Platão - Teeteto
O diálogo Teeteto de Platão é o texto mais antigo sobre filosofia da ciência. Nele há três definições de conhecimento que são apresentadas, investigadas e criticadas. Vejamos algumas questões:
1ª definição: conhecimento é percepção e/ou percepção é conhecimento
Conhecemos as coisas a partir dos nossos sentidos. Se for assim, liste quais os possíveis conhecimentos que podem ser adquiridos com cada um dos sentidos: a visão, olfato, paladar, audição, tato e o chamado sexto sentido.
Porém, pode acontecer de duas pessoas perceberem coisas diferentes a partir do mesmo objeto. Nesta situação, qual das duas pessoas terá conhecimento? Como podemos saber qual das duas pessoas melhor percebeu o objeto ele mesmo? É possível que uma perceba melhor que a outra? É possível que uma pessoa tenha os sentidos mais desenvolvidos do que outra?
Quando nascemos somos capazes de sentir ou precisamos aprender a usar nossos sentidos? O que nossos pais nos ensinaram sobre nossa sensibilidade, ou sobre nossa maneira de sentir as coisas? Esse histórico de sensações e orientações dos nosso pais – por exemplo, o que comer – fica registrado onde? E quando ainda não falamos, como percebemos as coisas? Como se dá nossa percepção quando não sabemos o que a coisa é? E quando sabemos, muda? Como usamos a linguagem nas sensações que temos?
Como são nossas sensações quando nossos sentidos estão alterados? Por exemplo, quando estamos com sono ou doentes?
Podemos pensar coisas sem as sensações? Por exemplo: a igualdade ou a diferença pode ser pensadas sem a sensação?
Muitas coisas, como uma planta, começa a existir, desenvolve-se e depois perece. Nossos sentidos podem nos fornecer informações sobre como ocorre este processo? E em relação as pessoas, como os sentidos podemos julgá-las? Conseguimos definir o que é uma pessoa boa ou má, justa ou injusta, feia ou bonita? E em relação a problemas éticos, como a justiça, podemos perceber o que é justo?
A alma é o órgão que capta os sentidos, guarda o histórico das sensações, aprende a usar a linguagem. A alma une essas categorias e ora manipula com uma, ora com outra e ora com as duas.
2ª definição: conhecimento é opinião verdadeira
Uma opinião é um juízo, um pensamento, uma idéia, sobre determinado objeto, sobre as pessoas, sobre os problemas éticos, sobre o mundo e sobre os deuses. Quais são as opiniões mais comum sobre cada um deles?
Se há opinião verdadeira há opiniões falsas? Existe opiniões que são verdadeiras, falsas ou que são parte verdadeira e parte falsa?
Podemos aprender algo, por exemplo a chutar uma bola, e depois, com o tempo, esquecer o que foi aprendido? Se é possível esquecer, como fazemos para lembrar?
Vamos supor que a alma seja uma porção de cera e a medida que vamos tendo sensações vamos registrando-as. O que acontece quando estamos diante de uma sensação semelhante a outra e não igual? Corremos o risco de confundi-las, ou seja, de tomar uma pela outra. Nesta situação temos uma opinião falsa. Tente-se lembrar de situações onde você formulou opiniões falsas.
Vamos supor agora que a alma é uma gaiola e que os pássaros são conhecimentos. Para usar cada um dos conhecimentos que um dia foram presos temos que pegá-lo dentro da gaiola e usá-los. Porém como os conhecimentos (pássaros) então em movimentos corremos o risco de pegar um achando que estamos pegando o outro. Nesta situação também ocorre a opinião falsa. Tente-se lembrar de quais conhecimentos você conseguiu prender dentro de sua gaiola. Lembre-se também de quando você usou este conhecimento que está na sua alma.
3ª definição: conhecimento é opinião verdadeira acompanhado da explicação racional
Aristóteles
Aristóteles na Metafísica e nos Segundos Analíticos apresenta os princípios do que para ele deve ser a ciência. Antes porém, de falarmos disso, é importante salientar que para Aristóteles, o conhecimento científico é um saber certo, é um saber que não pode ser de outro modo. O conhecimento científico de um determinado objeto precisa ser tal que descreva o objeto exatamente como ele é, nem mais nem menos, o ser descrito precisa ser idêntico a ele próprio.
Então na busca de princípios para o conhecimento científico, Aristóteles formulo o mais elementar de todos: o Princípio da não Contradição (PNC). Ele diz o seguinte: “o mesmo atributo não pode, ao mesmo tempo pertencer e não pertencer ao mesmo sujeito com relação à mesma coisa”. Este princípio gera outros dois: o princípio do terceiro excluído e o princípio da identidade. O primeiro diz que uma coisa só pode ser algo ou o contrário deste algo; o segundo diz que uma coisa é sempre igual a ela mesma.
Como o conhecimento é da substancia, é do indivíduo, é preciso entender o que Aristóteles entende por isto. Um recurso usado por ele para reconhecer a substancia é a distinção entre ela e os atributos ou categorias que ela recebe. Atributo ou categoria é algo que se atribui a substancia. São elas: tempo, qualidade, quantidade, relação, ação, passividade, lugar, posse, posição.
Outro recurso que Aristóteles cria para entender e conhecer o que ele chama de substancia são os conceitos: ato e potência. Um exemplo pode nos ajudar: uma semente é arvore em potência; quando ela torna-se árvore, ela será árvore em ato. Assim, com os cuidados necessários, a semente torna-se aquilo que ele é, passa da potência para o ato. Identificar isso nas substancias é tarefa do cientista. Ele deve identificar o que cada coisa é no mundo, qual é a potencia e o ato de cada ser.
Aristóteles criou outra teoria para nos ajudar a conhecer as causas da origem do ser: a teoria das quatro causas: material, formal (essência), final e eficiente (origem da mudança).
Com esses conceitos em mente pode-se agora construir conhecimentos científicos, ou seja, construir frases que digam como as coisas são ou como as coisas não são. Para ele, isso é feito por meio de silogismo, isto é, por um conjunto de frases que descrevam a realidade. Essas frases são do tipo S é P. O silogismo mais adequado é: A é B / C é A / C é A. Exemplo: Todos os homens são mortais, Sócrates é homem, logo Sócrates é mortal. Aristóteles chama este silogismo de silogismo dedutivo. Se nesta construção usamos corretamente o conceito de substancia, então, para Aristóteles, temos o conhecimento científico certo e imutável.
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