terça-feira, 31 de outubro de 2023

Sínteses.Platão.3-diálogos.médios.2

Síntese dos diálogos de Platão com vista a título de doutorado em ensino de filosofia pela FE Unicamp. Autor: Robson Gabioneta

Banquete: 
172a-173c. Apolodoro responde a Glauco sobre o banquete divido a vitória da tragédia de Agatão (em 416 a.C.) com a presença de Sócrates e outros. Apolodoro gosta de conversas filosófica, mas não gosta de conversar sobre dinheiro. Apolodoro diz que ouvir de Aristódemo e confirmado por Sócrates.
174d-175d. Aristodemo viu Sócrates banhado e sandália e quer saber onde ele vai. Ele diz que vai até o banquete de Agatão e o convida também. Aristodemo pede para s inventar uma desculpa, porém, S fica paralisado no meio do caminho, de modo que Arist. chega sozinho. Agatão, ao vê-lo, o convida e pergunta por S. Arist diz que ele está a caminho e pede que não envie ninguém para buscá-lo.  S chega no meio do banquete; Ag pede para lhe passar o pensamento; S diz que sabedoria não se passa pelo simples contato e elogia Ag;
Obs: o elogio é discutido no Górgias e Protágoras (346bc. Simonides teve que elogiar um tirano).
176a-178a. Pausânias sugere a moderação na bebida, pois beberam na noite anterior. Erixímaco: pede acordo de Agatão (que dá); todos são fracos na bebida exceto S; a medicina diz que a embriaguez é prejudicial; dispensemos os flautistas e nos distraímos com nossos discursos a Eros, pois, como lembra Fedro, Eros é o único deus que não recebe encômio, começando por Fedro da esquerda para a direita. S diz que só entende de amor e Aristófanes se dedica a Dionísio e Afrodite.
Obs: regras para os discursos no banquete: bebida moderada, sem flautista, elogio a eros, ordem dos discursos. 
Discursos: Fedro (178b-180b): Eros é a divindade mais velha; em Hesiodo vem depois de Caos e Terra; nada grandioso ocorre sem amor; no amante gera vergonha diante de uma má ação; um exército formado de amantes e amados é estruturado; o amor é semelhante a coragem dos heróis em Homero; só o amante morre pelo amor (como Alceste ao seu marido; Orfeu não deu a vida por Eurípides e foi castigado; Aquiles foi enviado a ilha dos bem-aventurados por se vingar de Pátroco); amante é mais divino que amado; Eros leva os homens a virtude e felicidade, na vida e depois da morte.
Obs: Platão e seus amigos investigam a poesia de sua época: 1. Identificou que não haviam discursos apropriados; 2. Cita e analisa os existentes; 3. Atualiza seu conteúdo (traz a virtude por exemplo). 
Discurso de Pausânias (180c-185c): critica o modo como foi proposto o discurso, acho que precisa distinguir os Eros a partir da Afrodite: mais velha, filha de Urano, não tem mãe, é celeste; a mais nova, filha de Zeus e Dione, é vulgar. Só o amor nobre, o celeste, merece encômios; o vulgar precisa ser corrigido. O amor julgar, onde se gosta de mulheres e rapazes, só o ato é importante; o celeste, onde o feminino não participa e o masculino só em idade apropriada, com o buço apontando, promove uma união para sempre. As crianças deveriam ser proibidas de amar. As normas sobre o amor devem ser claras e não complicadas; os tiranos condenam o amor. Não há belo em si, mas de acordo com o efeito de suas ações; a amor vulgar, ao amar o corpo, não é constante; o amor se constrói com o tempo, por isso o amor deve buscar a virtude e não ceder por dinheiro e poder. Pausânias diz que falou de improviso. 
Obs: o discurso de Pausânias é o dobro do Fedro; ele não explica a relação entre eros e Afrodite, nem entre as Afrodites. O amor vulgar deve ser corrigido, contido com vista ao amor celestial.
185cd. Aristófanes pede para Erixímaco: solução para soluço e falar no seu lugar; Erixímaco atende e recomenda: reter a respiração, gargarejar e espirrar. 
Discurso de Eríximaco (185e-188e): o amor está presente em tudo (nos animais, no que nasce da terra, no divino); as pessoas amam coisas diferentes se estão com saúde ou com doença. A medicina é a ciência da relação amorosa entre o cheio e o vazio; o médico muda as disposições do corpo conciliando suas partes; Asclépio é quem governa; na ginastica, agricultura e música, temos a consonância, com diz Heráclito; música é a ciência do amor a harmonia e ao ritmo; o amor temperante, celeste, é o princípio, o amor popular precisa de moderação; em tudo há os dois amores. Nas estações do ano harmonia é saúde; impiedade é não cultuarmos o amor divino. Por fim Erixímaco pede para Aristófanes corrigir alguma falha.
Obs: Fedro < Erixímaco < Pausânias: sem a exata proporção dos amores há caos. Platão debate com médicos (Siqueira-Batista e Schramm, 2004).
Discurso de Aristófanes (189c-193d): discurso diferente de Erixímaco e Pausânias (Fedro?); os homens deveriam louvar eros que é o deus mais amigo. A natureza humana era de três sexo e não dois. Antigamente o homem era como uma bola: quatro mãos e pernas, dois rostos, dois genitais. Eram tão fortes que se voltaram contra os deuses. Zeus ordenou dividi-los ao meio; Apolo foi modelando o corpo de cada um. Cada metade, ao se encontrar, fundiam-se e morriam de fome; Zeus colocou os genitais para frente, os fez procriar e deu a saciedade. Cada um é um símbolo a procura da metade. Eram de três tipos: masculino e feminino; só masculino e só feminino. Se Hefesto se aproxima deles na cama eles podem pedir para viver eternamente juntos, mesmo depois da morte. Devemos encontrar amigos que possuem as mesmas aspirações. Elogiem eros para sermos curados.
Obs: Aristófanes completa o discurso de Erixímaco; é menor apenas que o discurso de Pausânias. Santoro (2014): Platão faz reverência a Dionísio: interpretação simbólica (Aristófanes); ascese contemplativa (Diotima); revelação epóptica (Alcebíades); faz paródia da paródia de Aristónes fez na Aves com o mito de morte e ressurreição de Dionísio. 
Discurso de Agatão (194e-197e): antes de falar é preciso dizer como: ninguém louvou eros (sua natureza), falou apenas de como ela beneficia os homens; eros é o mais belo e foge da velhice, por isso Fedro erra quando diz que é o mais velho. Os deuses brigam por necessidade e não por amor que gera amizade e paz; eros é maleável (úmido) e não resistente (seco). Eros e deformidade estão sempre em guerra, porém eros não ofende nem é ofendido. Participa da justiça, temperança e sabedoria (geração e crescimento dos seres vivos). Deuses estão sob direção do amor: Apolo com arco, medicina e adivinhação; melodia das Musas; forja de Hefesto; tecer de Atena; domínio de Zeus. Aos homens eros gera: solidariedade; reuniões; festas, coros, sacrifícios. Diz a Fedro que o discurso foi sério e brincalhão.
Obs: do mesmo tamanho do discurso de Erixímaco, maiores apenas que do Fedro. De fato, explicitamente só ele falou da natureza de eros (jovem, maleável, não se relaciona com a ofensa; participa da virtude); porém é semelhante a Pausânias (idade de eros, virtude); Erixímaco (amor está em tudo). 
188de. Sócrates fala em particular com Erixímaco: não sabe elogiar; os outros discursos só qualificam eros como belo sem verificar a realidade dos fatos. 
199ab. Sócrates pergunta a Fedro se pode discursar como se fala, fazendo perguntas a Agatão.
Discurso de Sócrates (199c-212b): Conversa com Agatão (199c-201c); conversa com Diotima (201d-203a); mito do nascimento de eros contado e explicado por Diotima (203b-204a); volta a conversa entre Sócrates e Diotima (204b-109e); Diotima apresenta o caminho para o amor (210a-2011c). 
Conversa com Agatão (199c-201c): elogia método de Agatão (o que é eros e suas obras); quem ama, ama algo (como o pai e mãe só o são por causa do filho); quem ama deseja, quem deseja não tem e quem tem não deseja (como o grande e forte); quem possui deseja continuar possuindo. Quem não possui, almeja o que: não tem; não existe (não é ele próprio); o que carece. Relembra fala de Agatão: só se ama o belo, não o feio (197bc: o amor não pousa no feio); porém concordaram que amor é desprovido do belo e do bom. 
Conversa com Diotima (201d-203a): método de Agatão (modificado) (o que seja amor, como se manifesta, suas obras). Diotima não concorda que eros seja belo ou feio, mas intermediário, como a opinião verdadeira (reta) que está entre a sabedoria e a ignorância. Para ela eros é um tipo de demônio (gênio), entre o imortal e mortal, que une deuses (ordena) e mortais (preces e sacrifícios), ligando o todo a si, pelo diálogo. 
Mito do nascimento de eros contado e explicado por Diotima (203b-204a): os deuses festejam o nascimento de Afrodite; Recurso bebe néctar e adormece; Pobreza deita-se com Recurso e gera Eros, servidor de Afrodite. Eros é pobre, mendigo, mas procura o belo e o bom, amigo da sabedoria, filósofo e sofista, adquire hoje e perde amanhã. Nem é sábio ou ignorante, mas intermediário (como o ‘só sei que nada sei’).
Volta a conversa entre Sócrates e Diotima (204b-109e): só se dedica a filosofia quem não é ignorante ou sábio. O amado é belo e perfeito, o amante é de natureza distinta. S: como eros é útil aos homens? Quem ama o belo e o bom visa possuí-lo com vista a felicidade. S: porque uns amam e outros não? D: criação é a passagem do não-ser para a existência, trabalho dos criadores, que recebem vários nomes, como os amores. A busca da metade só se dá quando o todo for bom; pela geração a humanidade participa da imortalidade, é o poder fecundante do jovem. Com os animais, sem a reflexão humana, na fecundação e na criação dos filhos, eles tornam-se fortes contra a adversidades (outros animais, fome). Na geração o novo substitui o velho, tanto nos elementos do corpo (sangue, ossos), como nos elementos da alma (costumes, opiniões), as coisas não são permanentes, como o conhecimento. A imortalidade é buscada pela glória e pela fama. Os fecundos pelo corpo geram filhos; os fecundos da alma a sabedoria e as virtudes, em especial o governo da casa e da cidade com a prudência e a justiça, procuram jovens para doutrinar, como vemos em Homero, Hesíodo e nos legisladores. 
Diotima apresenta o caminho para o amor (210a-2011c): frequentar belos corpos e produzir belos discursos; beleza da alma para formação dos jovens; contemplação das leis e tradições; estudo da ciência; o que existe por si e em si mesma que não nasce nem morre, não se modifica. Do belo corpo para todos os corpos; destes para a belas ações que gera os belos conhecimentos; e deste para o belo em si. 
Obs: o discurso de Sócrates e Diotima é mais que o dobro do discurso de Pausânias, que era o maior discurso. Recupera e corrige outros discursos: Fedro: eros leva a virtude e felicidade (180b); Pausânias: relação entre eros e Afrodite e a passagem do amor vulgar para o celeste (180de), explica a motivação do amor vulgar (181b); Erixímaco: relação entre o cheio e o vazio (186cd); Aristófanes: a busca pela metade só se for bom (191d); Agatão: explicar o modo que se fala (194e), o que eros é (195a), suas manifestações e suas obras. Ordenação dos discursos anteriores para descrever o caminho para o amor: gerar discursos de belas corpos – amor vulgar de Pausânias (180de); pela beleza de todos os corpos contribuir para formação dos jovens – Pausânias (182-184); contemplar leis e tradições – Pausânias (182-184); estudo das ciências - Erixímaco (186cd); contemplação do em si – Fedro (178d). Procedimento investigativo de Platão e seus amigos: conhecimento as pessoas; das tradições e leis; das ciências; do que não precisa de modificação. 
212e-214d. Alcibíades chega embriagado para coroar Agatão, mas ao ver Sócrates coroa ele também. Sócrates pede para Agatão o protege-lo pois Alc causa-lhe incômodos. Exixímaco informa o combinado: elogio a Eros; Alcibíades diz que elogiará S a partir da verdade.
Discurso de Alcibíades (214e-222b): pede para interromper o discurso se não falar a verdade. Sócrates é como silenos que no seu interior guardam as divindades; e como Mársias que com suas composições comovem os homens mostrando a necessidade de se iniciarem ao divino. S o envergonha ao mostrar que ele sem se conhecer quer ocupar-se dos negócios da cidade, o fazendo apenas por popularidade. Sócrates procura jovens se dizendo ignorante e nada sabe, desprezando aquilo que o vulgo aprecia (beleza, riqueza). Alc quer aprender com S entregando-se a ele, como os amantes fazem, porém, S não fez isso e disse a ele que se ‘vê com o espirito quando o os olhos do corpo estão enfraquecidos’. Alc então se deita encima dele, mas dorme como se fosse o irmão mais velho. Isso gerou desorientação e admiração. Na expedição em Potidéia Sócrates era superior em ficar sem comer, ou em comer e beber e andar no gelo; uma vez ficou parado meditando um dia inteiro. S salvou Alcibíades numa batalha sem querer medalha. Na batalha de Délio saiu sem ser molestado pelos inimigos. Sócrates é único, comparável a silenos e sátiros, que dendro de si possuem imagens de virtude. S se finge de amante, mas é simples amigo, enganado muitos, como Cármides, Eutidemo, e agora Agatão. 
Obs: o discurso de Alc é inferior apenas a combinação S/D, sendo o maior em extensão feito por uma só pessoa. Altera os discursos elogiando um mortal; mas mantem os anteriores: S (ao descrever um intermediário); fala de como Eros atua em si. Santoro (2014): Alcibíades é sátiro, porta voz de Dioniso no último estágio: a revelação epóptica. Disputa pela imagem de S na história. S procura jovens eminentes para expedições de guerra (?), e Platão também (?). 
222c-223e. Fim do diálogo: S: a intenção de Alc é me indispor com Ag para que os dois se sujeitem a ele. S pede para Agatão vir ao seu lado para elogia-lo, seguindo o caminho inverso, porém surgem outros convidados. Aristodemo dorme e quando acorda vê Ag, Aris e S bebendo; S defende que o mesmo homem é capaz de fazer comédias e tragédias; os dois dormem; S e Aristodemo partem para suas ocupações habituais.
Fedro
227a-230a. Fedro vem da casa de Lísias com seu discurso sobre o amor que diz deve entregar a quem não se ama. Sócrates sugere um tipo de leitura: ler várias vezes, anotar o mais interessante, espairecer, contar a outro. F e S escolhem um lugar onde Bóreas raptou Oritia. S examina sua natureza pela história. 
Obs: Simultaneidade do tempo; S não é analfabeto, mas louco por discurso, fazendo indicações que são aquelas que praticamos hoje. Continuação das discussões do Banquete: o efeito do amor nas pessoas.
Discurso de Fedro (231a-234c): os amantes, quando cessa o desejo, se arrependem, calculam os prejuízos e trabalho que fizeram; os não amantes não, pois: deliberam sobre o bem ao outro, pensam no próprio interesse. Os amantes, quando trocam de amado, prejudicam o anterior, não aprovando os próprios atos estando perturbados. Os amantes são invejosos e querem mostrar a todos que foram bem sucedidos, inclusive seus apetites são evidentes; os não amantes escolhem o melhor, encontram-se para trocar afeição e para espairecer. Os amantes, por ciúmes, geram inimizades e solidão; os outros observam a vantagem da convivência. Os amantes amam apenas o corpo e não o carácter e os hábitos; os que não amam a união melhora a amizade. O amante elogia sem discernimento coisas sem valor, por isso são mais dignos de piedade do que de inveja; ele, Lísias, se preocupa com o futuro e diz que o amor de filhos, pais e amigos não é desejo. Sugere Lísis: de aos necessitados e não aos merecedores, pois os primeiros demostrarão gratidão, não gozando apenas na mocidade, mas da velhice. Não gere prejuízos, mas amizades recíprocas.  
Obs: relações com o Banquete; tamanho similar aos de Erixímaco e Pausânias; Pausânias: correção do amor julgar pelo celeste (184-185); o que não amam devem corrigir os amantes; Erixímaco: o amor popular (desejo dos amantes) precisa de moderação (187-188); Aristófanes: os amantes devem procurar amigos de mesmas aspirações (192-193); Agatão: benefícios do amor (196-197), aqui prejuízos; Diotima: prática consciente do nascimento de eros (203-204).
234d-236e. Avaliação do discurso de Lísias: S é demoníaco (como no Banquete 202e), porém diz a mesma coisa duas ou três vezes, por dificuldade, por outros interesses ou por ostentação. Fedro ele é muito consistente e não há outro, faça S um melhor.
Discurso de Sócrates (primeiro) (237a-238c): tampa a cabeça de vergonha e chama as musas. Havia um jovem que pela beleza tinha muitos admiradores. Um deles, se fazendo de não apaixonado, tenta convencer o jovem a preterir o que não ama em detrimento do que ama. Ele faz isso com um discurso: quem quer aconselhar deve conhecer o assunto; as pessoas acham que conhecem as essências, mas não estão de acordo. Não cometemos esse erro, vamos investigar o que é o amor. Quem ama deseja, quem não ama deseja o belo, porém como distinguir. Temos em nós dois princípios: a busca pelo prazer (intemperança) e a busca pelo bem (temperança). Há vários tipos de desejos desenfreados, o da comida, da bebida, e o da aparência física, que se chama Eros.
Obs: o discurso de Sócrates (primeiro) é mais curto que o do Fedro. Jogo entre o ‘desinteressado’ e o assediado, ele são: Sócrates e Diotima; Sócrates e Alcibíades, nós e Platão?
Discurso de Sócrates (segundo) (238e-241d): qual proveito ou desvantagens em se dedicar ao apaixonado ou quem não é. O escravo do desejo detesta o igual ou superior, procura rebaixar o amado, para que ele não seja sábio, assim o amor não é proveitoso. Dai ele escolher um sujeito franzino e afeminado, gerando prejuízos em situações de guerra. A companhia do amante é prejudicial ou vantajosa: o apaixonado tem medo da censura dos parentes do amado; como agem o adulado e a cortesã. Os de mesma idade se saciam; já os de idade diferente geram incômodos pois o mais velho, quando volta a si não cumpre as promessas, invertendo a perseguição. Meditemos: a busca pela saciedade não gera amizade, como os lobos aos carneiros (como na Genealogia da Moral de Nietzsche?).
Obs: 2º discurso de S é maior que o 1º e similar ao de Erixímaco. Desigualdade entre amante e amado, como no nascimento de Eros de Diotima. Aqui é o superior que busca ou provoca a inferioridade, lá é o inferior que busca a superioridade gerando Eros (e a filosofia). A inferiorização gera prejuízo em tempos de guerra.
241d-243d. intervalo entre o 2 e 3 discurso de S. Fedro esperava que S fale das vantagens de se entregar a quem não ama; S o que reprovei em um é vantagem do outro. S que sair dali, porém F diz que é 12h e partirão quando refrescar. S diz que recebeu sinal divino para se retratar, por Eros é filha de Afrodite, e como deus não é mal. Lísias deve corrigir seu discurso: o jovem precisa se dedicar a quem ama.
Discurso de Sócrates (terceiro) (244a-257b): S se dirige ao belo jovem com muitos pretendentes: o discurso anteiror é de Fedro, esse de Estesícoro; é mentira dizer que não se deve entregar a quem te ama, pois o delírio não é um mal, mas uma dádiva, tal como Delfos e Dodona beneficiaram Hélade; já Sibila endireitou a vida das pessoas. Manifestações do delírio de da possessão: manikê (prever o futuro); purificar-se diante de um mal; vem das musas com a poesia, ensinando pela celebração do passado. Não cabe discutir se deve preferir o ponderado ou o apaixonado, mas que o delírio dado pelos deuses traz felicidade. Alma humana: é imortal pois se move. Princípio não é gerado e é indestrutível. Imagem da alma: dois cavalos e um cocheiro. Quando a alma cai torna-se mortal ao compor o corpo; quando alada segue os deuses. Zeus abre a macha seguido por 11 deuses na contemplação da verdade (justiça, temperança, conhecimento). As almas que se alimentam da opinião: passam uma na frente das outras; lutam e perdem as asas. Ordem das almas: 1ª Amigo da sabedoria, das Musas e do amor; 2ª rei ou guerreiro; 3ª político, economista ou comerciante; 4ª ginasta ou curador do corpo; 5ª adivinho ou iniciado nos mistérios; poeta ou artista da imitação; 7ª artista ou lavrador; 8ª sofista ou demagogo; 9ª tirano. A alma humana pode ir para um animal ou vice versa, porém homem é capaz de compreender a ideia (unidade reflexiva das sensações); a lembrança de viajar com a divindade é reminiscência. Ela, a rem., causa entusiasmo e falta de domínio. Os inexperientes querem procriar; os iniciados de pouco: se emocionam, venerando a divindade; abrem os poros para o surgimento das asas; quer o amado a qualquer custo. Os homens chamam isso de amor, os deuses não. Cada deus exige um culto e uma imitação, tanto do amante como do amado; Zeus suporta o fardo; Ares comete crimes. Volta do cocheiro e dos dois cavalos: o primeiro é ereto e moderado, obedece de primeira; o segundo teimoso, obedece no chicote. Este, diante do mancebo, leva os outros dois para o amor; o cocheiro puxa, gerando sofrimento e o pavor diante da imagem. O amado é honrado como um deus, mesmo com conselhos de que tal relação é vergonhosa aceita o afeto; ambos esquecem do sofrimento; refletem um o amor do outro; um exige do outro recompensas e na impiedade da desproporção tornam-se inimigos. Os deuses proíbem aos iniciados a descido no subterrâneo. Sócrates pede desculpa a Eros, oferece o discurso como expiação para que continue conhecendo a arte de amar e o prestígio entre os jovens.
Obs: 2º discurso de S é longuíssimo, um pouco maior que o discurso que S fez em conjunto com Diotima. Diálogo com Banquete: S lembra que Eros é filho de Afrodite como Pausânias (182-184) e Diotima (203-204); Pausânias: o amor celeste corrige o vulgar (183-185); Agatão: Eros participa das potencialidades divinas (195-196); Pausânias: moderação da bebido (176) devido a inexperiência das partes da alma (256); Diotima a contemplação junto com os deuses é o ultimo estágio do caminho do amor (ascensão dialética) (210-211); S, no final, quer a imortalidade (glória) apresentado por Diotima (208-209) pois quer conhecer o amor e prestígio entre os jovens (257ab). Dialogo com Fedro: o amante no Lísias é um dos cavalos; 1º de S os dois princípios são os dois cavalos; 2º a desigualdade dos amantes refere-se aos cavalos.
Síntese do 3º discurso de S: a alma humana, o cortejo divino e a relação entre eles. Alma humana: acompanha os deuses, mas pode cair e gera o mortal, em humano ou animal (semelhante aos xapiri de Kopenawa); reminiscência é lembrar disso (Menão, 81c-82a: uma lembrança desencadeia as outras; Fedão, 72d, 75cd: a comparação faz lembrar o em si, a igualdade, o belo); inexperientes querem procriar, os iniciados de pouco veneram a imagem da contemplação; cocheiro e os dois cavalos. Enumeração dos delírios: manikê (futuro), purificação (correção) e composição de poesia (relações pretéritas com o divino). Princípio não tem origem (é imortal?). Marcha dos deuses, cada deus exige um culto (semelhante as religiões afro-brasileiras, ver Prandi, 1991;2007; Gabioneta, 2019).
257c-264e. Diálogo entre Sócrates e Fedro sobre oratório e retórica. S os políticos gostam de citar seus admiradores (votantes) e quando a cidade o imortaliza, julga-se como os deuses. F o orador fala o que a maioria considera certo. S discorda, pois se a retórica conduz as almas pela palavra e se o orador ilude sem se iludir, ele precisa conhecer a semelhança e a des. entre as coisas, em especial os caminhos que conduz ao erro, e, em cada caso, determinar o gênero. Um desses gêneros é o amor, então eles analisam o discurso de Lísias. Para S ele começa pelo fim, não distinguindo os elementos, como a lápide de Midias. Deixam o amor e discutem a eloquência. S: o discurso precisa ser como um organismo vivo, com proporções adequadas; uma única ideia para ensinar e com divisões naturais; eis o dialético.
Obs: organização de Platão e seus amigos: a cidade é um organismo, daí saber de onde ela vem, onde está e para onde vai. É preciso dividi-la corretamente. Os deuses se dividem: Apolo (adivinhação), Dioniso (iniciações), Musas (poética) e Afrodite e Eros (loucura amorosa); Zeus é protetor da Amizade (234e) e grande condutor (246e); Héstia cuida da casa dos deuses (246e). Processo da loucura: descobre o caminho; se prepara na iniciação a ele; na poesia aprende a louvar; gera-se um novo ser. O horizonte sempre é a guerra, prova disso é o guerreiro, na hierarquia das almas estar em segundo lugar.
266d-272d). S examina quem já escreveu sobre oratória e retórica. Ordem do discurso: proêmio, exposição, testemunhas, provas, probabilidades, confirmação e superconfirmação; recapitulação. Inovações dos autores: Teodoro: refutação; Eveno: insinuação (elogio indireto e censura indireta); Tísias e Górgias: probabilidade; Pródico e Hípias: medida certa: Polo: uso de máximas e imagens; Protágoras: regras para falar com correção; gigante de Calcedònia: envaidecer e acalmar multidões. F como adquirir a persuasão? S: dom da natureza, estudo (ou conhecimento) e exercício (como Protágoras, 323cd e 327a-e). A retórica é semelhante a medicina que atua no corpo com alimentação e remédios, porém atua na alma gerando instituições, convicções e virtude. O estudo de algo se exige: indicar se é simples (propriedades, sua ação e como sofre) ou complexo (como se formou, sua ação e como sofre). Idem a alma: 1. Simples ou complexa; 2. Como afeta e é afetada; 3. Distinguir e relacionar os gêneros da alma e dos discursos; 4. Transportar o problema para vida prática e observar; 5. Identificar a ocasião de se calar ou falar (e em que estilo). Examinar o que já foi dito para encontrar o caminho mais fácil e direto.
Obs: procedimento platônico: 1º estudo as pessoas e seus textos (os oradores e retóricos); 2º classificação do sem. e dess.; 3º o que é próprio de cada; 4º exposição clara e com propósito. Platão e seus amigos, a essa altura, virão que a guerra e o desacordo entre o humano e divino precisa ser conhecido. Fedro inicia como o discurso altera a relação amorosa; o amor (Banquete) leva os homens ao divino, a criação (não ser ao ser), mas precisa de iniciação; os deuses vagueiam, erram e acertam, os homens, se errar, precisa de correção; o discurso ensina as pessoas a se relacionar com o divino que lhe é próprio e com outras divindades de outras pessoas. Platão não tem tempo, por isso, precisa do caminho mais fácil, direto e eficaz: a alma homogênea (propriedades) e polimórfica (composição); como afetam e são afetadas; discursos que afetam os tipos de alma e seu divino, com silêncios e estilos; observar as ações que os discursos geram.
272c-274e. S: os entendidos da oratória dizem que nos tribunais não se preocupam com a verdade, apenas com a verossimilhança; porém é preciso: adequar o discurso a natureza dos ouvintes; reduzir várias ideias em uma; agradar os deuses em palavras e ações.
274c-276e. Mito de Teute e Tamuz: Teute, demônio inventor dos números, cálculos, jogos e escrita, disse ao rei Tamuz que a escrita iria fazer os egípcios mais sábios, sendo ele um remédio para memória. Tamuz diz que quem inventa não sabe avaliar a utilidade; as pessoas não podem confiar no externo para produzir suas reminiscências; esse é um remédio para a rememoração e não para memória; a escrita não deixa as pessoas sábias. Sócrates explica: um livro não oferece conhecimento claro e duradouro; semelhante a pintura, seus produtos parecem vivos, mas não dialogam.
Obs: exemplos: escrita musical (não é a música); os mapas (apresentam apenas informações e não totalidades) e fazer filosofia (proposta de vida compartilhada).
276e-279c. Fim do diálogo. S: tal como um agricultor que precisa de tempo para germinar a semente preparando a terra, também o orador precisa de tempo, uma vez que esses discursos precisam defender-se e defender quem os produziu, fazendo nascer outros discursos com o princípio da imortalidade. S recapitula o critério para dizer se o discurso de Lísias foi feito com arte: conhecer a constituição das coisas, até o indivisível; os tipos de alma e os discursos para convencê-las. S: as leis devem distinguir o bem do mal, o justo do injusto. S: propõem a Fedro ir a Lísias, Homero, Sólon e a todos oradores para dizer o conteúdo do diálogo. S: Lísias e Isócrates são filósofos, e não sábios. Oração a Pã: beleza interna em consonância a externa; busca por sábio; ouro que um homem temperante carregue.

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