quarta-feira, 17 de novembro de 2021

Sociologia.Filosofia.1ano.4bim.Atividades

 Atividades do 4 bimestre para todas as turmas de Filosofia e Sociologia
1 Atividade: escrever um texto relacionando três letras de músicas (a dos pais, a sua e uma das músicas do Dorival Caymmi). Procedimento: faça um resumo das três músicas, encontre os eu líricos (o personagem que conta a história) delas. Identifique o que e para quem os eu líricos estão falando. Procure as relações entre as músicas, o que elas tem de comum. Depois procure quais as diferenças entre elas. Mostre essas relações para o professor e/ou para um amigo e/ou para seus pais. Por fim escreva um texto relacionando as letras das músicas. Lembrem-se, o texto não pode depender da sua presença, ou seja, o leitor do texto precisa entender o que você está escrevendo. 
Segue algumas músicas do Dorival Caymmi:
http://umaconversasobrefilosofia.blogspot.com/2021/09/vamosguardarossegredosdedorivalcaymmi.html
Dorival Caymmi possui muitas músicas, fiquem à vontade para escolher outras. Observação: muitas músicas que vocês trouxeram falam sobre o relacionamento amoroso, nas músicas que escolhi esse tema aparece pouco, por isso sugeri algumas outras música do Caymmi onde esse tema aparece, são elas: Marina, Só louco, Rosa Morena.
Esse exercício pretende ajudar vocês a escrever uma redação, por exemplo a redação do ENEM.

2 Atividade: Escolha um dos objetivos e acesso o site (https://brasil.un.org/pt-br/sdgs) para ler os itens do objetivo; observe sua realidade: como esses objetivos estão ou não estão sendo realizados; a partir do item escolhido escreva uma carta para o prefeito da sua cidade (ou para os vereadores) (aqueles que quiserem podemos enviar um e-mail para eles); para melhorar nossa argumentação use os artigos dos Direitos Humanos e os artigos da Constituição Federal de 1988. 
Segue o link do texto que estamos lendo na sala de aula:
http://umaconversasobrefilosofia.blogspot.com/2021/09/sociologiafilosofia1ano4bimestre.html
A proposta do exercício é que aprendamos a nos comunicar com as autoridades políticas usando os documentos oficiais. E também observamos e atuarmos em nossa realidade.

3 Atividade: Escolham 3 questões e façam o seguinte:
a) com suas palavras escreva a pergunta da questão
b) escreva o significado da principal palavra da pergunta
c) escreva o que o enunciado diz dessa pergunta
d) pesquisa no dicionário e na internet os possíveis sentidos das palavras que vocês não conhecem. Caso tenham dúvidas anotem
e) aqueles que conseguirem, em cada uma das alternativas, a partir das etapas anteriores, diga o porquê de uma questão estar certa e uma outra estar errada
O vídeo que fiz para explicar essa atividade chama-se: Uma conversa sobre filosofia - Sugestão para resolver questões do Enem: https://www.youtube.com/watch?v=KWgcPQPyyHU
1.(IADES, 2013) Os 25 anos da Constituição brasileira, que se comemoram hoje, talvez contenham em si mesmos – pela mera menção de sua durabilidade – o maior elogio ao texto atualmente em vigor. Quando foi promulgada, em 5 de outubro de 1988, não faltaram advertências quanto aos riscos de inviabilidade que a nova Carta projetava sobre os governos do futuro, dado seu detalhismo e sua prodigalidade ao acomodar demandas das mais distintas corporações. . Seção: Editorial – Constituição em vigor, 05 de outubro de 2013. Assinale a alternativa que, dentre os diversos fatores, aquele que justifica a denominação “Constituição Cidadã” dada para a atual Carta Magna do Brasil.
A A multa de 50% no ato da demissão de um trabalhador e o direito à greve para os funcionários públicos e privados. 
B O direito à titularidade da terra para as mulheres trabalhadoras rurais e o conceito restrito de família. 
C A aprovação de leis a qual também contava com audiências públicas que preparavam emendas com a participação da sociedade civil na busca dos próprios interesses.
D A transição entre o período da ditadura militar e a afirmação do regime democrático no País, marcada pela Constituição, tendo total respaldo dos militares desde o movimento Diretas Já.
2.(enem2008) Na América do Sul, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) lutam, há décadas, para impor um regime de inspiração marxista no país. Hoje, são acusadas de envolvimento com o narcotráfico, o qual supostamente financia suas ações, que incluem ataques diversos, assassinatos e seqüestros. Na Ásia, a Al Qaeda, criada por Osama bin Laden, defende o fundamentalismo islâmico e vê nos Estados Unidos da América (EUA) e em Israel inimigos poderosos, os quais deve combater sem trégua. A mais conhecida de suas ações terroristas ocorreu em 2001, quando foram atingidos o Pentágono e as torres do World Trade Center. A partir das informações acima, conclui-se que 
A as ações guerrilheiras e terroristas no mundo contemporâneo usam métodos idênticos para alcançar os mesmos propósitos.
B os EUA, mesmo sendo a maior potência do planeta, foram surpreendidos com ataques terroristas que atingiram alvos de grande importância simbólica.
C as organizações mencionadas identificam-se quanto aos princípios religiosos que defendem.
D tanto as Farc quanto a Al Qaeda restringem sua atuação à área geográfica em que se localizam, respectivamente, América do Sul e Ásia.
3.(enem2011) Os chineses não atrelam nenhuma condição para efetuar investimentos nos países africanos. Outro ponto interessante é a venda e compra de grandes somas de áreas, posteriormente cercadas. Por se tratar de países instáveis e com governos ainda não consolidados, teme-se que algumas nações da África tornem-se literalmente protetorados. BRANCOLI, F. China e os novos investimentos na África: neocolonialismo ou mudanças na arquitetura global (2010) (adaptado). A presença econômica da China em vastas áreas do globo é uma realidade do século XXI. A partir do texto, como é possível caracterizar a relação econômica da China com o continente africano?
A Pela presença de um número cada vez maior de diplomatas, o que pode levar à formação de um Mercado Comum Sino-Africano, ameaçando os interesses ocidentais
B Pela presença de órgãos econômicos internacionais como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial, que restringem os investimentos chineses, uma vez que estes não se preocupam com a preservação do meio ambiente.
C Pela aliança com os capitais e investimentos diretos realizados pelos países ocidentais, promovendo o crescimento econômico de algumas regiões desse continente.
D Pela presença cada vez maior de investimentos diretos, o que pode representar uma ameaça à soberania dos países africanos ou manipulação das ações destes governos em favor dos grandes projetos
4.(VUNESP-2009) No ano de 2006, a China, com 6,2 bilhões de t/ano, tornou-se o principal emissor mundial de gases-estufa, superando os Estados Unidos (5,8 bilhões de t/ano), segundo dados divulgados pela ONU em 2008. Assinale a alternativa que contém um dos fatores do aumento chinês de emissões de gases-estufa.
a) Desmatamento acelerado em todo o país para o cultivo de arroz irrigado.
b) Geração de energia, principalmente por queima de carvão mineral, o mais poluente dos combustíveis fósseis.
c) Matriz energética baseada apenas no petróleo, por ser um dos principais produtores mundiais.
d) Maior frota mundial de veículos agrícolas, o que a coloca como uma das agriculturas mais mecanizadas da Ásia.
5.(ENEM2015) O principal articulador do atual modelo econômico chinês argumenta que o mercado é só um instrumento econômico, que se emprega de forma indistinta tanto no capitalismo como no socialismo. Porém os próprios chineses já estão sentindo, na sua sociedade, o seu real significado: o mercado não é algo neutro, ou um instrumental técnico que possibilita à sociedade utilizá-lo para a construção e edificação do socialismo. Ele é, ao contrário do que diz o articulador, um instrumento do capitalismo e é inerente à sua estrutura como modo de produção. A sua utilização está levando a uma polarização da sociedade chinesa. OLIVEIRA, A. A Revolução Chinesa. Caros Amigos, 31 jan. No texto, as reformas econômicas ocorridas na China são colocadas como antagônicas à construção de um país socialista. Nesse contexto, a característica fundamental do socialismo, à qual o modelo econômico chinês atual se contrapõe é a
a) desestatização da economia.
b) instauração de um partido único.
c) manutenção da livre concorrência.
d) extinção gradual das classes sociais.
6.(CEDERJ2020) Considere o texto sobre a guerra comercial entre Estados Unidos e China.
Com o argumento de que busca proteger os produtores norte-americanos e reverter o déficit comercial que os Estados Unidos têm com a China, Donald Trump vem anunciando desde 2018 tarifas sobre produtos importados do país asiático. O objetivo é dificultar a chegada de produtos chineses aos Estados Unidos, o que estimularia a produção interna. O governo da China, por sua vez, tem reagido a esses anúncios com retaliações, chegando a impor também tarifas sobre produtos norte-americanos. É difícil dizer ao certo quando a disputa, nos moldes em que se encontra agora, foi iniciada, mas algumas datas podem ser consideradas marcantes. Durante a campanha eleitoral, os discursos de Trump já apontavam críticas ao déficit comercial dos Estados Unidos em relação à China. Já como presidente, Trump fez o primeiro anúncio de taxas sobre produtos chineses em março de 2018. Desde então, já anunciou outras medidas e ameaçou adotar outras. A China tem respondido também com barreiras comerciais aos produtos norte-americanos e ameaças.Essa guerra comercial entre os dois países é provocada pela política
(A) comunista do governo chinês para difundir o modo de produção asiático.
(B) protecionista do governo estadunidense para salvaguardar a sua economia.
(C) externa militarizada dos Estados Unidos para conter o avanço do comunismo.
(D) multilateral da União Europeia para garantir os mercados chinês e estadunidense.
7.(enem2020) Embora inegáveis os benefícios que ambas as economias têm auferido do intercâmbio comercial, o Brasil tem reiterado seu objetivo de desenvolver com a China uma relação comercial menos assimétrica. Os números revelam com clareza a assimetria. As exportações brasileiras de produtos básicos, especialmente soja, minério de ferro e petróleo, compõem, dependendo do ano, algo entre 75% e 80% da pauta, ao passo que as importações brasileiras consistem, aproximadamente, em 95% de produtos industrializados chineses, que vão desde os mais variados bens de consumo até máquinas e equipamentos de alto valor. LEÃO, V. C.(Ipea, 2015). Uma ação estatal de longo prazo capaz de reduzir a assimetria na balança comercial brasileira, conforme exposto no texto, é o(a)
A expansão do setor extrativista.
B incremento da atividade agrícola.
C diversificação da matriz energética.
D fortalecimento da pesquisa científica.
8.(enem2016) No início de maio de 2014, a instalação da plataforma petrolífera de perfuração HYSY-981 nas águas contestadas do Mar da China Meridional suscitou especulações sobre as motivações chinesas. Na avaliação de diversos observadores ocidentais, Pequim pretendeu, com esse gesto, demonstrar que pode impor seu controle e dissuadir outros países de seguir com suas reivindicações de direito de exploração dessas águas, como é o caso do Vietnã e das Filipinas. KLARE, M.T. (2015). A ação da China em relação à situação descrita no texto evidencia um conflito que tem como foro o (a):
A Distribuição das zonas econômicas especiais. 
B Monopólio das inovações tecnológicas extrativas.
C Dinamização da atividade comercial. 
D Jurisdição da soberania territorial. 
9.(enem2015) Atualmente, as represálias econômicas contra as empresas de informática norte-americanas continuam. A Alemanha proibiu um aplicativo dos Estados Unidos de compartilhamento de carros; na China, o governo explicou que os equipamentos e serviços de informática norte-americanos representam uma ameaça, pedindo que as empresas estatais não recorram a eles. SCHILLER, D. (2014) As ações tomadas pelos países contra a espionagem revelam preocupação com o(a)
A subsídio industrial.
B hegemonia cultural.
C protecionismo dos mercados.
D segurança dos dados.
10.(enem2014) O cidadão norte-americano desperta num leito construído segundo padrão originário do Oriente Próximo, mas modificado na Europa Setentrional antes de ser transmitido à América. Sai debaixo de cobertas feitas de algodão cuja planta se tornou doméstica na Índia. No restaurante, toda uma série de elementos tomada de empréstimo o espera. O prato é feito de uma espécie de cerâmica inventada na China. A faca é de aço, liga feita pela primeira vez na Índia do Sul; o garfo é inventado na Itália medieval; a colher vem de um original romano. Lê notícias do dia impressas em caracteres inventados pelos antigos semitas, em material inventado na China e por um processo inventado na Alemanha. LINTON, R. (1959) A situação descrita é um exemplo de como os costumes resultam da
A assimilação de valores de povos exóticos.
B experimentação de hábitos sociais variados.
C recuperação de heranças da Antiguidade Clássica.
D fusão de elementos de tradições culturais diferentes.

Alguns dos objetivos do exercício são:
- nos familiarizar com um tipo de questão muito tradicional, seja no universo escolar, seja nas provas para ingresso no curso superior, seja no ingresso a cargos públicos
- identificar quais tipos de conteúdo são exigidos nessas provas
- identificar  as respostas que os examinadores querem que respondemos 
- aprender a escrever textos usando os conceitos apresentado nas questões

Sobre as notas do 4 bimestre:
- cada atividade corresponde a 3 pontos. Tendo realizado as três o aluno ficará com pontuação máxima.
- para as turmas que ofereço as disciplinas de filosofia e sociologia, eu duplicarei a nota.


domingo, 7 de novembro de 2021

Sobre.o.Brasil

 Sobre o Brasil (para todas as turmas)
A história do Brasil é muito complexa, por isso vamos apenas indicar algumas coisas que para nós são fundamentais nessa conversa. Em primeiro lugar precisamos lembrar de 4 civilizações que hoje são fundamentais para o território brasileiro: primeiro, os povos tradicionais; segundo, os europeus; terceiro, os povos africanos que foram forçados a vir; quarto, os chineses. (segue abaixo os link para uma primeira discussão sobre cada um desses povos) (obs: sobre os povos europeus veja postagem sobre história no link sobre a china)
http://umaconversasobrefilosofia.blogspot.com/2020/05/
http://umaconversasobrefilosofia.blogspot.com/2019/08/todas-as-turmas-historia-preliminar-da.html
http://umaconversasobrefilosofia.blogspot.com/2021/11/sociologiacontenporaneachina.html
É muito difícil ao um cidadão comum possuir informações corretas acerca do funcionamento dos Estados.[1] Além das complexidades inerentes ao funcionamento das nações soma-se os sigilos que elas precisam manter a fim se preservar. Uma forma de se obter informações acerca do funcionamento de um dado de um país é a partir da diplomacia. Um país envia para o país que quer estabelecer relações (em geral, comerciais) um grupo de pessoas, os diplomatas, e por outro lado, recebe um grupo de pessoas deste país. Esses diplomatas acompanham os acontecimentos do país que estão morando para reportar para seu país de origem. Tem uma questão aqui, o governo do país onde estão os diplomatas de outro país vai querer apresentar uma imagem positiva para esses diplomatas. Assim, eles, os diplomatas, precisam trabalhar para fornecer ao seu país de origem informações coerentes acerca da realidade. Vejamos algumas informações de alguns diplomatas brasileiros que viveram na China.
Segundo Celiane Ferreira da Costa (2018) a relação entre Brasil e China depois da II Guerra Mundial foi bastante conturbada. Alinhado aos interesses estadunidenses o Brasil, sob liderança do General Enrico Gaspar Dutra, em 1949, devido a criação da República Popular da China (RPC), o Brasil rompe relações diplomáticas com a China, retirando de lá seus diplomatas. Porém, no inicio da década de 60 o Brasil, então governado por Jânio Quadros e pelo seu vice João Goulart que eram favoráveis a entrada da RPC na Organização das Nações Unidas (ONU), tentam uma aproximação comercial.[2] Com essa aproximação com a China e sendo acusado de ‘Comunista’, Jânio renuncia e pouco tempo depois ocorre o golpe militar no governo de João Goulart. O golpe aconteceu dia 01 de abril de  1964, dois dias depois nove chineses que estavam organizando uma exposição comercial foram presos e torturados. Um ano depois eles foram enviados novamente para a China. Em 2014 o governo brasileiro coordenado por Dilma Rousseff admite o erro e “os nove chineses foram condecorados com a medalha da Ordem do Cruzeiro do Sul, a mais alta insígnia do Brasil.” (p.12)
A China voltou a ter relação com o Brasil em 1973.[3] Nessa época Mao Tse-tung era o líder chinês e no lado brasileiro, Emílio Garrastazu Médici liderava a ditadura militar brasileira. Essa relação foi continuada ao longo dos anos e com Deng Xiaoping, novo líder chinês a partir de 1978, iniciou, junto com seus acadêmicos, estudos acerca dos países ocidentais. No caso dos países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil, sua orientação foi buscar entender como esses países se desenvolveram. Para entender melhor o Brasil, vamos fazer uma pequena digressão.
A realidade brasileira atual devem-se ao seu passado colonial e escravista. Tendo, ao longo dos séculos XVII, XVIII e XIX, construído uma estrutura exportadora (com plantation), com o fim da escravidão no fim do século XIX, os governantes brasileiros, parte dele formado por militares, adotaram uma política do embranquecimento da população brasileira a partir por um lado do abandono da população negra e mestiça que havia sido escravizada e por outro pela atração de populações brancas do mundo inteiro.[4] Diversos povos vieram para o Brasil, árabes, japoneses, chineses, mas os povos que vieram em maior número foram os italianos e os alemães, em especial para o sudeste e sul do país.
Em meados do sec. XX o Brasil passou por um processo de modernização: construção de ferrovias, instalação de indústrias, criação de universidades, aparelhamento da estrutura do Estado. Uma dessas instituições, a Universidade de São Paulo (USP) contou com o auxílio de franceses, ingleses e alemães para construir umas das primeiras universidades do Brasil.  Iniciou-se também nesse movimento a industrialização no Brasil. Desse modo iniciou-se um  processo de transmissão de tecnologias e conhecimento de saberes produzido na Europa para o Brasil.  Dois outros saberes produzidos na Europa e práticos no Brasil foram o regime político e a estrutura religiosa cristã. Desde a independência em 1822 o Brasil tem eleições para representantes políticos, adquirindo assim a democracia republicana europeia.[5] Porém apenas aqueles que tinham renda poderiam votar, mesmo assim, os nomes dos mais votados passavam pela escolha do Imperador.  No que diz respeito a ordem religiosa instalada no Brasil grosso modo mantiveram o pensamento colonial: é preciso educar na fé crista e nos costumes europeus a população.  Assim, a população que estava aqui antes da colonização, bem como os que haviam sido escravizados, e  posteriormente os japoneses, árabes, judeus, entre outros, foram ‘educados’ e julgados pelas lentes de certo cristianismo.[6]
Assim o Brasil foi constituído pelo colonialismo escravista português que inicialmente optou por usar o território para produzir alimentos para a Europa e para o comercio de escravizados na África. Esses portugueses e seus descendentes valeram-se da organização política europeia e da transmissão da espiritualidade crista modificada pelo império romano.  No século XX, com a vinda das indústrias, o crescimento das cidades, a atração de migrantes de diversos lugares, o quadro começou a se modificar. O Brasil foi aos poucos deixando de ser um país colonial rural para se tornar um país urbano a partir do modelo Europeu.
Ao mesmo tempo em que ocorreu esse ‘desenvolvimento’, e a ditadura de 1964 é a maior prova disso, houve uma contenção. É preciso lembrar que a partir do fim da segunda guerra mundial foi declarada os direitos humanos ao mesmo tempo que foi iniciado a Guerra Fria a fim de conter a influência da URSS pelo mundo. Umas dessas estratégias foi cooptar lideranças militares pelos países a fora. No Brasil e na América Latina não foi diferente.[7] Esse é um dos motivos que a relação entre Brasil e China só foram intensificados na redemocratização. Uma dessas parcerias foi a Cooperação espacial Brasil República Popular da China (CBERS). A partir desse projeto Brasil e China conseguiram desenvolver uma tecnologia similar aos dos países ditos desenvolvidos ao ponto de hoje ceder imagens de satélite a países da América Latina e África.[8] Outra parceria importante foi à área de construção de hidroelétrica, técnicos chineses vieram aprender com técnicos brasileiros os detalhes da construção.[9] Em paralelo a esses projetos, Brasil e China iniciaram na década de 90 sua parceria comercial mais intensa, em especial minérios e produtos agrícolas. Este comércio foi crescendo ano a ano a ponto de na primeira década do século XXI a China ser o principal parceiro comercial do Brasil.
Se o Brasil se constituiu como um país agrário exportador para depois se tornar um país urbano de modelo europeu, a China foi um país predominante rural até início do século XXI para depois, a partir da modernidade europeia do século XX tornar-se um país urbano capitalista.[10] Sua população viveu nos últimos milênios produzindo para subsistir e contribuindo, cada um ao seu modo, ao Império chinês por meio de impostos.[11] Segundo Fei Xiaotong isso resultou num modo de vida (comportamental, racional, espiritual) completamente distinto do ocidente e, consequentemente, do Brasil. Para ele, em geral, os chineses se percebem como parte de um todo, como numa teia onde cada um dos seus pontos está conectada a outros pontos.[12] Assim, os valores que predominam são a piedade filial, o dever fraterno, a lealdade e a sinceridade. Além do mais a desigualdade entre as pessoas é vista como natural.[13] Essa desigualdade é representada pelo símbolo do Yin Yang, onde um extremo completa o outro.
Para Fei Xiaotong três são os tipos de pessoas que vivem na China: os camponeses que mantem tradições milenares, as pessoas que vivem nas grandes cidades no interior do país e as pessoas que vivem no litoral e absorveram modos de vida de outros lugares, entre eles o ocidente.[14]
Em paralelo com reaproximação com o ocidente, burlando a guerra fria, o governo chinês criou uma estrutura para recebimento de empresas ocidentais, são as Zonas econômicas especiais (ZEE).[15] Porém essas empresas eram proibidas de vender seus produtos para o mercado chinês. Nesses locais os chineses conseguiram organizar a transferência de conhecimento em vários níveis, tanto do nível da produção, como no nível da logística.
Como vimos impera no Brasil os modelos de sociabilidade europeu e norte americano. Isso é claro no universo escolar, seja ele de nível básico, como de nível superior, quando, por exemplo, observamos o ensino de línguas.[16] No nível básico aprende-se o português, o inglês e apenas recentemente foi inserido o espanhol. No nível superior outras línguas modernas, como francês, italiano e alemão recebem destaques. Línguas antigas como o latim e o grego também possuem cursos regulares. Línguas árabes, línguas indígenas, línguas africanas e línguas orientais são quase inexistentes. Além da língua, a cultura e o modo de vida de outros povos (etnias) ainda são desconhecidos da população brasileira, gerando muitos preconceitos. Pensando nisso e sabendo que a Unicamp recebe pesquisadores do mundo inteiro vou rascunhar um projeto para permitir a população brasileira conhecer as diversas etnias espalhadas pelo mundo.
 
Escola multiétnica a partir de pesquisadores estrangeiros em universidades brasileiras
Um primeiro trabalho que poderia ser feito é saber como ocorre a recepção de pesquisadores estrangeiros nas universidades brasileiras? Como eles são recebidos? Quais são suas necessidades para morar nas cidades brasileiras durante o tempo de suas pesquisas? Esses pesquisadores conseguem manter no Brasil o padrão de vida que possui em seu país de origem? E seus filhos, possuem uma educação que permita a eles aprenderem a língua e a cultura do Brasil ao mesmo tempo aprender a cultura e a língua do país de origem dos seus pais? O que precisa ser feito para que isso seja possível?
A fim de absorver o conhecimento dos estrangeiros que procuram as universidades brasileiras, vou propor aqui a criação de uma escola multiétnica. Essa escola seria destinada inicialmente para pesquisadores estrangeiros que possuem filhos em idades escolar, de 4 até 16 anos. Tendo estudado em uma escola regular meio período, no outro período a universidade organizaria para que essas crianças junto com seus pais pudessem manter os saberes de seu país (etnia) de origem. Assim: a língua, as histórias, as brincadeiras, os jogos, os tipos de alimentação, a vestimenta, a relação com o divino, enfim, os modos de existência deste país (etnia) possam ser sistematizados a fim de ser aprendido tanto pela criança desta etnia como das outras crianças de outras etnias. Para que no caso da primeira o impacto da mudança seja amenizado e no caso da segunda seja uma abertura para o conhecimento de um novo modo de vida.
A proposta então é a criação de um espaço multiétnico nas universidades brasileiras onde crianças de diversas nacionalidades possam aprender umas com as outras. Em primeiro lugar isso só é possível com a participação ativa dos pais, pois são eles que irão apresentar para seus filhos a cultura e a língua de sua nação de origem. Então, num primeiro momento a proposta é que os pais possam selecionar as informações, os textos, as brincadeiras, os jogos, as práticas culturais que são significativas para serem apresentadas para crianças de outras nacionalidades. Algumas sugestões para iniciar este processo: construção de casas coletivas com materiais e procedimentos de cada um dos países participantes do projeto; cultivo de plantas típicas; nos encontros praticar brincadeiras e jogos típicos; ouvir e executar músicas típicas; ler textos de literatura na língua dos participantes; ler notícias dos meios de comunicação dos países de origem. Todas as propostas realizadas deveram ser traduzidas, se possível pelas crianças/adolescentes de uma língua para outra.
 
Referencias Bibliográficas
Biato Jr., Oswaldo. 2010. A Parceria Estratégica Sino-Brasileira: origens e perspectivas (1993-2006). Brasília, Fundação Alexandre de Gusmão.
Castilho, Fausto. O conceito de universidade no projeto da UNICAMP. Organizador: Alexandre G. T. de Soares –Campinas, SP: Editora da UNICAMP, 2008.
COSTA, C. F. da. Análise das relações sino-brasileiras a partir da prisão de nove chineses no início do governo militar (1964). Ideias, Campinas, SP, v. 9, n. 2, p. 7–30, 2018. DOI: 10.20396/ideias.v9i2.8655178. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/ideias/article/view/8655178. Acesso em: 8 nov. 2021.
DWYER, Tom Organizador et al. Jovens Universitários em um Mundo em Transformação: uma pesquisa sino-brasileira. 2016. Disponível em: https://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=28162
VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. O mármore e a murta: sobre a inconstância da alma selvagem. In. Viveiros de Castro, E. A inconstância da alma selvagem. São Paulo: Ed. Cosac & Naify, 2002, 181-264.
Moreno , Camila . O Brasil Made in China : para pensar as reconfigurações do capita . .ed. São Paulo : Fundação Rosa Luxemburgo , 2015.
[1] Mesmo o Estado brasileiro tem dificuldades de possuir informações acerca do seu território. Michel Nicolau certa vez apontou a opção pela ênfase na teoria da sociologia brasileira já que uma sociologia com base empírica possui um custo elevado.
[2] A visita pode ser vista pelo Youtube em ‘Visita à China de João Goulart 1961’ a partir do link: https://www.youtube.com/watch?v=kJdopHYmmnk.
[3] Estamos usando o texto: Biato Jr., Oswaldo. 2010. A Parceria Estratégica Sino-Brasileira: origens e perspectivas (1993-2006). Brasília, Fundação Alexandre de Gusmão. Disponível no link: http://funag.gov.br/loja/download/899-A_Parceria_Estrategica_Sino-Brasileira.pdf.  Desde da criação da ONU em 1945 há uma tentativa por parte deste órgão de organizar estudos sobre o que está acontecendo em todos os países. Um dos limites deste órgão é que ele é organizado por agentes de países europeus. Brasil, China, Rússia e Índia (e posteriormente a África do Sul) ao criarem o BRICS tentam atuar junto a ONU e outros Órgãos internacionais para reverter essa situação.
[4] Um dos motivos desse abandono das autoridades brasileiras em relação da população que foi escravizada  decorre do não reconhecimento daquilo que foi produzido pelos escravizado, ou melhor, daquilo que foi produzido em conjunto entre a população libre e a população escravizada.
[5] Em relação ao modelo político três revoluções são importantes: Revolução Inglesa (1640-1688); Revelução Americana (1775-1783); Revolução Francesa (1789-1799). Para uma introdução aos aspectos políticos dessas revoluções podemos assistir às aulas correspondentes no curso de relação internacional de Peter Demant.
[6] Esse cristianismo associado ao Estado é distinto do cristianismo tal como é descrito no Novo Testamento. Dussel (2014) chama o primeiro de Cristandade e o segundo de Cristianismo. Na verdade o que veio para o Brasil foi uma mistura dos dois. O mesmo Dussel e outros, como Viveiros de Castro (2002), apontam que os povos que estavam aqui antes da chegada dos europeus eram mais cristãos do que os próprios europeus, uma vez que se dedicavam a uma vida simples tal como Jesus e seus primeiros discípulos, e que os ditos cristãos eram gananciosos pela terra e pelo comércio.
[7] Uma dessas experiências foram as privatizações de empresas estatais. Podemos sintetizar essa experiência do seguinte modo: um país x pede empréstimos ao pais y para construir infraestrutura urbana (portos, hidroelétricas, saneamento básico, escolas, hospitais, etc). Por meio de impostos o pais x paga essa dívida. Tendo construído essa estrutura pode-se ao mesmo tempo ‘atrair’ as empresas e num segundo momento alugar ou vender a administração dessas estruturas.
[8] Segundo Moreno em 2015 o Brasil era o maior exportador de imagens de satélite. O livro pode ser baixado pelo link: https://rosalux.org.br/o-brasil-made-in-china-3/.
[9] Hoje, em 2021, empresas chinesas e empresas brasileiras são parceiras na produção e distribuição de energia elétrica.
[10] Alguns chamam de capitalismo de Estado, capitalismo com características chinesas, ou mesmo Comunismo de mercado. O nome importa pouco, o que nos parece mais importante é verificar como se dá a relação da China com outros países do mundo.
[11] Segundo Valter Pomar em sua apresentação da historia da China de 210 a.C. até 1950 houve 24 dinastias que se sucederam no poder do Império Chinês. As principais são: Yuam (1271-1368), Ming (1368-1644), Qin ou Manchur (1614-1911). De 1911 até 1949 houve guerra civil. Em 1949 assumiu o poder o Partido Comunista vencendo o partido nacionalista que se refugiou em Taiwan.
[12] “uma teia de relações sociais ligadas ao parentesco é específica para cada pessoa, cada teia tem um eu como centro, e cada teia tem um centro diferente” (p.62).
[13] Fei a partir de Confúcio apresenta esses valores em contraposição a dois valores que para ele são predominantes no ocidente, o amor fraterno e o ideal de igualdade. Este último é fruto de uma sociedade que se constituiu a partir da guerra e do confronto.
[14] É preciso lembrar que o trabalho de Fei Xiaotong é de meados do século XX.
[15] Segundo Biato (2010) o governo Chinês propôs as ZEEs observando a zona franca de Manaus no Brasil.
[16] Podemos estender para o ensino de Filosofia, Sociologia, História, Literatura, Matemática, entre outros.



Sociologia.contenporanea.China

 Sociologia Contemporânea: China (para todas as turmas)
O impacto da China no Brasil e no mundo é impressionante, por isso é importante termos algumas noções sobre a sua história e sua maneira de se relacionar com o mundo (esse, como os outros, é um tema muito grande, faremos aqui apenas algumas indicações e sugestões para um começo de conversa).
Sobre história mundial
Aulas interessantes sobre a história mundial
http://umaconversasobrefilosofia.blogspot.com/2019/03/sugestoes-de-aulas-de-historia-todas-as.html
A (des)construção histórico-filosófica de Enrique Dussel. Resenha: "Política da libertação 1: História mundial e crítica" (Enrique Dussel). Autores: Leonardo Dinas Nunes e Robson Gabioneta
https://www.ifch.unicamp.br/ojs/index.php/teoriacritica/article/view/3994
Sobre história da China
História das Relações Internacionais - Aula 10 - Os Sistemas Asiáticos: A China - Parte 1
https://www.youtube.com/watch?v=Ya5MAyKD_2U
História das Relações Internacionais - Aula 10 - Os Sistemas Asiáticos: A China - Parte 2
https://www.youtube.com/watch?v=yTRM5MypzBI
Revolução Chinesa, 1911- 1949. Prof. Valter Pomar
https://www.youtube.com/watch?v=q1kQb9RjtBg
China Contemporânea
Expresso Futuro 3ª Temporada (China)
https://www.youtube.com/watch?v=erTFEBPk8hY&list=PLNM2T4DNzmq6l4HZCe9xZuN8LR0e-M99a
Laços e traçados da China pelo planeta: o processo de inserção internacional
https://www.youtube.com/watch?v=C4VBoIFb_4g&t=583s
Canal sobre costumes (cultivo do solo, culinária, costumes). Liziqi
https://www.youtube.com/watch?v=J4Y12QLEaXs&list=PLF-q-IGQQb1s75tOIMBKaXFH6JEweFmsU
Relações entre China e Brasil
Biato Jr., Oswaldo. 2010. A Parceria Estratégica Sino-Brasileira: origens e perspectivas (1993-2006). Brasília, Fundação Alexandre de Gusmão.
http://funag.gov.br/loja/download/899-A_Parceria_Estrategica_Sino-Brasileira.pdf
DWYER, Tom Organizador et al. Jovens Universitários em um Mundo em Transformação: uma pesquisa sino-brasileira. 2016
https://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=28162
Tese: Laços e Traçados da China no Brasil, Laura Urrejola
https://repositorio.unb.br/bitstream/10482/34946/1/2018_LauraCristinaFeindtUrrejolaSilveira.pdf
Embaixada da República Popular da China no Brasil
http://br.china-embassy.org/por/
VIII Colóquio Internacional sobre Filosofia Oriental da Unicamp. Sessão de Filosofia intercultural Indígena - Mesa redonda - Os espíritos da floresta
https://www.youtube.com/watch?v=UYqVo8zDtBc