APena.fil.1ano.4b.filosofia.dos.estados
Peter Demant, na sua primeira aula do seu curso de história das relações internacionais I na USP, disse que a história da humanidade pode ser sintetizada na seguinte formulação: povos sedentários que vivem daquilo que plantam frequentemente foram invadidos por povos nômades; em geral, ou os povos nômades exterminam os povos sedentários, ocupando o seu lugar, ou entram em acordo com esses povos, exigindo-lhe impostos (alimentos) em troca de proteção contra outras invasões. Foi assim que se estabeleceram os impérios na antiguidade. Esses impérios negociaram entre si acordos de paz ou de guerra. No caso de guerra, os vitoriosos impunham aos derrotados o pagamento de impostos. Com o tempo, passado algumas gerações, essa dinâmica de pagamento era questionada, ou se criava um novo acordo ou surgia uma nova guerra.
A partir dessa generalidade, vamos treinar o que aprendemos durante o ano. A primeira coisa que aprendemos foi construir uma frase genérica, identificar os conceitos e formular perguntas. A partir de cada uma das frases vamos identificar o conceito e formular perguntas.
Vamos no quarto bimestre estudar um pouco como a filosofia atuou na criação dos Estados Nacionais. Vamos fazer isso a partir da história individual de cada Estado e da sua relação com outros Estados. Nesse último aspecto, sempre esteve presente: o comércio, a guerra, a paz, a troca de informações e de tecnologia (em especial as armas), entre outros.
Formação dos Estados:
Portugal: iniciou sua unificação em 1139 e concluiu em 1297; início da conquista da África: conquista de Ceuta (1415); aliança com os espanhóis para expulsar os muçulmanos, a Reconquista (1492); aliança com os genoveses (expert em navegação); uso de São Tomé e Príncipe como experiência para plantação e escravização dos africanos (a partir do séc.XVI); lidera o comércio do oriente com a Europa (séc.XVI); colonizar as Terras de Santa Cruz (séc.XVI-XIX); governado pelo rei da Espanha na União Ibérica (1580-1640); vence a Holanda (em PE e Luanda) e o Império do Congo (1665); guerras napoleônicas e Tratado de Viena (1815): países acordam em acabar com a escravidão; perde as colônias (séc.XIX-XX).
Brasil: descoberto por Portugal em 1500, mas a colonização começa 50 anos depois; envio de jesuítas (e expulsão); bandeirantes paulistas matam e/ou escravizam populações indígenas, entrando em conflito com os missionários (1585-1625); foi o país que mais recebeu escravizados, 5.807.513, do total de 12.521.337 que foram trazidos para as Américas, 46% (1501-1866), 6x a população portuguesa que veio para o Brasil (Alencastro; https://www.slavevoyages.org/). O tabaco e a cachaça representam 50% das mercadorias trocadas por escravizados africanos no séc. XVI e XVII, com destaque também para a mandioca, em especial a farinha, que além de ser trocada, servia de alimentos para os escravizados que demorava no mínimo um ano e meio para iniciar o trabalho no Brasil. 20% dos escravizados morriam no percurso e 1 a cada 5 sobrevivia 4 anos de trabalho forçado.
EUA: Formação das 13 colônias (na maioria protestante) (1606-1776); Guerra Cível (1861-1865) com a vitória do norte mais industrializado, proibindo a escravidão do sul; Participação na I e II guerra mundial (1917-1945); atuação na constituição da ONU (1945) e dos direitos humanos (1948); Reconstrução da Europa e política de hegemonia cultural (língua) e economia (dólar); Guerra fria com a URSS; Guerras (quentes) contra: Coreia (1950-1953); Vietnã (1955-1975); Iraque (1991); Afeganistão (2001-2021); bases militares em diversos países.
França: Iluminismo (1715-1789): separação da Igreja e Estado, crença na ciência e filosofia, criação da Enciclopédia, ou dicionário racional das ciências, artes e profissões; Revolução Francesa (1789-1799): abolição da monarquia e dos privilégios da Igreja, criação da República, Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (DDHC, 1789); Guerra Napoleônicas (1803-1815): invasão de toda a Europa e da Rússia; adere a rev. ind. inglesa; Participação na I e II guerra mundial (1917-1945); atuação na constituição da ONU (1945) e dos direitos humanos (1948).
Inglaterra: Guerra Civil (1642-1655) e criação do parlamento; criação da Royal Society (Sociedade científica) (organiza e discute as ciências); I Revolução Industrial (1820-1840): indústria têxtil, invenção de máquina a vapor; navio a vapor; Guerra do ópio ou guerra anglo-chinesa (1839-1842 e 1856-1860): hegemonia na China e Índia; II Revolução Industrial (1850-70 a 1945): indústria química, elétrica, de petróleo e aço; Participação na I e II guerra mundial (1917-1945); atuação na constituição da ONU (1945) e dos direitos humanos (1948).
Alemanha: reforma protestante de Lutero (1517); Guerra Franco-Prussiana, ou Guerra Franco-Germânica (1870-1871); adere a rev. ind. inglesa; é derrotada na I e II guerra mundial (1917-1945): sua capital é dividida, contrai dívidas.
Japão: era Meiji (1868-1912): abertura ao comércio internacional, mudança econômica; primeira guerra sino-japonesa (1894-1895); segunda guerra sino-japonesa (1894-1895); China (1937-1945); perde a II guerra mundial: bombardeios atômicos em Hiroshima e Nagasaki em 1945; depois da II guerra: crescimento econômico com atuação dos EUA.
China: Guerra do ópio ou guerra anglo-chinesa (1839-1842 e 1856-1860); Guerra Civil Chinesa (1927–1937; 1946–1949): Criação da República Popular da China pelo Partido Comunista Chines (PCC), os contrários ao PCC ocupam Taiwan. Ruptura com a URSS (dec. de 60). Zonas Econômicas Especiais (ZEEs) (1982-1987): China atrai investimento estrangeiros, mas exige compartilhamento de tecnologias. Maior atuação na ONU e no Conselho de segurança (anos 2000). Forma o BRICS com Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (2011); somam-se a estes Egito, Etiópia, Irã, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos em 2024) (Argentina se exclui).
Angola: portugueses negociam escravizados (início do sec. XVI-1850); independência do domínio português (1975). Guerra Civil Angolana (1975-2002). África do Sul: colonização holandesa (1652) e inglesa (1806). Independência do Reino Unido (1931). Apartheid (1948-1994). Governo de Nelson Mandela (1994-1999).
Tratados de paz (Fiori, 2021):
Paz de Vestfália (1648): fim da guerra (religiosa) dos 30 anos (1618-1648); preparação de 3 anos com muitos representantes; reconhecimento mútuo; modelo para as próximas negociações.
Paz de Viena (1815): fim das guerras napoleônicas (1803-1815); surgi a Rússia; proposta do fim da escravidão; restauração da monarquia (França com o Bourbons).
Paz de Assunção (1872): fim da guerra do Paraguai (1864-1870); consolidação do exército brasileiro. Paz de Versalhes (1919): fim da I guerra mundial (1914-1918); indenização a Alemanha; Europa destruída; Revolução da URSS (1917); criação da Liga das Nações (1919).
Tratado de Paris (1947) (Pax Americana 1945): fim da II guerra mundial (1939-1945); dívida com os EUA (hegemonia); início da guerra fria.
Sequência para revolução de questões de múltipla: a) com suas palavras escreva a pergunta da questão / b) escreva o significado da principal palavra da pergunta /c) escreva o que o enunciado diz dessa pergunta / d) pesquisa palavras desconhecidas / e) quem conseguir, a partir das etapas anteriores, diga o que está certo e o que está errado
Questão 1 (Enem, 2018). Código Penal dos Estados Unidos do Brasil, 1890 Dos crimes contra a saúde pública Art. 156. Exercer a medicina em qualquer dos seus ramos, a arte dentária ou a farmácia; praticar a homeopatia, a dosimetria, o hipnotismo ou magnetismo animal, sem estar habilitado segundo as leis e regulamentos. Art. 158. Ministrar, ou simplesmente prescrever, como meio curativo para uso interno ou externo, e sob qualquer forma preparada, substância de qualquer dos reinos da natureza, fazendo, ou exercendo assim, o ofício denominado curandeiro. No início da Primeira República, a legislação penal vigente evidenciava o(a)
A negligência das religiões cristãs sobre as moléstias.
B desconhecimento das origens das crenças tradicionais.
C preferência da população pelos tratamentos alopáticos.
D condenação pela ciência dos conhecimentos populares de cura.
Questão 2 (Enem, 2018). Palestinos se agruparam em frente a aparelhos de televisão e telas montadas ao ar livre em Ramalah, na Cisjordânia, para acompanhar o voto da resolução que pedia o reconhecimento da chamada Palestina como um Estado observador não membro da Organização das Nações Unidas (ONU). O objetivo era esperar pelo nascimento, ao menos formal, de um Estado palestino. Depois da aprovação da resolução, centenas de pessoas foram à praça da cidade com bandeiras palestinas, soltaram fogos de artifício, fizeram buzinaços e dançaram pelas ruas. Aprovada com 138 votos dos 193 da Assembleia-Geral, a resolução eleva o status do Estado palestino perante a organização. Palestinos comemoram elevação de status na ONU com bandeiras e fogos. A mencionada resolução da ONU referendou o(a):
A delimitação institucional das fronteiras territoriais.
B aumento da qualidade de vida da população local.
C apoio da comunidade internacional à demanda nacional.
D equiparação da condição política com a dos demais países.
Questão 3 (Enem, 2018). A tribo não possui um rei, mas um chefe que não é chefe de Estado. O que significa isso? Simplesmente que o chefe não dispõe de nenhuma autoridade, de nenhum poder de coerção, de nenhum meio de dar uma ordem. O chefe não é um comandante, as pessoas da tribo não têm nenhum dever de obediência. O espaço da chefia não é o lugar do poder. Essencialmente encarregado de eliminar conflitos que podem surgir entre indivíduos, famílias e linhagens, o chefe só dispõe, para restabelecer a ordem e a concórdia, do prestígio que lhe reconhece a sociedade. Mas evidentemente prestígio não significa poder, e os meios que o chefe detém para realizar sua tarefa de pacificador limitam-se ao uso exclusivo da palavra. CLASTRES, A sociedade contra o Estado. 1982 O modelo político das sociedades discutidas no texto contrasta com o do Estado liberal burguês porque se baseia em:
A Imposição ideológica e normas hierárquicas.
B Intervenção consensual e autonomia comunitária.
C Mediação jurídica e regras contratualistas.
D Gestão coletiva e obrigações tributárias.
Questão 4 (Enem, 2017). A grande maioria dos países ocidentais democráticos adotou o Tribunal Constitucional como mecanismo de controle dos demais poderes. A inclusão dos Tribunais no cenário político implicou alterações no cálculo para a implementação de políticas públicas. O governo, além de negociar seu plano político com o Parlamento, teve que se preocupar em não infringir a Constituição. Essa nova arquitetura institucional propiciou o desenvolvimento de um ambiente político que viabilizou a participação do Judiciário nos processos decisórios. (Carvalho, 2004). O texto faz referência a uma importante mudança na dinâmica de funcionamento dos Estados contemporâneos que, no caso brasileiro, teve como consequência a
A adoção de eleições para a alta magistratura.
B diminuição das tensões entre os entes federativos.
C judicialização de questões próprias da esfera legislativa.
D profissionalização do quadro de funcionários da Justiça.
Questão 5 (Enem, 2023). A luta da Águia contra o Dragão na América Latina No rescaldo da crise de 2008, as instituições financeiras chinesas (Banco de Desenvolvimento da China e Banco de Exportação e Importação da China) ofereceram crédito aos países latino-americanos que encontravam dificuldade para obter empréstimos nos mercados internacionais, como a Venezuela, a Argentina e o Equador. Mais flexível que os Estados Unidos, a China ofereceu a possibilidade de ser paga em commodities. Essa fórmula permitiu ao país garantir o suprimento de recursos naturais necessário para atender ao apetite crescente de sua classe média. Essa estratégia “ganha-ganha” deu frutos (Correa, 2021). Para os países latino-americanos mencionados, a estratégia chinesa apresentada na reportagem resultou no(a)
A realinhamento da parceria militar.
B ampliação do protecionismo tarifário.
C redução da dependência tecnológica.
D redirecionamento do comércio externo.
Cursos USP
Disciplina História das Relações Internacionais I (2013). prof. Peter Demant
https://www.youtube.com/playlist?list=PLAudUnJeNg4v4VA-ZC0tjigFOZN_y6TFJ
https://uspdigital.usp.br/jupiterweb/obterDisciplina?sgldis=FLH0124&verdis=1
Disciplina História das Relações Internacionais II (2013). prof. Felipe Pereira Loureiro
https://www.youtube.com/playlist?list=PLAudUnJeNg4tFC5LUTrhnHQbHo08pgRfj
https://edisciplinas.usp.br/course/view.php?id=112856
FLH0332 - História Contemporânea II (2023) (séc.XX)
https://edisciplinas.usp.br/course/view.php?id=113792
REC2400 História Monetária e Financeira Internacional (2023)
https://edisciplinas.usp.br/course/view.php?id=108525
FLH0697 - História dos Estados Unidos (2022) História do Movimento por Direitos Civis e Black Power
https://edisciplinas.usp.br/course/view.php?id=96551
IAU0126 - Humanidades e Ciências Sociais (2023)
https://edisciplinas.usp.br/course/view.php?id=109610
Literaturas Africanas de Língua Portuguesa I (2019)
https://edisciplinas.usp.br/course/view.php?id=67524
FLH0649 - História da África
https://edisciplinas.usp.br/course/view.php?id=113112
FLH0649 - História da África (2023)
https://edisciplinas.usp.br/course/view.php?id=112371
História da astronomia. Observação dos astros; considerar-se em movimento; uso e desenvolvimento das matemáticas.
https://filosofiadacienciausp.wordpress.com/
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