segunda-feira, 6 de agosto de 2018

Conversa com profissionais


Conversa com profissionais com vistas a discussão sobre a função social de cada um deles e sobre como nossa vida é regulada por esses saberes
Em dupla ou trio,[1] escolha pessoas que se julgam sabedoras de algo ou são reputadas como alguém que sabe algo, de preferencia, inicialmente, sugerimos que eles escolham alguém que possui um saber fazer, um saber prático (como cozinhar, costurar, construir casas, limpar casas, fazer instalações elétricas, fazer peças, arrumar carros, organizar uma escola, organizar o transito, organizar uma cidade, etc).[2] Conversem livremente e, se for o caso, gravem ou anotem a conversa. Algumas perguntas podem ajudar, como por exemplo: como você adquiriu este saber? Para adquirirmos este saber o que precisamos fazer? Qual a função social que este saber lhe proporciona? Você aprendeu espontaneamente este saber ou foi por causa do lugar onde você vive? Como ‘a vida’ te levou a aprender este saber?[3]
Para ajudar na produção de textos e na organização das informações, sugerimos que os alunos montem o seguinte quadro:
Profissão
Saber?
Como adquiriu?
Qual a função social deste profissional?
Que perguntas conceituais podemos fazer a ele?
Médico
Medicina
Estudando e o praticando junto com outros médicos
Cuidar das pessoas doentes e ajudar no estabelecimento da saúde.
O que é saúde? O que é doença?
Cozinheiro
Cozinhar
Escutando e cozinhando junto com os mais velhos
Alimentar as pessoas, dando-lhes saúde.
O que é saúde? Como mantê-la? O que é uma boa alimentação?

Os exemplos são para ajudar no desenvolvimento da atividade e não para limitá-la. Assim, outras questões podem surgir, como por exemplo: como treinar os órgãos sensoriais para exercer bem esta profissão? Quais são as exigências intelectuais para o trabalho deste profissional? E os sentimentos, como eles atuam na profissão? Que políticas públicas você propõe para as pessoas viverem bem? E assim por diante...
Com a tabela em mãos (ou na cabeça) construa um diálogo entre dois ou três profissionais. A conversa pode ser livre ou seguir as seguintes sugestões:
1.      Um profissional tenta convencer o outro acerca do seu papel social, sem reconhecer o papel do outro;
2.      Um tenta convencer o outro de que o valor do seu trabalho é maior que o do outro;
3.      Um apresenta para o outro seus motivos para a necessidade de entrar em greve.
Com essa atividade, construir um diálogo entre os profissionais, pretendemos iniciar a discussão conceitual a partir do contexto em que o aluno vive. Assim, conceitos como saúde, doença, boa alimentação, bem viver, justiça, ética profissional,[4] podem ser inseridos no universo escolar. Além disso, podemos trabalhar a noção de ‘persona social’ ou papel social como preferem os sociólogos.[5] Com essa categoria os alunos podem investigar como um indivíduo é obrigado em determinados contextos a incorporar um personagem social, mesmo que isso gera contradição no seu modo de ver o mundo. Assim, por exemplo, uma pessoa que critica a forma que a lei é construída se for funcionaria pública, como um diretor escolar, precisa necessariamente cumprir a lei independente da sua opinião enquanto indivíduo. Do mesmo modo um músico quando contratado por uma grande empresa não pode fazer músicas que critiquem a empresa que trabalha.


[1] Nos diálogos de Platão a investigação é sempre feita conjuntamente. Os números são variados, em alguns diálogos a investigação é feita em dupla, como no Fedro; outras vezes é em trio, como no Menon; outras vez são quatro personagens que conversam, como no Teeteto e Sofista; outras vezes muitos estão investigando o mesmo tema, como no Banquete e no Protágoras.
[2] Pensamos ser importante começar pelo saber prático, pois o saber teórico é trabalhado nas escolas desde os primeiros anos. Assim, a construção da linguagem no fazer prático pode ajuda-lo a entrar na teoria propriamente dita, isto é, no conhecimento científico. Quando fizemos a atividade em Campinas e Paulínia, respectivamente, na E.E. Anibal de Freitas e E.E. Núcleo Habitacional José Paulino Nogueira, os alunos, na sua maioria escolheram fazer com seus familiares mais próximos e/ou seus parentes. Achamos que de fato devem começar com eles, porém não precisam fazer apenas com eles. Um modo de eles fazerem com outras pessoas é sugerir que ‘troquem’ de parentes, um faz com os parentes dos outros.
[3] Agradeço Hellen Fonseca, coordenadora da E.E. Núcleo Habitacional José Paulino Nogueira, lugar onde atuo como professor de Sociologia, que, ao ouvir a proposta, sugeriu as duas últimas perguntas.
[4] Sobre ética profissional pode-se feito do seguinte modo: casa profissional tem alguns benefícios e se relaciona com o mundo de determinadas formas. Assim quatro aspectos podem ser levantados para um possível código de ética (ou juramento): 1. Consigo próprio: quais os benefícios que este profissional oferece para si próprio e para sua família ao exercer sua profissão?; 2. Com os outros: com quais profissionais ele atua? Como eles se relacionam?; 3. Sociedade: qual o sua função social? 4. Divindade: como é a relação deste profissional com a (s) divindade (s)?. Para uma descrição maior ver: http://umaconversasobrefilosofia.blogspot.com/2016/05/2-ano-1-de-junho.html, consultado em 19/07/2018.
[5] Preferimos o primeiro para iniciarmos a discussão sobre representação.


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