Unesp-Historia.e.Filosofia.da.Educação.3semana
3 aula: leis 10.639 e 11.645 (diáspora africana e povos indígenas)
Discursos sobre os povos. De um modo geral pode-se falar que há 4 tipos de discursos sobre os povos tradicionais (em especial nas américas):
1º dos viajantes, missionários, agentes dos impérios (séc. XV-XVII). Com cartas ou relatórios comunicavam aos europeus o que vinham no novo mundo.
2º dos agentes do Estado (séc. XVII-XIX). Realizam estudos para implementar a colonização e a comercialização
3º dos Antropólogos (séc. XX). Realizaram estudos sobre populações fora da dita civilização ocidental. Destaques para: Malinowski no Pacífico; Evans-Pritchard e Radcliffe-Brown na África; Lévi-Strauss com os povos indígena no Brasil; Equipe de Roge Bastide no estudo do negro no Brasil (Florestan Fernandes, Pierre Verger). Em geral, a partir da etnografia, tentam apresentar os modos de vida dessas populações, porém a referência são os modos de vida da população européia.
4º dos próprios povos (final do séc. XX e séc. XXI). Baba King; Sidnei Nogueira; Marcio de Jagun; Muniz Sodré; na música há os sambistas; os rappers; os afoxés da Bahia; funk no Rio de Janeiro. Neste caso a comunicação se dá por meio da correção do que já foi dito tendo como interlocutor o dito Ocidente (Estado, Catolicismo).
Há um 5º discurso que é a comunicação interna de cada povo e uma 6º que seria a comunicação entre esses povos.
Antropólogos de destaques: Manuela Carneiro Cunha e Eduardo Viveiros de Castro
“Bruno Latour, certa vez (ref. a partir de Danowski e Castro, 2013), disse que estaríamos numa “guerra” entre os humanos e os terráqueos. Os primeiros seriam os europeus modernos e todas as suas parafernálias (computador, telefone, cães de guarda, transgênicos etc.), o segundo seriam as populações tradicionais, as populações indígenas, os quilombolas (na sua maioria descendentes de africanos), os agricultores tradicionais, os ribeirinhos, entre outros” (Gabioneta, 2019). Ver:
https://www.academia.edu/40149339/Para_al%C3%A9m_do_humano Indígenas de destaque: Ailton Krenak; Davi kopenawa
No livro “a queda do céu” Davi Kopenawa mostra como os Xapiri (células espirituais) se juntam para criar um ser vivo. Essa descrição é semelhante à concepção de alma das religiões de matriz africana e da descrição dos itinerários das almas feitas por Platão no Fedro.
Na sua tese de doutorado, Gersem Baniwa defende que é um erro as comunidades indígenas deixarem a educação de seus filhos apenas sob a responsabilidade do Estado.
Sobre os tambores africano segue uma oficina de Gabi Guedes: https://www.youtube.com/watch?v=R8pzOwZ5S78&t=25s. Nessa oficina, Guedes destaca que a organização geral dos tambores vindos da África: há dois que fazem a marcação (um no tempo e outro no contratempo) e um outro que dialoga com esses dois, é mais livre para improvisar, para brincar. Outras duas pessoas ligadas a cultura afrobrasileira, Lucia Castro do jongo Dito Ribeiro e Tião Carvalho, em contextos distintos, disseram a mesma coisa. Silva (Salloma Salomão) fala das multiplicidades de instrumentos musicais encontrados na África. https://sapientia.pucsp.br/handle/handle/13185
Em primeiro lugar, é preciso dizer que não há unidade quando se fala de população brasileira. O que há é uma disputa que às vezes é mais evidente, sendo outras mais difusas. Do mesmo modo com os povos da diáspora africana e com os povos indígenas, e mesmo os povos de origem europeia que vieram colonizar aquilo que chamamos América. Apesar disso, e aqui estamos seguindo o método de Platão de fazer sínteses provisórias que, depois de investigadas, serão alteradas, há alguns consensos. A população africana foi retirada a fora da África e escravizada ajudou a construir o Brasil, as américas (e mesmo o mundo), quer cidadania plena, quer usufruir aquilo que ela ajudou a produzir; por outro lado, os povos indígenas querem manter seu modo de vida, suas culturas, exigindo que invasores saiam do seu território. Unindo as duas reivindicações, podemos dizer que os dois grupos defendem o direito à terra para garantir a sua sobrevivência.
Nancy Frazer sintetiza isso em redistribuição e reconhecimento (2001). Mas observem que ela nada fala sobre a sobrevivência pela terra, me parece que sua preocupação é com os ambientes urbanos.
Porém, e essa é a questão das nossas vidas, somos todos terráqueos, uma vez que (pelo menos por enquanto) vivemos daquilo que vem da terra.
Jerá Guarani disse que sua comunidade (ou pelo menos parte dela) levou 6 anos para ‘tornar-se selvagem’, e nós, quantos anos precisamos para nos tornarmos selvagens e vivermos sem a dependência do Estado?
Castro EV de. Os pronomes cosmológicos e o perspectivismo ameríndio. Mana [Internet]. 1996Oct;2(2):115–44. 117. Tipicamente, os humanos, em condições normais, vêem os humanos como humanos, os animais como animais e os espíritos (se os vêem) como espíritos; já os animais (predadores) e os espíritos vêem os humanos como animais (de presa), ao passo que os animais (de presa) vêem os humanos como espíritos ou como animais (predadores). Em troca, os animais e espíritos se vêem como humanos: apreendem-se como (ou se tornam) antropomorfos quando estão em suas próprias casas ou aldeias, e experimentam seus próprios hábitos e características sob a espécie da cultura — vêem seu alimento como alimento humano (os jaguares vêem o sangue como cauim, os mortos vêem os grilos como peixes, os urubus vêem os vermes da carne podre como peixe assado etc.), seus atributos corporais (pelagem, plumas, garras, bicos etc.) como adornos ou instrumentos culturais, seu sistema social como organizado do mesmo modo que as instituições humanas (com chefes, xamãs, festas, ritos etc.). 134. As cosmologias ameríndias dedicam igual ou maior interesse à caracterização do modo como os mortos vêem o mundo que à visão dos animais, e, como no caso destes, comprazem-se em sublinhar as diferenças radicais em relação ao mundo dos vivos. Os mortos, a rigor, não são humanos, estando definitivamente separados de seus corpos. Espírito definido por sua disjunção com um corpo humano, um morto é então atraído logicamente pelos corpos animais; por isso, morrer é se transformar em animal (Pollock 1985:95; Vilaça 1992:247-255; Turner 1995:152), como é se transformar em outras figuras da alteridade corporal, os afins e os inimigos. Dessa forma, se o animismo afirma uma continuidade subjetiva e social entre humanos e animais, seu complemento somático, o perspectivismo, estabelece uma descontinuidade objetiva, igualmente social, entre humanos vivos e humanos mortos. (As religiões fundadas no culto de ancestrais parecem fazer a postulação inversa: a identidade espiritual atravessa a barreira corporal da morte, os vivos e os mortos são semelhantes na medida em que manifestam o mesmo espírito — ancestralidade sobre-humana e possessão espiritual, de um lado, animalização dos mortos e metamorfose corporal, do outro...)
CASTRO, Eduardo V. 2002. “O mármore e a murta: sobre a inconstância da alma selvagem”. In: ______. A inconstância da alma selvagem. São Paulo: Cosac Naify. pp. 181-264. (estou citando a partir desta). Síntese
126. Sermão do Espírito Santo (1657 de Antonio Vieira compara os indígenas (em especial os Tupinambá da costa) a murta, planta decorativa, pois eles são maleáveis, e os europeus ao mármore que, apesar de sólida (ou mesmo por isso) gera estátuas que duram no tempo. 127. Devido a essa inconstância dos indígenas, justificou-se a importação de mão-de-obra africana. 128. Vieira reclama os impedimentos da conversão dos indígenas: tem muitas mulheres, bebem vinhos e fazem guerra. Estratégia catequética: reunião, fixação, sujeição, educação. 130. Os europeus viam a religião como sistema cultural. Nóbrega diz que os indígenas “dizem que querem ser como nós” (1959). 132. Porém eles não perceberam que o fundamento dos Tupinambá era a relação com os outros. A questão é que as narrativas europeias se fundam na dicotomia absorção ou resistência. 135. Os xamãs-profetas tupinambá chamavam os padres e depois todos os portugueses de karaiba. 137. Os europeus viam os indígenas como animais úteis ou cristãos em potência; os Tupi viam os europeus como uma possibilidade de “alargar a condição humana”. 138. a inconstância era uma abertura para a troca. 139. cultura é “um conjunto de estruturas potenciais da experiência, capaz de suportar conteúdos tradicionais variados e de absorver novos”. 139. Os missionários usaram a mesma estratégia dos xamãs: pregação matinal; uso do canto; promessa. 144. os selvagens não obedeciam ninguém: não tinham fé, lei ou rei. 150. vingança guerreira: canibalismo, poligamia, bebedeiras, acumulação de nomes, honras. Os homens eram responsáveis pela captura e morte dos inimigos; as mulheres pela produção de cauim; sem isso eles não se consideravam adultos. 152-153. cumplicidade entre os cativos e captores, bebiam, dançavam, tornaram-se cunhados. 155. a memória do passado (onde o cativo matou) e do futuro (os meus vão vingar). 182 nota 47 ninguém fugia pois se o fizesse não era aceito pela comunidade. 160. os padres convenceram os governadores-gerais a definirem o canibalismo como crime; inicia-se a guerra contra os indígenas. 164. a opinião dos jesuítas sobre as bebidas assemelha-se aos discursos modernos sobre as drogas. 171. os jesuítas internaram os jovens índios para os doutrinar.
Vagner Gonçalves Silva (org.), Através das águas: os bantu na formação do Brasil, 2023. Síntese. Cap.1. Katuvanjesi, Bantu no Br. 16. bantu foi o primeiro povo trazido para o br. 26. a “terra não é objeto de negócio”. 28. Ntu — Sou porque somos! cap.2. Mello e Souza, bantu na Af. e Br. há muitas coisas escritas em arabe no norte da Af. desde o sec. IX e em línguas europeias desde o sec. XV. 36. entre os escravizados vindo de 1580 a 1850, 75% era banto. 37. as informações vêm de: documentos administrativos, relatos de viajantes e atas de irmandades pretas. 37. a presença bantu na cultura: samba, jongo, capoeira, umbanda. cap.3 Kabengele Munanga, resistências. 43. parte da documentação foi destruída. 44. Nina Rodrigues começou a pesquisa no br e Arthu Ramos deu continuidade; povos que foram trazidos para o br: 1) yoruba ou nagô, jêje, fons, ewê, fanti-ashanti; 2) A área dos povos de línguas bantu; 3) negros malês — peul ou fula, mandinga, haussa, tapa, gurunsi etc. 45. os bantu criaram o quilombo (em Af. era um lugar de iniciação a guerra); é um modelo plurirracial. 47. Clóvis Moura levantou 44 quilombos em PE, Ba, SP, Ma, MG, Am; o maior foi em Alagoas, o quilombo dos Palmares, existiu de 1597 a 1692; líderes Ganga Zumba e Zumbi. 49 a partir de Placide Tempels “a relação das forças vitais reserva uma posição de destaque ao culto dos ancestrais ou antepassados”. Outro pesquisador importante foi Roger Bastide. 52. José Ramos Tinhorão destaca a “eleição do Rei do Congo” tornou-se “Reinados de Congos”, “Congadas”, Congados” e “Congos” em MG. cap.4 Slenes, segunda escravidão 1781-1888. 57. protesto negro depois da abolição: “Dona Raínha me deu cama / Não me deu banco p´ra me sentar”. 58. entre 1781-1850, foi o período que mais trouxeram escravizados para o sudeste, a sua maioria da África Centro-Ocidental. se estuda pouco a agencia dos escravizados. 66. depois de 1850, com a proibição do tráfico, houve comércio interno. nota 25 Transatlantic Slave Trade Database (www.slavevoyages.org). 69. cogita-se que os bantu eram uma sociedade de “caçadores-coletores [que] viviam em sociedades igualitárias e cooperativas”. 72. o primeiro contato portugues com o reino do Kongo foi em 1483, trocando armas por mercadorias, em especial escravos, promovendo a guerra. 77. nota 51 “De acordo com o censo de 1872, nas províncias de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro, respectivamente 68,5, 57,0 e 37,9% da população de cor (categorias “preto” e “pardo” do censo) eram “livres”.” 2 APORTES LINGUÍSTICOS. 123. 2.1 O português afro-banto-brasileiro Margarida Petter. Coube aos missionários (padres) o trabalho de entender as línguas africanas e indígenas. 127. apesar de não haver registros de línguas africanas no sec. XIX e XX, os terreiros e os quilombos guardam essa tradição. 134. “As palavras são do português, mas a fonologia, a semântica e a sintaxe têm a marca africana.”. Cap.2.2. Yeada P. Castro, redescoberta bantu no br. 141. a população vinda da Af. é a maior do br. 146. formam o portugês: linguas romanicas (portugues); línguas indígenas (tupi); línguas nigero-congolesa (bantu primeiro depois ewe-fon e yorubá). 3 COSMOLOGIAS CENTRO-AFRICANAS E AFRO-BRASILEIRAS. 3.1. Bunseki Fu-Kiau, o “V”. 152. V é a vida em si, o big bang explodiu em V. 153. “No plano horizontal, ele se pode mover em quatro direções: para frente, para trás, para a esquerda e para a direita [...] O plano vertical permite ao ser humano andar para baixo, para cima, e, para a saúde “perfeita”, verdadeiro autoconhecimento e autocura, permite-lhe que caminhe para dentro.” 156. “o corpo não pode ser curado, a menos que o estado “primitivo” do núcleo seja restabelecido.” “nossos “Vs” individuais e coletivos, nós as estreitamos ou destruímos, e a nós mesmos, instantaneamente, por meio de abusos, tais como drogas, aprisionamento mental, comida, vulgaridade e ignorância. 157. “Ademais, esses pontos de demarcação, no pensamento Bântu-Kôngo, são os quatro grandes “sóis” de todos os processos de formação de mudança. O primeiro (sol Musoni) é o sol do “ir para” [lutumu lwa mvangumunu] todos os começos; o segundo (sol Kala) é o sol de todos os nascimentos; o terceiro (sol Tukula) é o sol da maturidade, liderança e criatividade; o quarto (sol Luvèmba) é o sol da última e maior mudança de todas, a morte (Fu-Kiau, 1980).” 163-164. Tem formato de V as plantas, montanhas, rios, pássaros, peixes, animais, nossas máquinas. cap.3.3. Wyatt MacGaffey, Fetichismo. 177. Nse-mi Isaki (1915) explica o nkisi: coisas para ajudar um doente (amuleto), esconderijo das almas, tem vida mas é diferente das pessoas; sua composição (ingredientes e cantos) devem ser originais. cap.3.4. Marcussi, o vento em salvador (1753). Bastide acha que as religiões bantu só poderiam ser praticadas na Af., por isso elas teriam sido absorvidas por outras, como a iorubá. 203-204. relato de como os ventos do calundu é passado pelas gerações. cap.3.5. Robert Daibert Junior, A “Dança de negros” de Zacharias Wagener (Recife 1634-1641)
223. Figura 1. Dança de Negros. WAGENER, Zacharias. Prancha 105. In: TEIXEIRA, Dante Martins. (org.). Brasil Holandês: “Thierbuch” e a “Autobiografia” de Zacharias Wagener. v. 2. Rio de Janeiro: Index, 1997, p. 193

Junior critica a interpretação de Wagener sobre o ritual negro. 225-227. A cosmovisão banto é dividida entre: “[... divindade suprema (Kalunga, Zambi, Lessa, Mvidie, entre outros nomes), os arquipatriarcas, os espíritos da natureza, os ancestrais e os antepassados. No segundo grupo, estão situados os reis, os chefes de reino, tribo, clã ou família, os especialistas da magia, os anciãos, a comunidade, o ser humano, os animais, os vegetais, os minerais, os fenômenos naturais e os astros (Altuna, 1985, pp. 58- 61).” 227. no br, em respeito aos ‘donos da terra’, invocavam os caboclos. 229. valores positivos: fecundidade, caça, colheitas, segurança, prosperidade; valores negativos: doença, morte, escravidão, entre outros. a energia vital é transmitida por deus a todos. 231. enterram seus mortos com aquilo que usavam em vida para poder fazer a passagem. 233. ofereciam aos mortos oferendas; nos rituais de possessão tinha a adivinhação (conversas) e a cura de doenças (com ervas para a pessoa vomitar e/ou defecar o mal). cap.3.6. Esmeraldo Emetério de Santana, nação angola. 253. “angola é uma mistura de cambinda, moçambique, munjola, quicongo”. Na senzala as nações se misturaram. 254. Toques da nação angola: munjola, cabula, barravento, rebate.
Queto Angola
Ogum Incoce
Ossaim Catendê
Oxóssi o Odé Mutacalombo, Burugunço, nome de dois Oxóssi
Xangô, Obacossô Zaze, Lumbondo, Luango… que nome bonito!
Obaluaiê, Xapanã (jeje) Insumbo, Tingongo. Para que nome mais bonito que Tingongo?
Logum Edé Gongobira, espécie de Oxóssi, mas é a mesma coisa que Logum Edé
Aro-Aro Tempo dia Baganga, Caiti Quindimbanda, Cuqueto
Oxumarê, Bessem (jeje) Angorô
Erê, Beji Vúnji
Oxalá Lemba, Lembarenganga, e outros nomescap.3.7. Valdina Pinto, nação angola. 266. no terreiro, antes de governar o sujeito deve ser criança, iniciado. 268-270. palavras chaves: futu (caixa com remédios; objetos pessoas); nkisi (conteúdo secreto do futu; remédio); kanga (sela, fecha o futu); kalunga (o todo, Zambi); Mu-diambu-dia (“em intenção de”); Moyo (poder vital, mãe universal). 271 “O Nkisi que tem domínio dos caminhos, das estradas, que tem a função de mensageiro que usualmente chamamos de Unjila, Unjira, Bombonjira, Cariapemba, Padilha vindo dos termos Nboombo Nzila, Mpoombo Nzila, Mpaambo Nzila, Nkadi a Mpemba, Madya Mpadya; este Nkisi é equivalente a Exu da nação queto e Elegbara da nação jeje.” “Um outro Nkisi que também divide o domínio das estradas com Unjira é Nkosi ou Hoji Mukumbi que também domina os metais, é o [ 272 ] patrono, o protetor dos ferreiros, dos que dominam a arte de fabricar instrumentos agrícolas e armas; é o condutor de caravanas nas florestas, é o que dá caminho, que vai na frente; é o patrono dos combates, das lutas por justa causa. É o equivalente a Ogum do queto e Gu do jeje.”. 272. “O Nkisi das matas, o dono do segredo, da essência das folhas é Katendê também chamado de Kaité, Kaitumba. Katendê, como os Nkisi ligados à água, à terra, tem uma importância muito grande para nós do candomblé porque folhas, plantas e água são fundamentais para a nossa religião; Katendê é o equivalente a Ossaim no queto e Agué do jeje.” “O domínio dos céus, dos astros fica por conta de Zazi ou Zaji, do termo Nzazi, o raio, o trovão; Zazi é equivalente a Xangô do queto e Badé do jeje.” “O domínio das águas, sobretudo dos lagos, das fontes, dos regatos é do Nkisi Dandalunda, de Kisiimbi, equivalente ao orixá Oxum. [...] Lemba (Oxalá) é o Nkisi da reunificação, da paz, da conciliação, da geração, o pai ancestral dos demais Nkisi.”
historiadores de destaque sobre a questão da escravidão: Luis Felipe de Alencastro (O trato dos Viventes); Carlos Gabriel Guimarães (A presença britânica no Império do Brasil); Sidney Chalhoub (Trabalho, lar e botequim: o cotidiano dos trabalhadores no Rio de Janeiro da Belle Époque).
bibliografia básica (obrigatória)
Castro EV de. Os pronomes cosmológicos e o perspectivismo ameríndio. Mana [Internet]. 1996Oct;2(2):115–44.
Gabioneta, R. Raízes do povo brasileiro: O que é o Brasil, qual é a origem de sua riqueza? Revista Humanitas no. 14145. São Paulo: Escala. 2021, p. 32-37.
GUARANI, Jerá. Tornar-se selvagem. PISEAGRAMA, Belo Horizonte, n. 14, p. 12-19, jul. 2020. Disponível em: https://piseagrama.org/artigos/tornar-se-selvagem/. Acesso em: 10 de mar. de 2024.
Ojuara, Hugo e Bastos, Fernanda. Preto Demais . Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=1uxXYkWfIpE. Acesso em: 10 de mar. de 2024.
Bibliografia complementar
ALMEIDA, S. Racismo estrutural. São Paulo: Pólen, 2019. 264 p.
BOTÃO. U. Dos S.; SILVA, S. Narrativas Quilombolas. p. 38 – 55. São Paulo. SÃO PAULO (Estado). Secretaria da Educação do Estado de São Paulo. 2017. Disponível em: https://www.educacao.sp.gov.br/material-didaticonarrativas-quilombolas-e-apresentado-para-rede/. Acesso em: 30.01.2023.
CASTRO, E. V. de. O mármore e a murta: sobre a inconstância da alma selvagem. Revista de Antropologia, [S. l.], v. 35, p. 21-74, 1992. DOI: 10.11606/2179-0892.ra.1992.111318. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/ra/article/view/111318. Acesso em: 22 fev. 2024.
CASTRO, Eduardo V. 2002. “O mármore e a murta: sobre a inconstância da alma selvagem”. In: ______. A inconstância da alma selvagem. São Paulo: Cosac Naify. pp. 181-264. (estou citando a partir desta).
FRASER, N. Da redistribuição ao reconhecimento? Dilemas da justiça da era pós-socialista. In: SOUZA, J. (Org.) Democracia hoje Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2001.
Gabioneta, R. Filosofia na busca pelo diálogo: atividades físicas, plantas, história e ancestrais. Filosofia e Educação, Campinas, SP, v. 12, n. 3, 2021.
__________. HUMANO: uma volta aos seres naturais (e espirituais) da floresta. Filosofia Ciência & Vida, out/2019, ed.153, p.78-80.
__________. Antropologia: novos mundos possíveis: pensando a teoria antropolótica como ciência da mediação de sociedades. Filosofia Ciência & Vida, Abril/2019, ed.149, p.34-39.
__________. Ética e Camdomblé: ética pensada com a religião, em especial com Reginaldo Prandi, mito, música e ensino de Filosofia.
GOMES, Arilson dos Santos; BAKOS, Margaret Marchiori. Aspectos históricos da lei 10.639/03 e a história e cultura afro-brasileira a partir de relatos dos viajantes europeus. Momento - Diálogos em Educação, [S. l.], v. 22, n. 2, p. 19–38, 2014. Disponível em: https://periodicos.furg.br/momento/article/view/4405. Acesso em: 11 mar. 2024.
PRADO, B.M.S. ; PEDRO, R.C. ; GOMES, M. O. . Um olhar sobre a Lei Fed n 11645/08:antecedentes, concepções e evolução. LEOPOLDIANUM (UNISANTOS), v. 44, p. 17-34, 2018.
SILVA, Vagner Gonçalves da et al. Através das águas: os bantu na formação do Brasil. ( Coleção Viramundo). Universidade de São Paulo. Faculdade de Educação, 2023. DOI: https://doi.org/10.11606/9786587047522 Disponível em: www.livrosabertos.abcd.usp.br/portaldelivrosUSP/catalog/book/1189 . Acesso em 22 fevereiro. 2024.
SILVA, “Salloma” Salomão Jovino da. Memórias sonoras da noite: musicalidades africanas no Brasil oitocentista. 431 f. Tese (Doutorado em História). Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2005.
SODRÉ, Muniz. O fascismo da cor: uma radiografia do racismo nacional. Rio de Janeiro: Vozes, 2023.
Sobre as Leis: Dois artigos interessantes apresentam o histórico das leis: a primeira de 2003, Gomes e Bakos em 2014; a segunda, de 2008, Prado, Pedro e Gomes em 2008. Vejamos um trecho do primeiro: “Para Maria Aparecida da Silva Bento, a ideologia da democracia racial passou a se constituir como sinônimo da ideologia da cultura brasileira, naquele momento. Essa ideologia surgiu justamente a partir da publicação de Casa-grande e Senzala, de Gilberto Freyre lançado em 1933. ‘Ao postular a conciliação entre as raças e suavizar o conflito (Gilberto Freyre) ele nega o preconceito e a discriminação (...)’ (BENTO, 2002, p. 48). Munanga (2004) acredita que a contribuição de Freyre foi ter demonstrado que negros, índios e mestiços tiveram contribuições positivas na cultura brasileira: influenciaram profundamente no estilo de vida da classe senhorial em matéria de alimentos, indumentária e sexo, dando origem à mestiçagem cultural. Essa exaltação de convivência harmoniosa impediu os membros das comunidades não brancas de terem consciência dos sutis mecanismos de exclusão sociais, sem consciência de suas características culturais e de uma identidade própria são expropriados, dominados e convertidos em símbolos nacionais pelas elites dirigentes (MUNANGA, 2004, p. 88-89).” (Gomes e Bakos, 2014, p.25)
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