quarta-feira, 13 de maio de 2020

Porphyrio - Estado Moderno e povos indígenas – referencias

Porphyrio - Estado Moderno e povos indígenas – referencias


As leis 10.639/03 e 11.645/08 tornam obrigatório o ensino de história e cultura afro-brasileira e indígenas. Muitas coisas são importantes acerca dessas leis, vamos discutir algumas delas. Primeiro porque essas duas histórias não apareciam no currículo escolar? Pois nosso currículo privilegia a história europeia. Uma outra questão que acho importante salientar é que esses povos, os africanos e os indígenas, são autossuficientes, ou seja, não precisam entrar no mundo moderno da circulação de mercadorias. Me parece que esse é um dos motivos do apagamento da sua história.
Vou colocar alguns links para nos ajudar na pesquisa sobre eles:
Daiara Tukano é uma das coordenadoras da rádio Yandê, rádio indígena. No min. 2:30 ela começa falando de como as mídias tradicionais possuem uma posição anti-indígenas, assim a rádio tem um papel de apresentar as demandas indígenas e acompanha-las no congresso nacional. Daiara Tukano no min. 6 fala algo muito importante sobre as lutas dos povos indígenas de todo o mundo: a luta contra a mineração, a luta pelo direito a terra, a luta por uma conciliação histórica com os Estados Nacionais, pelo fim da violência, pela manutenção e respeito das identidades (modos de vida: língua, costumes, espiritualidade).
Convenção OIT sobre Povos Indígenas e Tribais em países independentes nº. 169
https://pib.socioambiental.org/pt/Conven%C3%A7%C3%A3o_OIT_sobre_Povos_Ind%C3%ADgenas_e_Tribais_em_pa%C3%ADses_independentes_n%C2%BA._169


Em Abril de 2020, junto à programação do Abril Indígena, a Rádio Yandê, todos os dias de abril, fez lives sobre temas pertinentes aos indígenas. Vi alguns:

Indígenas na Universidade
Música Indígena
Línguas Indígenas
Cosmovisões, conhecimento e filosofia indígena

Outro vídeo produzido pelo Itaú Cultural é dos Paulinho e Irekran Payakan, pertencentes ao povo Kayapó. Eles falam como prefere ficar na floresta e tem dificuldade de ficar na cidade. Os deuses são a natureza: terra, rios, animais. Quando saiu da aldeia começou a se preocupar com o desmatamento. Os Kayapó estão vendo o povo acabando com o mundo, então ele e outras lideranças viajaram para muitas cidades do mundo pedindo ajuda para preservar a natureza. Ele não disse nessas conversas, mas agora ele fala: vocês que estão bancando essa destruição. Lutou pelos direitos indígenas da constituição de 1989. Até a década de 90 conseguíamos conversar, mas hoje [2018] o que se chama democracia é pimenta de spray na cara.
outros vídeos e podcast do Itaú Cultural

Daniel Munduruku depois de 1h40min. Fala sobre o apelido índio dado pelos portugueses dado aquele que estavam no Brasil. A partir da dec. 70 os povos originários usam os termos indígenas para se referir a união desses povos contra a violência do Estado.

Ailton Krenak
Ainton Krenak, liderança indígena e prof. da UFJF, na palestra que deu na abertura do III Simpósio Internacional Repensando Mitos Contemporâneos (a partir do min. 28) fala algumas coisas acerca da arte: 31min. Com a arte (dança e canto) o povo indígena suspende o céu. 35min. quando dançamos chamamos nossos antepassados para estar conosco.  47min. vivemos num tempo de guerra de narrativas, por isso é preciso ouvir e criticar as histórias e os mitos que nos contam. Um deles (dito do início) é que as fronteiras são naturais. Para ele não deve haver fronteiras e um dos papeis da arte é acabar com as fronteiras. Outro mito, contado ao Levi-Strauss, é que os índios foram instintos. 1h 03min. ele conta a história da inquisição no Brasil, quando líderes indígenas foram presos e mortos na Europa.
outros vídeos
textos do Ailton Krenak


Indígenas e Lama Padma Samten

Encontro com Lideranças Indígenas | Lama Samten, Kaká Werá, José Cirilo, André Benites
Encontro Budismo e Povos da Terra: Cosmovisões e Possibilidades

VIII Colóquio Internacional sobre Filosofia Oriental da Unicamp
Mesa Redonda - As linguagens da Natureza
Mesa redonda  - Os espíritos da floresta

Resenha que fiz do texto do Gersem Baniwa sobre educação indígena no alto rio negro

fala de um amigo, Kayrá Sabuka sobre as arvores sagradas

outro amigo, Cauã Wirapayé

Primeira Universidade Indígena do Brasil - UNIVERSIDADE PAITER A SOEITXAWE

Raoni Metuktire - coronavírus

outras indicações

discussão inicial sobre os povos indígenas e o Estado




Porphyrio - Discussão preliminar Estado Moderno e povos indígenas

Discussão preliminar Estado Moderno e povos indígenas
Gersem José dos Santos Luciano (do povo baniwa) na tese ‘EDUCAÇÃO PARA MANEJO E DOMESTICAÇÃO DO MUNDO ENTRE A ESCOLA IDEAL E A ESCOLA REAL Os dilemas da educação escolar indígena no Alto Rio Negro’ conclui: os povos indígenas querem conhecer o mundo moderno e manter a sua tradição. Assim o Estado não pode impedir que esses povos mantenham seus costumes. Só que o Estado não é capaz de aprender as tradições, assim o Estado precisa ajudar esses povos a manter suas tradições.

Eduardo Viveiros de Castro em ‘O mármore e a murta: sobre a inconstância da alma selvagem’ apresenta uma ideia interessante: na verdade foram os indígenas que catequizaram os europeus e não o contrário. 

Curso sobre relações internacionais dado na USP por Peter Demant. Nesse curso Peter fala algumas coisas importantes: as civilizações da Europa/Ásia/África guerreiam a muito tempo, em geral as civilizações agrícolas são invadidas por outras que querem seu território e/ou seu trabalho. De um certo modo era necessária uma grande organização, seja para se proteger seja para atacar outro povo. Essa organização recebeu muitos nomes: Império, Reino, Estado. É importante lembrar também que os povos vão se interagindo, seja por trocas, seja por casamentos, encontros, festividades.  


passando para o mundo moderno:
Em história estudamos aquilo que mudou de um período para outro, porém essas mudanças sempre ocorrem num longo período e além disso, muitas coisas de um período antigo acabam sendo absorvidas num novo período. Um exemplo é a mudança da monarquia para a república no sec. XVII na França. Nos livros didáticos, as vezes parece que a mudança foi total. Não nos parece, assim os reis e seus nobres possuíam uma estrutura de organização do Estado que se mantiveram depois da Revolução Francesa. Mas a Rev. Francesa modificou os reinos: os nobres e a igreja perderam momentaneamente seus poderes. Fixou-se ali a ideia de um documento que fosse capaz de limitar o poder do Estado com a declaração dos direitos do homem e do cidadão. Esse documento foi aprimorado gerando os Direitos humanos. Código supostamente universal que pretende garantir os direitos de todas as pessoas.

A ideias da rev. Francesa influenciaram a independência nas Américas, em especial no EUA e no Haiti.
um outro evento significativo é a revolução industrial. Ela consiste numa organização complexa de um determinado local para produção de produtos. Assim começa uma articulação entre o Estado e o conhecimento científico. Ciência aqui é a aplicação de conhecimentos da Física para produção de produtos, inicialmente roupas, mas também o conhecimento das máquinas que permite uma maior produção, mecanismos de expulsão das populações do campo para trabalharem nessas cidades, controle populacional, controle da produção de alimentos para essa população.
Na história tradicional parece que a Europa sempre foi o centro do mundo e só ela tem o conhecimento científico. Dussel na política da libertação mostra que a Europa só conseguiu uma certa liderança mundial a partir da rev. Industrial, consolidando-se apenas em 1989. Por outro lado, todos os povos possuem suas escolas filosóficas e suas ciências.
resumo da história da filosofia política a partir do Enrique Dussel (são 4 vídeos que fiz em 2017)

Sobre a colonização europeia (na verdade invasão de territórios)
No livro ‘História dos índios no Brasil’ Manuela Carneiro Cunha, importante Antropóloga portuguesa, relata a expertise de um indígena Tupinambá do Maranhão que por volta de 1610 fala o seguinte para alguns franceses: “vi a chegada dos peró [portugueses] em Pernambuco e Potiú; e começaram eles como vós, franceses, fazeis agora. De início, os peró não faziam senão traficar sem pretenderem fixar residência [...] mais tarde, disseram que nos deveríamos acostumar a eles e que precisavam construir fortalezas, para se defenderem, e cidades para morarem conosco [...] mais tarde afirmaram que nem eles nem os paí [padres] podiam viver sem escravos para os servirem e por eles trabalharem. Mas não satisfeitos com os escravos capturados na guerra, quiseram também os filhos dos nossos e acabaram escravizando toda a nação [...]” (pg.15)

O raciocínio é o seguinte: o invasor vai se aproximando aos poucos, vai estudando o território e cooptando lideranças locais, para finalmente se fixarem no território possibilitando que outros dos seus venham para esse local. Isso aconteceu em vários lugares, em especial aqui no Brasil e nos EUA. Outra tática é acirrar as disputas internas dos povos locais para que eles não oferecessem resistência na ocupação.
Assim, depois de ir invadindo o território a partir da construção de fortes e da apropriação dos conhecimentos locais, os europeus, usando a teologia cristã, irão apagar as origens desses conhecimentos e seus modos de vida, impondo-os o modo de vida urbano. E a escola auxilia nesse processo.
Em relação aos povos indígenas temos três tidos de desdobramentos: 1. Muitos morrem com o contato com os europeus; 2. Parte se integra (casamento, escravo); 3. Muitos fogem para dentro do território.
Viveiros e Castro e Manuela falam que muitos morreram no primeiro contato pois não possuíam anticorpos contra as bactérias e os vírus que os portugueses traziam.

O cristianismo foi importante nos processos de fixação do território. A igreja Católica filiou-se ao império romano em 313, modificando-o e sendo modificado por ele. Assim a Igreja passou a ser detentora de terras e, em contrapartida, passou a organizar as universidades. No sec. XV porém há um questionamento do seu funcionamento, gerando com isso a reforma protestante. Assim, na Europa, a criação dos Estados, com a justificativa da ciência moderna, tentou desqualificar o ensino da Igreja.
Segredos da vida Moderna:
Exemplos:
A partir da fala de um amigo, Raul Pinheiro: a fábrica da Samsung não permite que todos os conhecimentos venham para o Brasil
Marcio Cataia na palestra ‘Desigualdades territoriais e crise política no Brasil: tensões do século XXI’ mostra como na troca de governo em 2016, de Dilma para Temer, a divulgação de dados sobre o repasse de dinheiro para as prefeituras foi retirado das páginas do governo federal.

quarta-feira, 6 de maio de 2020

Porphyrio - 2 bimestre

para as turmas do Porphyrio da Paz - 1a,b,c,d,e,f,g

Gente estamos num momento muito difícil, ninguém sabe muito bem o que vai acontecer. Há algumas previsões a partir das experiencias de outras pandemias ou mesmo experiencia dessa pandemia em outros países.
É comum que as vezes ficamos tristes e chorosos e não queremos sair da nossa cama, mas se isso acontecer por alguns dias ou mesmo semanas, temos que ficar atentos. Se aconteceu isso com você ou com alguém da sua família, procure algum parente próximo, tio, tia, primo, prima, avó, avô, e converse com essa pessoa. Penso em aproveitar essa experiencia para conversar com vocês sobre o funcionamento do mundo.
Bom pedi para vocês três atividades no 1 bimestre: 1. criação de frases, conceitos, perguntas e junção de frases; 2. questões de filosofia antiga; e 3. pesquisa sobre algo da nossa sociedade. Vamos retomá-las. Antes porém, gostaria propor que estudássemos a filosofia dos povos que estavam aqui nas Américas quando os portugueses vieram e os povos que foram trazidos a força da África para o Brasil.  O que estou propondo está de acordo com as leis 10.639/03 e 11.645/08 tornam obrigatório o ensino de história e cultura afro-brasileira e indígenas. Poderíamos inicialmente perguntar, porque apenas em 2003 e em 2008 essas leis foram criadas? como era antes?
Bom, vou postar algumas coisas para ajudar na pesquisa, mas fiquem a vontade para fazer suas próprias pesquisas.
Em relação aos povos indígenas proponho o seguinte em dupla ou trio (quem quiser pode fazer sozinho):

1. escolha uma comunidade indígena ainda existente (pode ser de algum amigo de vocês, ou parente, pode ser da região ou de outro lugar)
2. procure saber como se deu a relação desse povo com os povos europeus (nos últimos anos)
3. em relação ao modo de vida do europeu, chamado de modo civilizado ou modo de vida urbano, ou modo de vida moderno, quais as semelhanças e quais as diferenças em relação a esse povo
4. procure saber como esse povo planta algo e procure aprender para nos ensinar (pode ser árvore)
5. procure saber como esse povo cozinha

Depois prepare uma apresentação de 1 ou 2 páginas. Quem quiser pode gravar um vídeo de 1 a 3 minutos.

em breve postarei mais referencias, por enquanto segue algumas:
fala muito interessante do seu Paulinho e Irekran Payakan - Culturas indígenas (2018)

curta muito interessante: Abuela Grillo
compilação que fiz ano passado:

na última década a comunicação e o registro delas tem sido muito grande, tanto em forma de parceria como é o caso do Grupo Itaú Cultural, como de forma independente como é o caso da rádio Yande.
Vídeos do Grupo Itaú Cultural
Daiara Tukano – Culturas indígenas (2017) – parte 2/2
Ela fala da importância dos Indígenas documentária suas lutas, pois a imprensa brasileira é anti-indígena. Muitos povos do mundo inteiro vivem o que nos vivemos aqui: disputa por políticas internacionais, a luta pelo direito a terra, a luta contra a mineração, luta pela conciliação com o Estado.
outros vídeos e Podcasts

No mês de Abril deste ano, esta rádio fez várias lives com temas que preocupam os povos indígenas, vi alguns deles:
#ABRILINDIGENALIVE 7 - Indígenas na universidade

#ABRILINDIGENALIVE 18 - Cosmovisões, conhecimento e filosofia indígena

#ABRILINDIGENALIVE 19 - Dia do índio: a urgência da descolonização