecem às leis; o povo imita-os. Só participa do governo quem tem determinados bens; excluindo entre os pobres quem tem conhecimento; assim a cidade deixa de ser una, sendo dupla; os governantes temem a conspiração dos pobres; os mendigos tornam-se ladrões. Filho do timocrata imita seu pai e desafia a cidade, sendo exilado; porém consegue forma para trabalhar, com ambição e cólera; a razão e a coragem trabalham para ele. De avarento passa a ambicioso; não gasta com supérfluo, nem para se instruir, nem por amor a glória, nem para competir.
Obs: 2ª decadência: da Timocracia para Oligarquia; da raiva para a ambição; o homem de negócios se concentra no trabalho e na acumulação, se associa aos memos, impondo que só os ricos administram a cidade.
555a-561d. Discurso de Sócrates sobre o filho do bem, o sol (8): formas de governo (3): Oligarquia - Democracia. Na oligarquia o desejo por bens é insaciável, os governantes não reprimi os jovens dissipadores; temperantes e amantes da riqueza se excluem; deixam acontecer abusos, favorecendo a libertinagem; por dívidas e/ou perda de cidadania perde seus bens, destilando ódio a população. Os pobres são desprezados pelos ricos; o pobre pode perceber, ao lutar ao lado do rico, que ele vale nada. A democracia surge quando os pobres vencem os ricos: matando, exilam e divide o poder da cidade; cargos tirados a sorte (como na Rev. Francesa?/Ver. Russa?). Todos podem falar e fazer o que quiser; há indivíduos de todos matizes, de todas constituições; ninguém é obrigado a tomar parte no governo ou ir a guerra, ou aceitar a paz. O sujeito democrático vem do oligárquico que repreende o gasto desenfreado do filho; porém ao provar dos prazeres fica em conflito consigo mesmo; exilam a vergonha, expulsam a temperança, moderação é sovinice; louvam a desordem, dissipação, magnificência e falta de vergonha. Gasta com supérfluos pois acha que os prazeres são iguais e não que uns devem ser cultivados e outro reprimidos.
Obs: 3ª decadência: da Oligarquia para Democracia; da ambição para libertinagem. Os pobres querem imitar os ricos mas não tem recursos; os ricos não dividem e não protegem a cidade; os pobres tomam dos ricos, mas como se baseiam neles não conseguem distinguir os prazeres e adquirir as virtudes.
561d-569c. Discurso de Sócrates sobre o filho do bem, o sol (9): formas de governo (4): Democracia - Tirania. Como no governo anterior, a passagem se dá pelo desejo insaciável de riqueza e o descaso pelo resto. A liberdade total torna-se anarquia, com os filhos desrespeitando os genitores e professores que, por medo, os adulam. Tanto os escravos como na relação homem e mulher a liberdade não é a mesma. Se revoltam ao serem constrangidos; não seguem as leis. Da liberdade vem a servidão. O legislador deve fazer como o médico impedir que proliferem na cidade ou, no caso de se estabelecerem, arranca-los. Divisão: aqueles que falam e agem em nome de todos; os que de dedicam ao lucro; povo: vivem do trabalho manual e são fortes nas assembleias. Quando os dirigentes roubam dos ricos para dar aos pobres entram em disputa com os oligarcas. Os oligarcas então mata para restituir sua terra; quando não é exilado ou executado pede guarda pessoal. O indivíduo tirano: não se diz tirano; faz promessas; solta presos; distribui terras; provoca guerras, criando a necessidade de chefe; precisa se livrar do que o ajudou a subir fala livremente. A tragédia não é admitida pois defende a tirania e a democracia. O tirano sustenta seus comparsas: tesouros da cidade, impostos ou herança paterna. O tirano maltrata seu pai, o povo.
Obs: 4ª decadência: da Democracia para Tirania; da liberdade irrestrita para a anarquia e servidão; com o poder, o pobre julga que pode fazer o que quiser, sem consequências. Na confusão surge o salvador com seus apoiadores insaciáveis; para mantê-lo precisa da guerra.
República – livro IX
571a-580a. Discurso de Sócrates sobre o filho do bem, o sol (10): o homem tirânico. Antes do tirano, investigar os apetites: há os ilícitos, loucura e imoral; contra isso a temperança das belas máximas. Nos sonhos vemos desejos terríveis selvagens e irrefreáveis. O democrático daquele que modera as qualidades do pai sovina e do contato com os prazeres; o filho desse tem a moderação do pai e o contato com a plena liberdade. O tirano é ébrio, amoroso e louco; vive em festa, dissipando o patrimônio, adquiri dívidas; espolia os pais e outras pessoas. Quando são poucos, convém enviá-los para guerra; quando ficam na cidade fazem pequenas malfeitorias (roubam, escravizam pessoas, deletam); quando muitos e adquirem conhecimento de sua força, geram o tirano. O tirano castiga a cidade como fez com os pais; nem tem amigos: ou tiranizam ou servem; são desleais, injustos, desgraçado como a cidade. São opostos o governo tirânico (pior) e o régio (melhor). Para saber sobre a infelicidade na cidade é preciso: penetrar nela e examinar o conjunto. Do mesmo modo para o indivíduo (fazendo etnografia?). Ouvir com morou com o tirano na mesma casa e saber como trata com familiares e os perigos público. A cidade governada pelo tirano é escrava, não podendo fazer o que quiser; é pobre e insatisfeita; infeliz e desgraçada. Suposição: um tirano com escravos é levado a um deserto: de medo ele adularia e prometeria; ele é levado para um lugar onde as pessoas não aceitam sua pratica: ele seria castigado; vigiado; não poderia sair de casa. Em síntese, o tirano é: invejoso, desleal, injusto, sem amigos, ímpio, viciado, infeliz e gera infelicidade.
Obs: o tirano quer satisfazer sua vontade, pelo amor, embriagues e loucura. Mas a questão, como no Górgias, 466 e 510, é quem o apoia, gerando a guerra e a escravidão. Ele é apoiado pelo ambicioso, pelo interesseiro e pelo democrático libertário, cabendo ao filósofo libertar a todos.
580b-587e. Discurso de Sócrates sobre o filho do bem, o sol (11): transição do tirano ao rei. Transição: homem régio para o timocrático, oligárquico, democrático e tirano. Como a cidade, a alma também é tripartite com um prazer específico para cada: aprende; encoleriza-se; apetitiva: ao lucro e a fama. Daí o filósofo, o ambicioso e o interesseiro. O filósofo opina e compara os outros dois (saindo de si) para buscar o mais agradável e sem sofrimentos. O julgamento se dá pela experiencia, sabedoria e raciocínio. Assim o filósofo será o primeiro, o guerreiro o segundo e o ambicioso em terceiro, mais próximo do interesseiro. Há momentos em que não sentimos dor nem prazer, é o repouso da alma. Isso é buscado por quem tem dor aguda. Mas o estado intermediário pode ser prazer e sofrimento ao mesmo tempo; eles constituem uma espécie de movimento; o estado de repouso não existe. Todos os desejos querem cessar alguma dor; do mesmo modo a expectativa. Confusão com os estados intermediários, como se fossem a plenitude do prazer. Há sensações de vazio: do corpo (fome, sede); e da alma (ignorância, insensatez). Eles se enchem com alimento e sabedoria; até a plenitude da realidade; o gênero que mais participa da existência pura é o alimento para alma, pois é igual a si mesmo; o do corpo participa em menor proporção, nunca atingindo o alto, apenas o meio; os que se saciam com este último vivem como gado, batem-se buscando vantagens para si; conhecem só o prazer mesclado ao sofrimento, como os que lutaram em Troia pelo fantasma de Helena. Do mesmo modo ocorre com a parte irascível que só busca a glória, a violência, sem razão. Só o elemento filosófico da alma consegue que ajustar as outras partes em prol dos prazeres mais puros. O tirano está a três pontos do oligárquico; nove pontos do prazer do rei; 279 vezes da felicidade do rei.
Obs: Cálculo: cada alma tem três partes e cada parte tem um prazer, o prazer da parte apetitiva do tirano precisa: (3²)³ = 279. Esses são as etapas que o rei deve conhecer.
588b-592b. Discurso de Sócrates sobre o filho do bem, o sol (12): recapitulação (com acréscimos). A injustiça serve ao celerado se ele passar por justo. Imaginar: monstro de várias cabeças; leão e o homem; eles formam uma unidade, o homem. Dizer que é útil a ele ser injusto significa fortalecer os dois primeiros e debilitar o terceiro; contra isso é preciso habituá-los a viver juntos. A justiça ocorre onde o homem, aliando-se ao leão, cuida para que as partes selvagens do primeiro não se desenvolva. Na vida honesta prevalece a parte divina da alma; a torpe a parte bestial. Males: intemperança vem do excesso de liberdade ao mostro; a arrogância e o irritadiço vem da força do leão; o luxo e a moleza envenenam a alma; a bajulação e subserviência vem do mostro. As artes manuais são baixas por não dominam os animais interiores. É de vantagem para ambos serem comandados pela parte divina e racional: seja pela sua absorção, seja pela amizade. Os jovens livres só o serão com fixarem a constituição da cidade; as riquezas precisam ser adquiridas com ordem e harmonia; as horarias só aquelas que a tornarem melhor. Ele severa cuidar de outra cidade. Esse modelo só existe no pensamento ou no céu.
Obs: recapitulação com acréscimo de elementos: nova divisão com mostro, leão e o homem. Pelo uso adequado o guardião poderá entrar em contato com riquezas e honrarias. A alma é divina ela pode alterar a alma animal.
República – livro X
595a-608b. Discurso de Sócrates sobre o filho do bem, o sol (13): a imitação está três graus da verdade. Os poetas devem imitar o conhecimento. Homero primeiro mestre e guia. Método: buscar a unidade. Deus fabrica tudo; o pintor, como o espelho, produz a aparência. Três formas do leito: leito essencial feito por deus; feito pelo carpinteiro; pelo pintor. O pintor está a três pontos afastado do primordial e imita o segundo, enganando os simples. Homero: não é médico nem tem discípulo médico; nem ganhou guerra ou administrou bem a cidade ou educou; ou inventou algo útil; apenas transmitiu a norma homérica. Como Homero, Protágoras, Pródigo e Hesíodo as pessoas deixam que vagueiam. O fabricante possui opinião verdadeira; o usuário a ciência; o imitador, nenhum dos anteriores, só brinca, como os poetas. O objeto pode confundir a percepção, ilude-a; contra isso a arte medida, trabalho da parte raciocinante da alma; a outra parte é companheira das artes imitativas. A parte irascível da alma lembra a desgraça. A poesia estraga pessoas honestas, por meio do amor, da cólera e das paixões da alma. Homero foi educador da Hélede: só se deve admitir hinos aos honestos, pois com as musas açucaradas o prazer e a dor governarão e não a lei e a razão. É longa a briga entre poesia e filosofia; a cadela late contra seu dono; os poetas precisam convencer que a poesia é útil; se não convencer ela será banida, pois não se pode deixar as pessoas serem arrastadas pela gloria e riqueza, menosprezando a justiça.
Obs: a filosofia, a cadela, late contra sua dona, a poesia, para que ela use seu poder, a capacidade de gerar emoções e ações, para o bem da cidade olhando não para cidade real, mas para aquilo que a gera e a mantem.
608c-621c. Discurso de Sócrates sobre o filho do bem, o sol (14): a alma imortal. Da infância a velhice x eternidade. A alma não perece. Mal é o que se destrói x bom é o que se conserva. A injustiça deixa a alma má, mas não a destrói. O estranho (externo) não destrói a alma e o corpo; exceto quando se junta a eles; se a alma não é destruída pelo externo nem pelo interno ela é imortal; assim elas, a almas, mantem-se numericamente. Contemplar a alma sem sua união com o corpo a partir de sua natureza filosófica, divina e imortal. Deixar de lado a recompensa e a reputação de Hesíodo e Homero. Os deuses preservam os justos e o contrário os injustos. Os justos na maturidade alcançam seus objetivos, administram a cidade e casam seus filhos; os injustos são descobertos e desacatados.
História de Er: morreu em combate; no décimo dia recolheram seu corpo em perfeito estado para ser sepultado em 2 dias; porém, sobre a pira, reviveu o disse o que viu. Saiu do corpo e com outras almas foi para duas fendas na terra e duas no céu; lá os juízes mandavam subir os justos e descer os injustos; a Er os juízes mandaram contar os homens o que estava vendo. Os injustos eram castigados; os justos eram recompensados. As fendas não deixavam os injustos subir. As almas ficaram ali 7 dias, no oitavo e depois de 4 dias de caminhada encontraram algo parecido com arco-íris. Mais um dia de caminhada e viram a extremidade da terra ligada ao céu; viram também os círculos do universo e sua movimentação. As almas se apresentam a Láquese (uma moira). Um profeta diz a almas que elas devem escolher o demônio e o tipo de vida. S diz a G que esse é o momento decisivo onde é preciso escolher uma vida mediana e fugir dos excessos. Er diz que cada um escolhia a partir da experiência passada: os injustos tornaram-se animais selvagens; os justos animais mansos. De tarde no Rio Amales tomavam água e esqueciam de tudo; depois da meia noite houve um tremor e a terra abriu-se a foram as almas para todas as direções. De súbito ele acordou na pira. S a G: salvou-se o conto e nós se o seguimos; aceite que a alma é imortal; praticando a justiça e a virtude tornamos amigos de nós mesmos e dos deuses.
Síntese do Timeu
17a-20c. Introdução e recapitulação da República. Tipo de Estado e de homem. Div. das classes: os artesões e os guardiões da cidade; a ocupação deve ser adequada e a formação com música e ginástica. 18b. os guardiões não devem possuir bens; as mulheres, como tem as mesmas funções dos homens, devem ter a mesma educação; casamentos e filhos em comum. S quer saber como ocorre a guerra e os tratados. Timeu é de Lócride, melhor cidade da Itália.
20d. Hermócrates pede para Crítias contar para S sobre uma antiga tradição.
20e. Crítias diz que ouviu a história de Crítias, seu avô que ouviu do seu pai Dropidas que ouviu de Sólon, “o mais sábio de entre os Sete Sábios”. Ela foi esquecida pela destruição da humanidade e deve ser lembrada como forma de louvar a Atena, patrona da cidade. 21ab. Crítias (avó) tinha 90 anos e Crítias (neto) tinha 10 na festa das Apatúrias.
21e. Sólon, para ouvir as histórias dos sacerdotes, diz que Foremeu foi o 1º homem e Níobe, Deucalião e Pirra sobreviveram ao dilúvio.
22b-25d. Fala de um sacerdote egípcio: os gregos são crianças; a humanidade passou e passará por muitas destruições, seja por fogo, dos que vivem nas montanhas, seja por água, dos que vivem perto dos rios, ou outras. Eles, os sacerdotes, guardam este saber nos templos e só sabem disso os letrados que cultivam as Musas. Antes da destruição, a cidade de Atenas era a mais guerreira e mais bem governada. Os atenienses vêm da semente de Hefesto (gerado na terra pois Atenas escapou do estupro). Cada classe - sacerdotes, artesões, pastores, caçadores, agricultores, guerreiros – não se misturam e se dedicam, cada um, a sua função. Esta cidade conteve uma invasão de outro povo, impedindo a escravidão, deu a liberdade a todos. Depois veio o dilúvio e a cidade foi engolida pela terra.
25e-27b. Crítias (o neto) fala da semelhança entre a fala do sacerdote egípcio, relatada a Solon e contada a seu avô, e a fala de S na República. Esses homens que S descreve são nossos antepassados. Timeu, astrônomo e conhecedor da natureza do mundo, deve falar sobre a origem do mundo e a natureza do homem. Ele falará de como os homens recebem o discurso e S sobre a educação.
27c-29b. Timeu aceita indicação de S de invocar um Deus e explica o motivo: concordância com o divino; aprendizado. Distinção entre o que sempre é (imutável, eterno, aprendido pela razão, modelo) e o que devém (nunca é; aprendido pelos sentidos; possui causa). O discurso do primeiro deve ser irrefutável.
29c-35c. Timeu. O demiurgo é bom, livre de inveja (claro, não há outro ser, ou há?), fez o mundo em ordem e semelhante a si. O corpo do mundo é feito de fogo, terra e de dois elementos intermediário a eles: a água e o ar. Sendo perfeito, completo, imune a doença e envelhecimento, esférico e gira em torno de si. A alma é feita de ser, o mesmo e o outro na proporção: 1º tira uma parte; 2º 2x o 1º; 3ª 1,5 o 2º (ou 3x o 1º); 4º tira 2x o 2º; 5º 2x o 3º; 6º 8x o 1º; 7º 27x p 1º; depois ele preencheu os intervalos.
36b-37b. Timeu. Cortou ao meio; sobrepôs os círculos pelo centro; fez o outro o interior e girando para esquerda; fez o mesmo, o exterior, girando para direita. O círculo interno é divido em 6. A alma do céu, quando em contato com algo, informa, pela semelhança ou diferença, o que a coisa é.
37c-39e. Timeu. Junto com o céu o pai (demiurgo) criou o tempo. O é não torna-se mais velho ou mais novo. Depois foram gerados o sol, a lua e os planetas, todos girando os círculos (refutado por Kepler? Se a elipse é um tipo de círculo). A orbita do outro atravessa a orbita do mesmo que a domina. Os astros deslocam-se em círculos distintos proporcional ao tempo, como a lua em um mês e o sol em um ano; todos voltam no início, pois são eternos.
40a-e. o demiurgo fez o mundo a partir de suas formas, 4: a celeste (ar?); alada e terrestre; aquática; e a que caminha pela terra. Assim há os seres divinos, imutáveis, e os errantes, os que mudam de direção constantemente. Quanto aos deuses devemos falar como os outros (Lopes diz que a genealogia é diferente da de Hesíodo). Geia+Urano=Oceano e Tétis=Fócis, Cronos e Reia; Cronos e Reia=Zeus e Hera.
41a-e. o demiurgo diz: os deuses gerados por mim não são dissolvidos; vocês devem gerar os mortais com uma parte imortal (a alma) e uma mortal (corpo); recebendo de volta a parte imortal.
41d-44b. Demiurgo pega as almas e mostra a natureza do universo, mostrando as leis: a primeira geração é igual; os seres devem venerar os deuses; a natureza humana é dupla. As almas tem impressões e desejos, se as dominar vive bem, se não reencarna com sofrimento, primeiro como mulher, depois como animal. Nas almas tem fogo, terra, água e ar nas cavidades; eles geram fluxos, são as sensações que quando não governadas geram confusões e inversões do mesmo e do outro.
45b-47c. Timeu descreve as partes do corpo. Os olhos é uma espécie de fogo que porta a luz; irmão do outro fogo, se conecta a ele de dia, permitindo que vejamos. Quando o fogo se afasta (o sol se põe) e chega à noite, chega o ar, que por diferir dos olhos, deixamos de ver, vem o sono (vontade de fechar os olhos), o sossego. Porém quando acontece de restar movimentos fortes, produz-se simulacros, os sonhos, semelhantes a visão diurna; agora o fogo interior e o fogo exterior estão em oposição e, como ambos são lisos, geram imagens duplicadas e contrárias, ou mesmo, pela mudança de direção da luz. Todas essas causas são acessórias, e por amarem a intelecção persegue a alma, a causa primária. A visão dos astros, do sol e do céu originou a matemática (o dia, os meses, etc) que precisamos usa-las de modelo para estabilizar nossa errância. Com a voz e a audição é o mesmo, como as orbitas da alma humana é desprovida de harmonia, as Musas, pela música, concedem ordem e concordância.
48a-55c. O mundo foi gerado pela Necessidade e a Interlecção, com a segunda orientando a primeira. Rever as naturezas do fogo, do ar, da água e da terra. Invoca o deus. Terceiro elemento entre o inteligível e o devir. A agua vira terra e ar; o ar vira fogo e agua. Eles não são algo (permanente), mas estão assim em determinada circunstância (esse é o terceiro). Três gêneros: “aquilo que devém, aquilo em que algo devém e aquilo à semelhança do qual se cria o que devém”. A intelecção, justificação verdadeira, é dos deuses; opinião verdadeira, sem justificação, é dos homens. O terceiro, o lugar (χώρα), é sempre, apesar de se parecer com aquilo que recebe (neste caso, quem imita as coisas é uma parte do inteligível). Quando não equilibrada balança com os quatro elementos; antes da criação não haviam as formas, a proporção e a medida; deus compôs primeiro o lugar. Os quatro elementos são corpos, por isso tem profundidade e superfície que são formados por triângulos: a terra por isósceles; os outros triângulos desiguais. Fogo (1º) é formado por equiláteros; o ar (2º) seis; a água (3º) forma-se de 29 triângulos elementares e doze ângulos sólidos; a terra (4º) 4 isósceles. Uma 5ª deus usou para pintar os animais do universo.
55c-61b. Dificuldade: há infinitos mundos ou em número limitado? A terra é cúbica e estável e gerou o fogo; o ar o 2º; a água 3º, estes, envolvidos pelo fogo dá a impressão de mudarem de lugar (χώρα). O movido tem um movente e não é uniforme; o repouso é uniforme. A órbita do universo é circular não permitindo (indo preencher?) o vazio. Tipos: de fogo: a chama e sua emissão; do ar: éter e a turvo; da água: líquido, o que se liquefaz, vira partícula (ouro, granizo, gelo, neve), das plantas pelo fogo: vinho, óleo, mel, fermento; terra: filtrada pela água vira pedra, salitre e sal, vidro, pedras fundíveis, sem água barro.
61c-6. Causas da impressão. Considerar a carne (corpo) e a parte mortal da alma.
61c-62b. Causas da impressão. Considerar a carne (corpo) e a parte mortal da alma devido as sensações. O fogo é quente; provoca coisas agudas devido: a fineza de suas arestas; a pequenez de seus ângulos; a rapidez dos seus movimentos (61de). Os líquidos dentro do corpo provam o contrário do fogo, junta as partículas, gerando: tremor e arrepio (frio) (62ab).
62de. Sendo o céu esférico, o extremo é oposto ao centro.
63a. considerar o trajeto que leva o pesado para baixo e o leve para cima.
64cd. A impressão violente e súbita gera a dor, “mas, pelo contrário, o regresso ao estado natural de forma súbita é aprazível; já uma impressão moderada e faseada não é sentida” (64d). Há aquelas impressões, as geradas com facilidade, não geram nem dor nem prazer, como a visão.
65c-66b. A língua testa para que os sucos (a água das plantas) cheguem, pelos vasos sanguíneos, ao coração. As rugosas apresentam-se como amargas, as menos rugosas como azedas; as de justa medida salgada, as além picantes; as que queimam são acres (acidas e azedas); as de mesma natureza da língua são doces.
66de. os cheiros são gerados daquilo que se liquefaz, apodrece, se dissolve ou apodrece. É o estado intermediário entre a água e o ar.
67ab. Audição: o som é uma pancada no ar, transmitida nos ouvidos, passando pelo sangue até o cérebro e o fígado. O rápido é agudo, o lento é grave; o constante é uniforme e suave, o contrário é áspero; o possante é amplo, o contrário breve.
67c-68b. as cores é a chama que emana dos corpos de mesma dimensão do raio de visão. As do mesmo tamanho do raio de visão são transparentes, as maiores são acres; o branco dilata o raio de visão, o preto o contrário. O encontro do fogo gera o brilhante; o fogo com a água o encarnado. O encarnado com o brilhante e branco gera o amarelo; o encarnado com o preto e branco a púrpura; o amarelo com o cinzento (branco e preto) o fulvo; o branco com amarelo dá ocre; o branco com brilhante e preto gera o azul-escuro, este último com o branco gera o azul-claro; o fulvo com o preto dá verde.
68e-69a. as causas ou é necessária ou divina. A primeira é pressuposta para a divina que visa a vida feliz.
69b.74d Timeu volta ao que foi dito: deus criou tudo de modo que pela medida cada um fosse proporcional a si mesmo e em relação aos outros, pois o universo é um ser vivo único. O demiurgo gerou os seres divinos e incumbiu eles para gerarem os mortais, dando-lhes o princípio imortal da alma. Os seres divinos geraram o corpo e a alma mortal, esta última contem o prazer, as dores, a audácia, o temor, a paixão e a esperança; estas paixões com a sensação irracional e o desejo amoroso são submetidas a Necessidade. Nos seres, a parte divina da alma foi colocada na cabeça e a mortal no peito, com o pescoço como intermediário; a parte de cima da mortal participa da coragem, a de baixo dos desejos, são separadas pelo diafragma; a batida do coração, fonte de sangue para os membros, diante os perigos e das paixões é causado pelo fogo e amortecida pelo ar dos pulmões. Entre o diafragma e o umbigo fica a parte da alma que deseja comida e bebida, longe da razão, ela é influenciada por simulacros; nela atua o fígado que quando corrige tudo provoca um sono tranquilo, permitindo a divinação durante o sono e a ligação com a verdade do passado, presente ou futuro, como nos casos de doenças e delírios. O fígado fornece os sinais vitais, o baço, seu vizinho, o mantem limpo. Os intestinos permitem a digestão lenta e moderada da bebida e comida. O encéfalo recebe a semente divina em forma de círculo; o osso é feito de terra e medula com o fogo e a água se alternando, assim, com as propriedades do Outro proporcionam movimento e flexibilidade. A carne, feita de água, fogo, terra, ácido e sal, protege os ossos do frio e das quedas. Os tendões são feitos de osso e carne; os ossos com mais alma têm menos carne e vice-versa.
75b-80a. a vida mais curta é melhor e a mais longo mais trivial. Dos dentes, língua e lábios são os pensamentos para o exterior. A pele reveste a carne; elas são furadas para sair secreção e cabelo para regular a temperatura; as unhas são feitas de tendão, pele e osso. A alma das plantas é como a terceira alma que fica entre o diafragma e o umbigo, ela não raciocina, mas sente prazer e dor; ela é passiva e gira em torno de si. Entre a pele e a carne há dois vasos sanguíneos. Os corpos pequenos são impermeáveis aos grandes; o fogo atravessa os outros elementos (a.t.a); isso acontece no abdômen com a saída do ar quente e entrada do ar frio, é a inspiração e expiração. Isso ocorre com as ventosas medicinais, com a deglutição e com os projéteis.
80b-. o deus ajustou os sons lentos e rápidos e misturou o agudo ao grave e o mesmo os fluxos de água, a queda de raios, as maravilhas da atracção do âmbar e da pedra de Héracles” (80bc). A atração não ocorre no vazio, mas se alterna.
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