segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

Turmas do 1 ano do Porphyrio - 1 semana 2021

Turmas do 1 ano do Porphyrio - 1 semana 2021
Turmas do 1 ano da EE General Porphyrio da Paz (Sociologia 1a,b,c,d,e,f,g,h,i,j,k; Filosofia 1c,d,e,f,g)
Sou Robson Gabioneta, serei professor de filosofia e de Sociologia de vocês até o fim do ano (desde que nada mude). Cursei Filosofia na Unicamp em 2010 e desde então venho trabalhando como professor dessa disciplina. Nesse meio tempo cursei o mestrado (2013) e o curso de Sociologia (2018) também na Unicamp. Em 2018 comecei a dar aula de Sociologia. Por fim,  na mesma instituição, ingressarei no curso de Antropologia (2018) e o curso de Doutorado na Faculdade de Educação. Ao longo do anos conversaremos sobre essas disciplinas.
Estamos vivendo um momento novo na história: a pandemia do Coronavirus. Por isso todos temos que estarmos atentos e seguir os protocolos de segurança: uso de mascaras, higienização das mãos, distanciamento social, entre outros. Cuidem bem de vocês mesmos e dos seus familiares.
Costumo trabalhar do seguinte modo: 5 pontos de atividades em sala de aula (há algumas que deverão ser feitas em casa) e 5 pontos de avaliação com questões do tipo do Enem com comentários dos alunos.
Para todas as turmas de Filosofia e Sociologia
Comecemos então com uma história e um tipo de análise:
1. A história dos três porquinhos. 
2.Resumo: A história que conheço diz que 3 porquinhos saíram da casa dos pais e cada um foi construir sua casa. As duas primeiras, de palha e madeira, foram derrubadas por um lobo. A terceira, de alvenaria (tijolos e cimento), o lobo não conseguiu derrubar, porém, tentou entrar na chaminé. Os porquinhos perceberam, colocaram fogo e espantaram o lobo.
3. Frase filosófica (frase universal): Casas frágeis são derrubadas.
4. Frase sociológica (frase que descreve algum aspecto da sociedade): nessa sociedade os jovens saem da casa dos pais para construir suas casas.
5. Podemos fazer as seguintes perguntas: como é a casa dos pais dos porquinhos? como fazer uma casa ficar forte?; os porquinhos poderiam ter construído a casa em conjunto? O lobo poderia ter ido em bando? Juntos os porquinhos poderiam lutar contra o lobo?
6. Realidade da história: Como sabemos, quando os portugueses chegaram a esse lugar que chamamos Brasil os povos tradicionais tinham casa de palha. Os portugueses destruíram essas casas para construir as suas. Aqui os portugueses são o lobo mal e os indígenas são os porquinhos. O portugueses foram até a África e negociaram o aprisionamento de alguns (milhares) de africanos e 'junto' com eles construíram as cidades que hoje são ocupadas por todos nós. Em 1888, por pressão da Inglaterra, os portugueses aboliram a escravidão, porém não quiseram dividir aquilo que foi produzido em conjunto com os descendentes dos escravizados, assim eles foram para os lugares que ainda não haviam sido ocupados pelos portugueses (morro, encosta de rio, etc) e lá tentaram viver suas vidas. Quando estes viam para as cidades onde seus antepassados construíram com os portugueses as cidades, os portugueses se faziam de porquinhos, considerando e fazendo os outros acreditar que os descendentes de africanos e os descendentes indígenas eram os lobos maus. 
A história é mais complicada que isso, mas trago essa interpretação para discutirmos quais os elementos dela ainda estão presentes na nossa vida e também para conversarmos sobre um outro tipo de sociedade onde sejam contidos os roubos e a ganancia (elementos que levaram os portugueses e seus descendentes a fazer o tráfico negreiro e organizar a colonização). É importante descobrirmos como meus antepassados (avós, pais, tios) lidam com esse passado para saber qual herança estamos recebendo e como iremos agir em relação a ela.
7. Refazer a história: Com toda essa análise vamos pensar num outro final para essa história: os porquinhos convidam o lobo para comerem juntos e nesse processo o lobo vira vegetariano (minha homenagem a casa Bambo onde meus amigos são vegetarianos)
Primeira atividade:
1. escolha uma história real ou inventada
2. faça um resumo curto dela (no máximo 1 página)
3. tire da história uma frase filosófica, uma frase que possa valer para outra história
4. tire da história uma frase sociológica, uma frase que possa nos dar elementos para compararmos com outras histórias
5. faça perguntas para entender melhor as frases e a história
6. pense em quais elementos da realidade dialogam com essa história.
7. depois de toda essa análise, escreva uma história diferente
Para uma explicação em vídeo ver:
https://www.youtube.com/watch?v=o9v-4MIIfF0
Para uma descrição mais detalhada ver:
https://periodicos.ufsm.br/refilo/article/view/35264/pdf

Segunda atividade: comparar histórias
Vou colocar aqui outra história para comparamos:
1. história da Chapeuzinho vermelho
2. chapeuzinho vai levar bolo para vó, encontra um lobo que faz ela pegar um caminho mais longo. O lobo chega primeiro na casa da vó, engole ela, e tenta fazer o mesmo com a chapeuzinho. Ela chama socorro, vem um lenhador, mata o lobo e tira a vó de dentro de sua barriga.
3. cuidado com estranhos
4. nessa sociedade as pessoas moram distantes umas das outras.
5. como reconhecer pessoas que querem nos prejudicar? como conhecer as pessoas?
6. hoje há pessoas que tentam enganar outras pessoas.
7. na primeira conversa chapeuzinho percebe as intenções do lobo e consegue convencê-lo a mudar de vida.
Agora com as duas histórias e suas respectivas análises podemos compará-las: podemos usar o conceito 'estranho' da história da chapeuzinho para discutir a história dos três porquinhos. Nesta última o estranho é o lobo, assim, podemos dizer que 'casas frágeis são derrubadas por estranhos'. A ideia frágil da história dos três porquinhos pode ser usada na história da chapeuzinho: cuidado com suas fragilidades ao encontrar com um estranho. 
Criem um grupo de whatsapp da sala de vocês, tirem foto da história e das frases e compartilhem. No caderno escolha uma outra história para comparar com a sua. Faremos isso em sala de aula.

Avaliação diagnóstica de Sociologia

Avaliação diagnóstica de Sociologia para turmas do 1 ano do Porphyrio. Conteúdo principal: projeto colonial (escravismo e formação dos Estados Nacionais), Revolução Francesa (mudança política) e Revolução Industrial (mudança no modo de produção). Exercício para análise de questões do tipo de múltipla escolha. Sigam a seguinte sequência: 
a) com suas palavras escreva a pergunta da questão
b) escreva o significado da principal palavra da pergunta
c) escreva o que o enunciado diz dessa pergunta
d) pesquisa no dicionário e na internet os possíveis sentidos das palavras que vocês não conhecem. Caso tenham dúvidas anotem
e) aqueles que conseguirem, em cada uma das alternativas, a partir das etapas anteriores, diga o porquê de uma questão estar certa e uma outra estar errada
O vídeo que fiz para explicar essa atividade chama-se: Sugestão de resolução de questões de enem - sociologia - https://www.youtube.com/watch?v=zOaGLG6ntoM
FGV 2012. Após os primeiros contatos particularmente violentos com a África negra, os portugueses viram-se obrigados a mudar de política, diante da firme resistência das populações costeiras. Assim, empenharam-se, principalmente, em ganhar a confiança dos soberanos locais. Os reis de Portugal enviaram numerosas missões diplomáticas a seus homólogos da África ocidental. Assim, entre 1481 e 1495, D. João II de Portugal enviou embaixadas ao rei do Futa, ao koi de Tombuctu e ao mansa do Mali. Duas missões diplomáticas foram enviadas ao Mali, mostrando a importância que o soberano português atribuía a esse país. A primeira partiu pelo Gâmbia, a segunda partiu do forte de Elmina. O mansa que as recebeu,  era filho do mansa Ule (Wule) e neto do mansa (...). Madina Ly-Tall, O declínio do Império do Mali. In Djibril Tamsir (editor), História geral da África, IV:África do século XII ao XVI. No contexto apresentado, o Império português mudou a sua estratégia política, pois
a. encontrou um povo que desconhecia o uso da moeda na prática comercial.
b. descobriu tribos que não passaram pelas etapas do desenvolvimento histórico, como o feudalismo.
c. reconheceu a presença de um Estado marcado por sólidas estruturas políticas.
d. identificou a tendência africana em refutar todas as influências externas ao continente.
FUVEST 2012. Os indígenas foram também utilizados em determinados momentos, e sobretudo na fase inicial [da colonização do Brasil]; nem se podia colocar problema nenhum de maior ou melhor “aptidão” ao trabalho escravo (...). O que talvez tenha importado é a rarefação demográfica dos aborígines, e as dificuldades de seu apresamento, transporte, etc. Mas na “preferência” pelo africano revela-se, mais uma vez, a engrenagem do sistema mercantilista de colonização; esta se processa num sistema de relações tendentes a promover a acumulação primitiva de capitais na metrópole; ora, o tráfico negreiro, isto é, o abastecimento das colônias com escravos, abria um novo e importante setor do comércio colonial, enquanto o apresamento dos indígenas era um negócio interno da colônia. Assim, os ganhos comerciais resultantes da preação dos aborígines mantinham-se na colônia, com os colonos empenhados nesse “gênero de vida”; a acumulação gerada no comércio de africanos, entretanto, fluía para a metrópole; realizavam-na os mercadores metropolitanos, engajados no abastecimento dessa “mercadoria”. Esse talvez seja o segredo da melhor “adaptação” do negro à lavoura ... escravista. Paradoxalmente, é a partir do tráfico negreiro que se pode entender a escravidão africana colonial, e não o contrário. Fernando A. Novais. Portugal e Brasil na crise do Antigo Sistema Colonial. São Paulo: Hucitec, 1979, p. 105. Adaptado. Nesse trecho, o autor afirma que, na América portuguesa,
a. os escravos indígenas eram de mais fácil obtenção do que os de origem africana, e por isso a metrópole optou pelo uso dos primeiros, já que eram mais produtivos e mais rentáveis.
b. os escravos africanos aceitavam melhor o trabalho duro dos canaviais do que os indígenas, o que justificava o empenho de comerciantes metropolitanos em gastar mais para a obtenção, na África, daqueles trabalhadores.
 c. o comércio negreiro só pôde prosperar porque alguns mercadores metropolitanos preocupavam-se com as condições de vida dos trabalhadores africanos, enquanto que outros os consideravam uma “mercadoria”.
d. o principal motivo da adoção da mão de obra de origem africana era o fato de que esta precisava ser transportada de outro continente, o que implicava a abertura de um rentável comércio para a metrópole, que se articulava perfeitamente às estruturas do sistema de colonização.
FUVEST 2014. Não há trabalho, nem gênero de vida no mundo mais parecido à cruz e à paixão de Cristo, que o vosso em um destes engenhos [...]. A paixão de Cristo parte foi de noite sem dormir, parte foi de dia sem descansar, e tais são as vossas noites e os vossos dias. Cristo despido, e vós despidos; Cristo sem comer, e vós famintos; Cristo em tudo maltratado, e vós maltratados em tudo. Os ferros, as prisões, os açoites, as chagas, os nomes afrontosos, de tudo isto se compõe a vossa imitação, que, se for acompanhada de paciência, também terá merecimento e martírio[...]. De todos os mistérios da vida, morte e ressurreição de Cristo, os que pertencem por condição aos pretos, e como por herança, são os mais dolorosos. P. Antônio Vieira, Sermão décimo quarto. In: I. Inácio & T. Lucca (orgs.).Documentos do Brasil colonial. São Paulo: Ática, 1993, p.73-75. A partir da leitura do texto acima, escrito pelo padre jesuíta Antônio Vieira em 1633, pode-se afirmar, corretamente, que, nas terras portuguesas da América, 
a. a Igreja Católica defendia os escravos dos excessos cometidos pelos seus senhores e os incitava a se revoltar.
b. as formas de escravidão nos engenhos eram mais brandas do que em outros setores econômicos, pois ali vigorava uma ética religiosa inspirada na Bíblia.
c. a Igreja Católica apoiava, com a maioria de seus membros, a escravidão dos africanos, tratando, portanto, de justificá-la com base na Bíblia.
d. clérigos, como P. Vieira, se mostravam indecisos quanto às atitudes que deveriam tomar em relação  à escravidão negra, pois a própria Igreja se mantinha neutra na questão.
UFU 2012. As mães, as filhas, as irmãs, representantes da Nação, pedem ser constituídas em Assembleia Nacional. Considerando que a ignorância, o esquecimento ou o menosprezo dos direitos da mulher são as únicas causas das desgraças públicas e da corrupção do governo, resolvemos expor, numa declaração solene, os direitos naturais, inalteráveis e sagrados da mulher. Em consequência, o sexo superior em beleza, como em coragem nos sofrimentos maternais, reconhece e declara, em presença e sob os auspícios do Ser Supremo, os seguintes direitos da mulher e da cidadã: Art. 1 - A mulher nasce livre e permanece igual ao homem em direitos. As distinções sociais não podem ser fundadas, senão, sobre a utilidade comum; Art. 2 - A finalidade de toda associação política é a conservação dos direitos naturais e imprescritíveis da mulher e do homem. Estes direitos são: a liberdade, a prosperidade, a segurança e, sobretudo, a resistência à opressão. (Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã. 1791). O documento acima foi proposto à Assembleia Nacional da França, durante a Revolução Francesa, por Marie Gouze. A autora propunha uma Declaração de Direitos da Mulher e da Cidadã para igualar-se à Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, aprovada anteriormente. A proposta de Marie Gouze expressa
a. o descontentamento feminino ante as desigualdades que as leis francesas até então garantiam entre os integrantes do terceiro Estado e a aristocracia.
b. o reconhecimento da fragilidade feminina, devendo a Constituição francesa garantir ações legais e afirmativas com o objetivo de reparar séculos de exploração contra a mulher.
c. a participação das mulheres no processo revolucionário e a reivindicação de ampliação dos direitos de cidadania, com o intuito de abolir as diferenças de gênero na França.
d. a disputa política entre os Jacobinos e Girondinos, uma vez que estes últimos defendiam uma radicalização cada vez maior das conquistas sociais no processo revolucionário.
UFABC 2015. Os últimos anos da década de 1780 tinham sido, por uma complexidade de razões, um período de grandes dificuldades praticamente para todos os ramos da economia francesa. Uma má safra em 1788 e 1789 e um inverno muito difícil tornaram aguda a crise. As más safras faziam sofrer o campesinato, pois significavam que, enquanto os grandes produtores podiam vender cereais a preços de fome, a maioria dos homens em suas insuficientes propriedades tinha provavelmente que se alimentar do trigo reservado para o plantio ou comprar alimentos àqueles preços, especialmente nos meses imediatamente anteriores à nova safra (maio-julho). Obviamente, as más safras faziam sofrer também os pobres das cidades, cujo custo de vida – o pão era o principal alimento – podia duplicar. HOBSBAWM, E. J. A era das revoluções: 1789-1848. 25. ed. rev. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2009.  O texto refere-se a fatores de uma conjuntura econômica francesa que contribuíram para
a. a união de camponeses e “camadas urbanas” contra uma ordem política e social imposta pela nobreza e pelo clero.
b. a promoção de uma aliança entre camponeses e grandes proprietários de terra contra o poder político da alta burguesia.
c. a ascensão de um governo absolutista que assumiu o poder político visando a abolir as principais obrigações feudais.
d. o surgimento de grupos que pregavam o ideal anarquista de construção de uma sociedade sem Estado.
UNESP 2013. “Todo processo de industrialização é necessariamente doloroso, porque envolve a erosão de padrões de vida tradicionais. Contudo, na Grã-Bretanha, ele ocorreu com uma violência excepcional, e nunca foi acompanhado por um sentimento de participação nacional num esforço comum. Sua única ideologia foi a dos patrões. O que ocorreu, na realidade, foi uma violência contra a natureza humana. De acordo com uma certa perspectiva, esta violência pode ser considerada como o resultado da ânsia pelo lucro, numa época em que a cobiça dos proprietários dos meios de produção estava livre das antigas restrições e não tinha ainda sido limitada pelos novos instrumentos de controle social. Não foram nem a pobreza, nem a doença os responsáveis pelas mais negras sombras que cobriram os anos da Revolução lndustrial, mas sim o próprio trabalho.” (Edward P. Thompson. A formação da classe operária inglesa, vol. 2, 1987. Adaptado.) O texto afirma que a Revolução Industrial
a. provocou forte crescimento da economia britânica e, devido a isso, contou com esforço e apoio plenos de todos os segmentos da população.
b. representou mudanças radicais nas condições de vida e trabalho dos operários e envolveu-os num duro processo de produção.
c. piorou as condições de vida e de trabalho dos operários, mas trouxe o benefício de consolidar a ideia de que o trabalho enobrece o homem.
d. preservou as formas tradicionais de sociabilidade operária, mas aprofundou a miséria e facilitou o alastramento de epidemias.
UNESP 2010. Este considerável aumento de produção que, devido a divisão do trabalho, o mesmo número de pessoas é capaz de realizar, é resultante de três circunstâncias diferentes: primeiro, ao aumento da destreza de cada trabalhador; segundo, a economia de tempo, que antes era perdido ao passar de uma operação para outra; terceiro, à invenção de um grande número de máquinas que facilitam o trabalho e reduzem o tempo indispensável para o realizar, permitindo a um só homem fazer o trabalho de muitos. (Adam Smith. 'Investigação sobre a Natureza e as Causas da Riqueza das Nações (1776)'. In: Adam Smith/Ricardo. Os pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1984.) O texto, publicado originalmente em 1776, destaca três características da organização do trabalho no contexto da Revolução Industrial:
a. o aumento do mercado consumidor, a liberdade no emprego do tempo e a diminuição na exigência de mão de obra.
b. a escassez de mão de obra qualificada, o esforço de importação e a disciplinarização do trabalhador.
c. o controle rigoroso de qualidade, a introdução do relógio de ponto e a melhoria do sistema de distribuição de mercadorias.
d. a especialização do trabalhador, o parcelamento de tarefas e a maquinização da produção.


quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

Início da Filosofia (e da Sociologia) Ocidental

Início da Filosofia (e da Sociologia) Ocidental (para todas as turmas)

No discurso europeu a filosofia começou na Grécia, foi para Roma, depois para a Europa e por fim chegou nas Américas. A história mundial é muito mais complexa e abaixo segue um link com sugestões de vídeos:

Vou contar para vocês como começou a filosofia entre os gregos, vou simplificar um pouco, mas ao longo do ano vamos discutir melhor isso. Havia um homem chamado Sócrates. Ele tinha uma capacidade de conversar extraordinária. Fazia as pessoas pensarem sobre suas atitudes e, em algumas situações, fazia elas mudarem de opinião. Porém, a cidade de Atenas, lugar onde ele vivia, havia sido invadida pelos Persas e a cidade de Sócrates havia se aliado com outras cidades vizinhas. Bom, esses questionamentos de Sócrates começaram a incomodar aqueles que estavam organizando a defesa da cidade (políticos, generais). Por isso Sócrates foi acusado de corromper a juventude e inserir novos deuses na cidade. Sócrates foi julgado e condenado a tomar cicuta, um veneno que causa a morte. Seu amigo, Platão, ficou muito chateado e saiu da cidade por 13 anos. Quando voltou se juntou a outros amigos de Sócrates e juntos organizaram uma escola para estudar a cidade de Atenas. Eles começaram a estudar aquilo que havia acontecido com Sócrates. Assim eles se perguntaram: o que significa corromper a juventude? como educar os jovens? quais são os deuses que a cidade cultua? como são organizados os rituais? quais são as músicas e os textos desses rituais? quais são os critérios de julgamento de uma pessoa? o que é justiça? o que deve ser feito nessa situação quando uma pessoa se comporta mal ? porque começam as guerras? como organizar o povo para se defender? como se unir a outro povo? como fazer para acabar com as guerras?
Platão e os amigos de Sócrates foram conversar com as pessoas de destaque na cidade de Atenas, tal como Sócrates fazia. Porém, diferente de Sócrates, eles fizeram isso em grupo e de maneira organizada. Depois de anotar tudo eles começaram a escrever textos para discutir a vida social da cidade no qual eles viviam. Esses textos são os Diálogos de Platão onde, muitas vezes, Sócrates é o principal personagem.
Fiz alguns vídeos e alguns textos para apresentar essas ideias. Os textos estão na descrição dos vídeos:

Então a filosofia produzida por Platão visa investigar e discutir a organização da cidade de Atenas do século V e IV a.C.. Essa filosofia foi modificada por Aristóteles, discípulo de Platão, que também organizou uma escola. Depois os gregos foram dominados pelos romanos que tentaram se apropriar da sua filosofia. Depois a Igreja Católica se juntou ao império romano e organizou muitas escolas na idade Média. Depois os impérios europeus (os germânicos, os francos, os anglo-saxões, os espanhóis, os portugueses, os genoveses, entre outros) se apropriaram do conhecimento produzido nessas escolas. Claro que estou simplificando bastante. Agora, será que em nenhum lugar do mundo diferente da Europa as pessoas não discutiam sobre esses assuntos? é obvio que nos outros lugares do mundo havia uma discussão semelhante aquelas propostas por Platão, mas por algum tempo (e alguns pensam isso hoje) os europeus se julgavam os únicos a produzir filosofia, sociologia e ciência. Como nossas universidades são formadas por descendentes de europeus precisamos ficar atentos aquilo que lemos nos livros. Penso que devemos aprender com todos os povos, em especial com os povos chamados indígenas e com os povos vindos da África.

Sugestões de aprofundamento:
Discussão preliminar Estado Moderno e povos indígenas
Estado Moderno e povos indígenas – referencias
Discussões iniciais de povos trazidos da África 
Resumo da Filosofia Política a partir de Enrique Dussel

Atividade: Fazer o mesmo que Platão e os amigos de Sócrates fizeram 
- retomar em linhas gerais a atividade filosófica de Platão: pesquisar a sociedade para saber o porquê seu amigo, Sócrates, foi morto, para num segundo momento intervir em sua organização
- forme grupos de 2 a 4 pessoas (mantendo os códigos de segurança)
- procure algo em comum para ser pesquisado, algo que seja consenso
- de preferencia para algo próximo onde alguém do grupo tenha algum parente que conheça ou que trabalhe na área
- depois da escolha pense duas coisas: 1º no que ele é útil para as pessoas, esse lugar existe para quê?; 2º com o que ele está interligado
- pesquise na internet informações gerais e específicas
- procure profissionais desta área para conversar, de preferência alguém da família ou conhecido. Sugestão: deixe esse profissional falar à vontade, faça questões nessa direção. Anotem tudo
- organize as informações para apresentar para a turma.