sexta-feira, 24 de maio de 2013

Banquete


Banquete de Platão
texto introdutório: http://revistacult.uol.com.br/home/2010/05/amor-platonico/
download do diálogo Banquete:
http://livrosfilosofiadownload.blogspot.com.br/2012/06/o-banquete-fedon-sofista-e-politico-os.html

Amor platônico é comumente entendido como um amor irrealizável. Mas não achamos algo que corresponda a isso nos diálogos de Platão. Platão falou sobre amor em vários textos, os mais evidentes são três: Banquete, Fedro e Lísias.
No banquete há um encontro de vários homens que revolvem elogiar Eros, o deus grego que traduzimos por amor.
Fedro diz que o amor é o primeiro dos deuses
Pausânias diz que há dois Eros: um celeste e outro terrestre
Erixímaco diz que Eros liga-se aos seres vivos, dando-lhes a vida.
Aristófanes faz o famoso mito do andrógeno que diz que inicialmente o homem era homem e mulher ao mesmo tempo, com este voltou-se contra os deuses, Zeus os dividiu ao meio, por isso homem e mulher buscam a sua metade.
Agatão acha que Eros é o mais jovem e mais belo dos deuses
Sócrates e diotima dizem que amor não é belo nem feio, mas algo entre os dois, o amor é intermediário. Isso porque amor é desejo e quem deseja não tem, logo amor não pode ser bom. Eles contam o mito do nascimento de Eros. E depois falam sobre a ascensão dialética.
Organizei no meio dos discursos tese que podem ser discutidas sobre o amor.
Teses sobre o amor no banquete

178d
Afirmo eu então que todo homem que ama, se fosse descoberto a fazer um ato vergonhoso, ou a sofrê-lo de outrem sem se defender por covardia, visto pelo pai não se envergonharia tanto, nem pelos amigos nem por ninguém mais, como se fosse isto pelo bem-amado. E isso mesmo é o que também no amado nós notamos, que é sobretudo diante dos amantes que ele se envergonha, quando surpreendido em algum ato vergonhoso.
Tese: o amante sente vergonha diante do amado

179ª
e quando lutassem um ao lado do outro, tais soldados venceriam, por poucos que fossem, por assim dizer todos os homens.
Tese: o amor faz com que os homens vencem as guerras

181e
Seria preciso haver uma lei proibindo que se amassem os meninos, a fim de que não se perdesse na incerteza tanto esforço;
Tese: é preciso proibir os jovens de se amarem

182d
A quem, com efeito, tenha considerado que se diz ser mais belo amar claramente que às ocultas,
Tese: deve-se amar às claras

183e
E é mau aquele amante popular, que ama o corpo mais que a alma; pois não é ele constante, por amar um objeto que também não é constante.
Tese: deve-se amar a alma mais que o corpo

186a
que porém não está ele apenas nas almas dos homens, e para com os belos jovens, mas também nas outras partes, e para com muitos outros objetos, nos corpos de todos os outros animais, nas plantas da terra e por assim dizer em todos os seres
Tese: o amor está em tudo

187c
E assim, também a música, no tocante à harmonia e ao ritmo, é ciência dos fenômenos amorosos.

189d
Mito do andrógeno
Tese: os amantes buscam as suas metades

192e
é portanto ao desejo e procura do todo que se dá o nome de amor.
Tese: amor é desejo

193c
que é assim que nossa raça se tornaria feliz, se plenamente realizássemos o amor, e o seu próprio amado cada um encontrasse, tornado à sua primitiva natureza.
Tese: o amor sacia o desejo

195d
seus pés são delicados; pois não sobre o solo se move, mas sobre as cabeças dos homens ela anda.

196e
Da justiça portanto, da temperança e da coragem do deus, está dito; da
sua sabedoria porém resta dizer;
Tese:

200a
— E é quando tem isso mesmo que deseja e ama que ele então deseja e ama, ou quando não tem?
— Quando não tem, como é bem provável — disse Agatão.
Tese: amor é desejo

201b
— Não está então admitido que aquilo de que é carente e que não tem é o
que ele ama?
— Sim — disse ele.
— Carece então de beleza o Amor, e não a tem?
— É forçoso.
— E então? O que carece de beleza e de modo algum a possui, porventura
dizes tu que é belo?
— Não, sem dúvida.
— Se portanto o Amor é carente do que é belo, e o que é bom é belo,
também do que é bom seria ele carente.
Tese: amor é desejo, então quem ama não tem aquilo que ama, logo amor não pode ser belo ou bom, mas algo intermediário.

202a
E eu então: — Que dizes, ó Diotima? É feio então o Amor, e mau?
E ela: — Não vais te calar? Acaso pensas que o que não for belo, é forçoso ser feio?
— Exatamente.
— E também se não for sábio é ignorante? Ou não percebeste que existe algo entre sabedoria e ignorância?
Tese: amor está entre a sabedoria e a ignorância

203b e seg. mito do nascimento de Eros

204 d-e (quem adquire o amor fica feliz)

204c-d
— Todavia — continuou ela — tu sabes que estes não são denominados poetas, mas têm outros nomes, enquanto que de toda a "poesia" uma única parcela foi destacada, a que se refere à música e aos versos, e com o nome do todo é denominada. Poesia é com efeito só isso que se chama, e os que têm essa parte da poesia, poetas.
— É verdade — disse-lhe.
— Pois assim também é com o amor. Em geral, todo esse desejo do que é bom e de ser feliz, eis o que é "o supremo e insidioso amor, para todo homem", no entanto, enquanto uns, porque se voltam para ele por vários outros caminhos, ou pela riqueza ou pelo amor à ginástica ou à sabedoria, nem se diz que amam nem que são amantes, outros ao contrário, procedendo e empenhando-se numa só forma, detêm o nome do todo, de amor, de amar e de amantes.

207e
E não é que é só no corpo, mas também na alma os modos, os costumes, as opiniões, desejos, prazeres, aflições, temores, cada um desses afetos jamais permanece o mesmo em cada um de nós, mas uns nascem, outros morrem.

No diálogo Fedro o personagem Fedro lê o discurso de Lisias que defende que deve-se entregar a quem não se ama uma vez que aquele que ama quer exclusividade do seu amado não querendo que esse conviva com outras pessoas. Sócrates, por sua vez, faz um discurso corroborando com essa tese. Para tanto usa o seguinte exemplo: um belo jovem tinha vários admiradores, um deles, para ganhar a disputa, convence-o de que deve-se amar aquele que não se ama, a justificativa é a mesma, o amante quer o amado apenas para ele. Logo em seguida, para se retratar, Sócrates faz outro discurso para corrigir o anterior. Ele diz que sem Eros as coisas ficam mecânicas e sem valor. Diz também que os maiores benefícios da cidade foram feitos por homens apaixonados. Um poeta, por exemplo, sem amor, apenas com a técnica produz uma poesia sem valor.
Trecho forte: 255d
“ele também ama, porém não sabe a quem ama por não perceber que ele se vê no seu amante como num espelho: junto dele esquece-se, longe deseja-o”

No lisias é dito que para se conquistar o amado deve-se não elogiá-lo, mas ao contrario diminuí-lo.

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