Conversa com profissionais com vistas a discussão sobre a função social de cada um deles e sobre como nossa vida é regulada por esses saberes
Em dupla ou trio,[1]
escolha pessoas que se julgam sabedoras de algo ou são reputadas como alguém
que sabe algo, de preferencia, inicialmente, sugerimos que eles escolham alguém
que possui um saber fazer, um saber prático (como cozinhar, costurar, construir
casas, limpar casas, fazer instalações elétricas, fazer peças, arrumar carros,
organizar uma escola, organizar o transito, organizar uma cidade, etc).[2] Conversem livremente e, se for o caso, gravem ou anotem a
conversa. Algumas perguntas podem ajudar, como por exemplo: como você adquiriu
este saber? Para adquirirmos este saber o que precisamos fazer? Qual a função
social que este saber lhe proporciona? Você aprendeu espontaneamente este saber
ou foi por causa do lugar onde você vive? Como ‘a vida’ te levou a aprender
este saber?[3]
Para ajudar na produção de textos e na
organização das informações, sugerimos que os alunos montem o seguinte quadro:
Profissão
|
Saber?
|
Como adquiriu?
|
Qual a função social deste
profissional?
|
Que perguntas conceituais podemos
fazer a ele?
|
Médico
|
Medicina
|
Estudando e o praticando junto com
outros médicos
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Cuidar das pessoas doentes e ajudar no
estabelecimento da saúde.
|
O que é saúde? O que é doença?
|
Cozinheiro
|
Cozinhar
|
Escutando e cozinhando junto com os mais
velhos
|
Alimentar as pessoas, dando-lhes
saúde.
|
O que é saúde? Como mantê-la? O que é
uma boa alimentação?
|
Os exemplos são para ajudar no
desenvolvimento da atividade e não para limitá-la. Assim, outras questões podem
surgir, como por exemplo: como treinar os órgãos sensoriais para exercer bem
esta profissão? Quais são as exigências intelectuais para o trabalho deste
profissional? E os sentimentos, como eles atuam na profissão? Que políticas
públicas você propõe para as pessoas viverem bem? E assim por diante...
Com a tabela em mãos (ou na cabeça) construa um diálogo entre dois ou três profissionais. A
conversa pode ser livre ou seguir as seguintes sugestões:
1.
Um profissional tenta convencer o outro
acerca do seu papel social, sem reconhecer o papel do outro;
2.
Um tenta convencer o outro de que o
valor do seu trabalho é maior que o do outro;
3.
Um apresenta para o outro seus motivos
para a necessidade de entrar em greve.
Com essa atividade, construir um diálogo
entre os profissionais, pretendemos iniciar a discussão conceitual a partir do
contexto em que o aluno vive. Assim, conceitos como saúde, doença, boa
alimentação, bem viver, justiça, ética profissional,[4]
podem ser inseridos no universo escolar. Além disso, podemos trabalhar a noção
de ‘persona social’ ou papel social como preferem os sociólogos.[5]
Com essa categoria os alunos podem investigar como um indivíduo é obrigado em
determinados contextos a incorporar um personagem social, mesmo que isso gera
contradição no seu modo de ver o mundo. Assim, por exemplo, uma pessoa que
critica a forma que a lei é construída se for funcionaria pública, como um
diretor escolar, precisa necessariamente cumprir a lei independente da sua
opinião enquanto indivíduo. Do mesmo modo um músico quando contratado por uma
grande empresa não pode fazer músicas que critiquem a empresa que trabalha.
[1]
Nos diálogos de Platão a investigação é sempre feita conjuntamente. Os números
são variados, em alguns diálogos a investigação é feita em dupla, como no Fedro; outras vezes é em trio, como no Menon; outras vez são quatro personagens
que conversam, como no Teeteto e Sofista; outras vezes muitos estão
investigando o mesmo tema, como no Banquete
e no Protágoras.
[2] Pensamos ser importante começar
pelo saber prático, pois o saber teórico é trabalhado nas escolas desde os
primeiros anos. Assim, a construção da linguagem no fazer prático pode ajuda-lo
a entrar na teoria propriamente dita, isto é, no conhecimento científico. Quando
fizemos a atividade em Campinas e Paulínia, respectivamente, na E.E. Anibal de
Freitas e E.E. Núcleo Habitacional José Paulino Nogueira, os alunos, na sua
maioria escolheram fazer com seus familiares mais próximos e/ou seus parentes.
Achamos que de fato devem começar com eles, porém não precisam fazer apenas com
eles. Um modo de eles fazerem com outras pessoas é sugerir que ‘troquem’ de parentes,
um faz com os parentes dos outros.
[3] Agradeço Hellen Fonseca,
coordenadora da E.E. Núcleo Habitacional José Paulino Nogueira, lugar onde atuo
como professor de Sociologia, que, ao ouvir a proposta, sugeriu as duas últimas
perguntas.
[4] Sobre ética profissional pode-se
feito do seguinte modo: casa profissional tem alguns benefícios e se relaciona
com o mundo de determinadas formas. Assim quatro aspectos podem ser levantados
para um possível código de ética (ou juramento): 1. Consigo próprio: quais os
benefícios que este profissional oferece para si próprio e para sua família ao
exercer sua profissão?; 2. Com os outros: com quais profissionais ele atua?
Como eles se relacionam?; 3. Sociedade: qual o sua função social? 4. Divindade:
como é a relação deste profissional com a (s) divindade (s)?. Para uma
descrição maior ver:
http://umaconversasobrefilosofia.blogspot.com/2016/05/2-ano-1-de-junho.html,
consultado em 19/07/2018.
[5] Preferimos o primeiro para
iniciarmos a discussão sobre representação.
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