sexta-feira, 15 de março de 2024

Filosofia.Afonso.Pena-4semana

EE Afonso Pena Prof. de filosofia Robson. Sobre as leis 10.639/2003 e a 11.645/2008. Há 5 tipos de discursos sobre a diáspora africana e povos indígenas: 1. Viajantes; 2. Missionários; 3. Agentes do império; 4. Antropólogos (semelhante ao anterior); 5. Dos próprios povos.
Eduardo Viveiros de Castro, O mármore e a murta (2002). 126. Sermão do Espírito Santo (1657 de Antonio Vieira compara os indígenas (em especial os Tupinambá da costa) a murta, planta decorativa, pois eles são maleáveis, e os europeus ao mármore que, apesar de sólida (ou mesmo por isso) gera estátuas que duram no tempo. 127. Devido a essa inconstância dos indígenas, justificou-se a importação de mão-de-obra africana. 128. Vieira reclama os impedimentos da conversão dos indígenas: tem muitas mulheres, bebem vinhos e fazem guerra. Estratégia catequética: reunião, fixação, sujeição, educação. Castro EV de. Os pronomes cosmológicos e o perspectivismo ameríndio. 117. “Tipicamente, os humanos, em condições normais, vêem os humanos como humanos, os animais como animais e os espíritos (se os vêem) como espíritos; já os animais (predadores) e os espíritos vêem os humanos como animais (de presa), ao passo que os animais (de presa) vêem os humanos como espíritos ou como animais (predadores).”
No livro História dos índios no Brasil, de 1992, p.15, na introdução, Manuela apresenta a partir do texto do viajante francês Abbeville (1614) a fala de um velho tupinambá: “vi a chegada dos peró em Pernambuco e Potiú; e começaram eles como vós, franceses, fazeis agora. De ínício, os peró não faziam senão traficar sem pretenderem fixar residência [...] mas tarde, disseram que nos devíamos acostumar a eles e que precisavam construir fortalezas, para se defenderem, e cidades, para morarem conosco [...] mais tarde afirmaram que nem eles nem os paí podiam vivem sem escravos para os servirem e por eles trabalharem [...]”. Gersem Baniwa, no seu doutorado (2011), defende que são as populações indígenas, e não o Estado, precisam organizar a transmissão dos conhecimentos de suas comunidades às futuras gerações. Jerá Guarani disse que sua comunidade levou 6 anos para ‘tornar-se selvagem’, e propõem que façamos o mesmo. Outras referências indígenas: Ailton Krenak; Davi Kopenawa; Rádio Yandê
Silva (org.), Bantu no Br, 2023. 21-28. Carta do Povo Bantu: “terra não é objeto de negócio”; “Ntu — Sou porque somos!”. cap.2. Mello e Souza. 37. as informações da escravidão vêm de documentos administrativos; relatos de viajantes; atas de irmandades pretas. 37; presença banto: batuques, os jongos, os lundus, o samba, os calundus, macumbas e umbandas, a capoeira. cap.3. Kabengele Munanga (USP). 43. parte da documentação da escravidão foi destruída. 45-47. os bantu criaram o quilombo, fugindo para áreas de difícil acesso; inspiração foi o quilombo africano era o ritual de amadurecimento para a guerra. O quilombo dos Palmares em Alagoas (1597-1692).
A “Dança de negros” de Zacharias Wagener (1634- 1641). “a divindade suprema, os arquipatriarcas, os espíritos da natureza, os ancestrais e os antepassados. No segundo grupo, estão situados os reis, os chefes de reino, tribo, clã ou família, os especialistas da magia, os anciãos, a comunidade, o ser humano, os animais, os vegetais, os minerais, os fenômenos naturais e os astros” (p.225-226). Maior arquivo sobre a escravidão: Transatlantic Slave Trade Database (www.slavevoyages.org)
Almeida (2019) diz que há racismo estrutural; já Moniz Sodré diz que o racismo é a imagem que ficou do tempo da escravidão. Sra. Aldacir diz que eles (os quilombos) não podem fazer nada, ou seja, eles continuam escravos (Botão, 2019, p.52). Sobre as religiões de matriz africana ver Reginaldo Prandi. Outros autores: Baba King; Sidnei Nogueira; Marcio de Jagun; Muniz Sodré. Sobre samba ver textos no academia.edu. Outras referências: Gabi Guedes; instituto Tambor do mestre Caçapava. Nancy Frazer (2001) sintetiza as reivindicações da diáspora africano nos EUA a partir da redistribuição e do reconhecimento, ou seja, a cidadania plena. Bruno Latour, certa vez (Danowski e Castro, 2013), disse certa vez que “estaríamos numa ‘guerra’ entre os humanos e os terráqueos. Os primeiros seriam os europeus modernos e todas as suas parafernálias (computador, telefone, cães de guarda, transgênicos etc.), o segundo seriam as populações tradicionais, as populações indígenas, os quilombolas (na sua maioria descendentes de africanos), os agricultores tradicionais, os ribeirinhos, entre outros” (Gabioneta, 2019). Sintetizando as duas reinvindicações (lembrando que não podemos de antemão dizer o que cada comunidade quer): temos que lutar por um Estado mais democrático, que nos permita participação efetiva ao mesmo tempo precisamos garantir a nossa sobrevivência sem a interferência do Estado, ou melhor, temos que lutar para que o Estado não nos impeça que as comunidades vivam da sua relação com a terra. (ex. privatização do setor elétrico)
Questões de múltipla: a) com suas palavras escreva a pergunta da questão / b) escreva o significado da principal palavra da pergunta /c) escreva o que o enunciado diz dessa pergunta
1. (Unicamp2019) O texto a seguir foi retirado de um cartaz da campanha promovida pela FUNAI, em 2017, para combater o preconceito contra os povos indígenas. Leia-o e responda à pergunta: “Não há desenvolvimento que se perpetue sem meio ambiente preservado. Os saberes ecológicos indígenas, desenvolvidos geração a geração, são tecnologias essenciais para a proteção das matas, dos animais silvestres, dos mananciais de água, do solo e do subsolo. O índio não atrapalha o desenvolvimento. Como guardião da biodiversidade, gera condições para que ele aconteça. A um só tempo, o índio torna possível a preservação e o desenvolvimento.” Qual das ideias preconceituosas abaixo o texto procura combater?
a) “Eu queria ser índio também... ele é visto como ‘coitadinho’ e ainda tem terra de graça!”. b) “Não tem mais índios de verdade, essa é a grande questão... esses que estão aí são todos falsos!” c) “O Brasil precisa progredir... e os índios são um obstáculo ao desenvolvimento do país!” d) “Nada contra os índios, mas eles são muito preguiçosos, não gostam de trabalhar!”
2. (Unicamp2019) (1) Invasão de propriedade: Projetos de lei que tramitam no Congresso pretendem endurecer as regras contra as invasões de propriedades rurais no Brasil. Pelas propostas, as invasões vão ser classificadas como terrorismo, com pena de até 30 anos de prisão e uso imediato da força policial.
(2) 


Considerando o que se afirma no texto (1), as perguntas feitas pela menina indígena no texto (2) revelam
a) a sua surpresa com o fato de que o Congresso brasileiro vai, finalmente, se preocupar com as terras indígenas. b) a contradição demonstrada pelo Estado brasileiro no que se refere à questão da ocupação de terras. c) o interesse dos políticos brasileiros em zelar pelo direito de todos os cidadãos do país à propriedade. d) a sua esperança de que também os invasores de terras indígenas venham a ser considerados terroristas.
3. (Enem 2012) Próximo da Igreja dedicada a São Gonçalo nos deparamos com uma impressionante multidão que dançava ao som de suas violas. Tão logo viram o Vice-Rei, cercaram-no e o obrigaram a dançar e pular, exercício violento e pouco apropriado tanto para sua idade quanto posição. Tivemos nós mesmos que entrar na dança, por bem ou por mal, e não deixou de ser interessante ver numa igreja padres, mulheres, frades, cavalheiros e escravos a dançar e pular misturados, e a gritar a plenos pulmões “Viva São Gonçalo do Amarante”. (TINHORÃO. As festas no Brasil Colonial. 2000). O viajante francês, ao descrever suas impressões sobre uma festa ocorrida em Salvador, em 1717, demonstra dificuldade em entendê-la, porque, como outras manifestações religiosas do período colonial, ela
a) seguia os preceitos advindos da hierarquia católica romana. b) demarcava a submissão do povo à autoridade constituída. c) definia o pertencimento dos padres às camadas populares. d) afirmava um sentido comunitário de partilha da devoção. e) harmonizava as relações sociais entre escravos e senhores
(Unicamp, 2024) “Dos pretos é tão própria e natural a união que a todos os que têm a mesma cor, chamam parentes; a todos os que servem na mesma casa, chamam parceiros; e a todos os que se embarcam no mesmo navio, chamam malungos.” (VIEIRA, 1688.) Sobre as comunidades de malungos no período da escravidão, é correto afirmar, de acordo com o texto, que são formadas a) nos laços entre africanos de múltiplas etnias, os quais haviam atravessado juntos o Atlântico. b) no encontro dos africanos nas senzalas, no exercício de ofícios e no trabalho da lavoura. c) no Novo Mundo por pessoas de uma mesma etnia que se reconheciam como iguais. d) nos quilombos rurais e urbanos, formados por escravizados fugidos de muitas etnias.
(Unicamp, 2023) “[O STF] tem que votar contra. Estão desrespeitando o que está escrito na Constituição Federal. Não é hora do marco temporal sair como cobra grande para acabar com a gente. Os garimpeiros estão doidos para o Congresso Nacional aprovar essa lei do marco temporal, para eles continuarem a garimpar e botar máquina em terra indígena. [...] [O] marco temporal significa continuar a roubar a terra”. Considerando seus conhecimentos e as informações apresentadas, assinale a alternativa correta.
a) O marco temporal é uma tese jurídica pela qual os povos indígenas têm direito à demarcação das terras que ocupam desde 22 de abril de 1500. b) O marco temporal é, nas palavras de Davi Kopenawa, uma cobra grande, porque vai permitir que os povos indígenas sejam donos de suas terras tradicionais. c) Segundo a tese jurídica do marco temporal, a demarcação de terras indígenas não está vinculada ao tempo de ocupação da terra pelo povo que a está reivindicando. d) O marco temporal é uma tese jurídica pela qual os povos indígenas têm direito apenas às terras que ocupavam ou já disputavam em 5 de outubro de 1988.

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