Leia o texto e escreva o que pensa sobre sua educação (educação no sentido amplo, o que você aprendeu dos seus pais, dos seus parentes, nas escolas que estudou)
Este comentário é extraído do diálogo Protágoras
Andando pelo pátio, Sócrates pergunta a Hipócrates o que ele quer se tornar com o suposto ensino de Protágoras, ou seja, que profissão seria adquirida se Protágoras o ensinasse o que sabe (311c). Sofista, responde imediatamente Hipócrates. Sócrates então pergunta se ele não sente vergonha em querer ser sofista (312a). Diante da confirmação de Hipócrates, Sócrates insere uma distinção quanto à finalidade da aprendizagem. Pode-se aprender para ser tal como o professor ou “para fins educativos, como convém a um jovem particular e livre” (312b). Essa educação, aponta Sócrates, foi adquirida com “os professores de gramática, de cítara e de ginástica” (312b), que não ensinam seus alunos a serem professores, mas ensinam aos seus alunos o saber de suas respectivas disciplinas.
Sócrates questiona Hipócrates acerca do saber do sofista. Hipócrates responde: “é um indivíduo cheio de sabedoria” (312c). Mas isso, indaga Sócrates, não revela muita coisa, outros profissionais, como os pintores, também podem julgar-se sábios. Hipócrates, por sua vez, afirma que os sofistas ensinam a arte de falar bem. Mas o problema continua, indaga Sócrates, falar bem do quê? Sobre este ponto Hipócrates não sabe o que dizer (312e).
Tendo preparado Hipócrates com a dúvida e a vergonha, Sócrates pode enfim orientá-lo acerca daquilo que é necessário para a aprendizagem com um professor sofista, por isso pergunta Sócrates: “sabes o perigo a que vais expor tua alma?” (313a), e continua dizendo que se fosse expor o corpo ao risco de estragá-lo ou deixá-lo mais forte, deveria refletir sobre o assunto e também consultar parentes e amigos, porém, como o que está em jogo na aprendizagem com Protágoras é a alma, estes e outros cuidados devem ser tomados. Um deles decorre do fato do sofista ser um comerciante, uma vez que ele vende um produto. Desse modo, como todo comerciante, o sofista elogia em demasia o que vende (313d). Outro cuidado que deve ser observado é verificar se entre os vendedores há aqueles que sabem como exercitar a alma, tal como ocorre com um professor de ginástica; ou curá-la, no caso de já ter sido adquirido algum conhecimento que a prejudique, tal como ocorre quando procuramos um médico para cuidar do nosso corpo (314d).
No caso de conhecer, continua Sócrates, o que “é vantajoso ou prejudicial para a alma, poderás comprar conhecimento sem perigo nenhum, não só de Protágoras como de qualquer outro sofista” (313e). A compra de alimento para a alma, alerta Sócrates, é diferente da compra de alimento para o corpo, pois este último pode ser transportado em potes e levado para casa e antes do alimento ser consumido, podemos consultar um especialista para nos informar sobre a quantidade e o tempo em que o alimento precisa ser ingerido. De maneira diferente, o alimento da alma precisa ser adquirido no momento da aula, uma vez que é a própria alma o pote (314ab). Porém, ainda que transportado direto na alma do aluno, este conhecimento deve passar pela avaliação de pessoas mais velhas (314b).
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