sexta-feira, 5 de março de 2021

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 Atividades do 1 bimestre para as turmas de filosofia e sociologia da escola Porphyrio da Paz

Atividade 1 (fizemos em sala na primeira semana): Criação ou recuperação de uma história e retirada de frases filosóficas e sociológicas a partir dela

Atividade 2 (fizemos em sala na primeira semana): a partir das ideias de uma história, discutir as ideias da sua história. Exemplo: na história dos três porquinhos a frase foi 'casas frágeis podem ser derrubadas', já na história da chapeuzinho vermelho a frase foi 'cuidado com estranhos'. Posso pegar a ideia 'estranho' da chapeuzinho e jogar para a história dos três porquinhos: 'casas frágeis podem ser derrubadas por estranhos'. Podemos também pegar a ideia de frágil dos porquinhos e levar para a história da chapeuzinho: 'cuidado com estranhos se você está em situação de fragilidade'. Quem não fez em sala de aula, tente fazer. Se puderem tirem foto de suas histórias e mandem no grupo de whatsapp da sala.

Atividade 3 (dei um exemplo na 2 semana de aula): a partir das ideias de uma obra de arte (música, quadro, filme, poema, etc) discuta as ideias da sua história. Procure uma obra de arte que tenha alguma relação com sua história. Por exemplo a história dos três porquinhos, entre outros assuntos, coloca em questão alguns tipos de casas que podem ser construídas e a proteção dessas moradias. Tem uma música chamada Moro lá do Renato da Rocinha onde isso é discutido. Vejamos um trecho: "É lá na esquina depois do boteco do china que a rapaziada fica de butuca e muito ligada na situação. A porta está sempre aberta pra quem chega e tudo que tem é exposto na mesa casa de malandro não entra ladrão". O autor da música diz que na casa dele, apesar de ser uma casa frágil que fica no final da linha do trem (ou seja, é uma casa de madeira na favela), nessa casa não entra ladrão pois a casa está sempre aberta e tudo que ele ele é repartido na mesa. A música pode ser vista em: https://www.youtube.com/watch?v=3y7s4CTPB6U

Atividade 4: conversem com seus parentes (pelo menos 2) sobre suas trajetórias. Pergunte a eles quais cidades eles já estiveram e quais trabalhos já realizaram. A ideia aqui é compararmos como era as cidades brasileiras a 20 anos atrás.

Atividade 5: Escolha algo de nossa sociedade para estudar. Pode ser uma loja de roupa, pode ser uma farmácia, uma escola, um presídio, um hospital, um cemitério, um shopping, uma cidade. Pode ser a partir do trabalho do seu parente. A atividade pode ser feita sozinho (a), em dupla ou trio, desde que respeitando o distanciamento social por causa da epidemia do Coronavírus. A ideia é como Platão conhecermos juntos a sociedade no qual vivemos. Fiz um vídeo explicando: https://www.youtube.com/watch?v=50rgydSc5ZA


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Aula de Sociologia para a escola Porphyrio da Paz. 2 semana: Início da Sociologia: Marx: Ver. Colonialismo (em especial nas américas), Revolução Industrial e Rev. Francesa.
Observação geral: tudo que iremos estudar vamos aplicar na nossa história (aquela inventada ou que pegamos de alguém e depois criamos as frases filosóficas e sociológicas) e na vida da nossa família.
O nome Marxismo vem de Marx, Karl Marx (1818-1883), porém marxismo é uma teoria econômica, política, histórica de muitos agentes, no qual claro Marx tem um papel importante, mas ele não está sozinho. Um importante interlocutor (e apoiador) de Marx foi Friedrich Engels (1820-1895). Marx é filho de uma família judia e cursa direito e filosofia. Engels é filho de industrial alemão. Eles se conhecem num partido alemão chamado Partido Comunista. É encomendado a eles que façam um texto que expresse o programa e os propósitos do Partido. Eles escrevem então o ‘Manifesto do Partido Comunista’ (ou manifesto comunista) no qual finaliza com a frase: ‘trabalhadores do mundo: uni-vos’. Nesse texto eles discutem com as tendências do partido e propõem linhas de ações, entre elas: passagem da propriedade privada (meus de produção: máquinas, tecnologias) nas mãos dos nobres e da burguesia para as mãos do Estado comandado pela classe trabalhadora organizada em partidos e cooperativas. Em síntese eles lutavam pelo controle comum de toda a sociedade. Dai o nome comunismo. Por isso precisam saber o que estava acontecendo e quais as ações necessárias para as mudanças. 

Comentários: Marx e Engels ao escrever o manifesto comunista faz um procedimento comum para sua época: a busca de ideias universais, ideias que fornecem elementos para julgar tudo. Nesse texto eles estão disputando o que as pessoas entendem por comunismo e quais as ações que precisam ser feitas para que esse comunismo possa acontecer. Esse procedimento foi também feito na Revolução Francesa: os revolucionários tiraram o poder do rei e organizou um sistema chamado de República onde os administradores daquilo que é público seriam eleitos pelo povo em sistema de votação e esse governo deveria seguir o código universal chamado 'declaração dos direitos do homem e do cidadão' (DDHC). Muitas questões podem ser colocadas aqui: será é possível mesmo existir normas que valham para todos? mas digamos que isso é possível e todos (de todos os tempos e lugares) participam e concordam com alguma norma universal, quem irá fiscalizar? essa DDHC foi feita por homens, como critica Marie Gouze, criando uma declaração que inclui as mulheres. 
Atividades: revejam suas histórias e suas frases e pensem nos possíveis códigos universais que podem ser tirado delas. No texto que estamos lendo sobre Marx façam perguntas para entender melhor o que está sendo dito.

Bom, é preciso fazer uma pequena digressão. A denominação esquerda para aqueles que eram contrários à forma como os reis organizavam a sociedade francesa. Isso na Revolução Francesa. É preciso dizer também que o rei não faz isso sozinho. Junto com ele estão: Os funcionários do império, Padres e pastores (Universidade), o exercito organizado, os donos das empresas e do comercio, os comerciantes que viajam e os diplomatas (aqueles que representam o império). Para saber o que está acontecendo no mundo é preciso certo grau de associação com essas pessoas. Também é importante lembrar que elas não saem por ai falando os acordos que fazem e suas formas de administrar o mundo. Marx em vários de seus livros analise a postura desses agentes e para explicar suas ações os classifica a partir de classes sociais. Entre outros, essa discussão aparece em ‘O 18 de Brumário de Luís Bonaparte’ (1852). Marx, depois de doutora-se, torna-se jornalista e para escrever seus textos vê a necessidade de estudar economia. Prova disso são os textos chamados Manuscritos Econômicos e Filosóficos de 1844, mas apenas publicado em 1932. O texto é um rascunho de estudos que Marx fez em 43/44 a partir de textos de economistas importantes, entre eles Adam Smith e David Ricardo. O primeiro descreve como organizar a divisão do trabalho numa fábrica e o segundo sobre a posse da terra. É importante destacar que os economistas, junto com filósofos, literatos, padres e pastores são professores dos reis e dos ‘nobres’ (da elite), não necessariamente fazem parte deles. E também não significa que a elite siga suas orientações.  Porém essas duas direções, a fábrica e a posse da terra dão a Marx elementos para pesquisar esse novo mundo que estava surgindo, denominado Capitalismo. Podemos dizer que capitalismo é o modo e organização social imposto pela Inglaterra ao restante de outros países. Podemos dizer que é a produção em grande escala de produtos (inicialmente roupa), alimentos, armas, escolas, prisão, religião, navios, prisões, organização política. A Inglaterra por meio dos seus representantes, diplomatas e generais (mas também corsários, piratas, assassinos) organizam o comercio com impérios pelo mundo a fora. Ou esses impérios (ou grupamentos) aderem a esse comercio (beneficiando, claro, os ingleses) ou sofria retaliações. Um desses eventos foi a Guerra do Ópio (1839-1860), gerando um controle parcial dos portos da China recuperados apenas na Revolução Comunista chinesa em 1949 por Mao Tse-tung (1893-1976). Outro exemplo foi as constantes intervenções nas então colônias nas Américas, entre elas o Brasil. Não precisa nem falar que parte dos Ingleses e seus parceiros odeiam Marx e o marxismo...Em 1864, esse partido no qual Marx e Engels participa, em conjunto com outras diversas associações e sindicatos, organizaram um encontro internacional com representantes de trabalhadores da Europa e dos EUA, a Primeira Internacional. Marx é um dos dirigentes dessa organização que entres outras coisas organizavam as greves mundiais. Parte desse grupo, em 1871, organizou o primeiro levante operário do mundo: a comuna de Paris.
Uma questão estava clara para essa organização: é preciso acabar com o Capitalismo. Porém as formas (as ações políticas) para se chegar a esse objetivo eram diversas. Marx e Engels defendiam, a partir de uma dada leitura da história intitulada dialética, que os operários das fábricas eram a única classe social que podia dar cabo ao capitalismo. Por ser a classe que possui nada, apenas sua prole, ela podia acabar com a sociedade que organiza a propriedade privada. Gerando primeiro o socialismo, que é o controle dos meios de produção num só país, para depois se expandir nos demais países, gerando o comunismo. Para tanto é preciso convencer o trabalhador que está alienado daquilo que produz (alienado é um conceito importante, o trabalhador, por causa da divisão do trabalho, desconhece a totalidade da produção da mercadoria; além disso, ele não pode consumir aquilo que produz). Outros conceitos importantes são: valor de uso e valor de troca, trabalho humano abstrato, mais valia.
É importante destacar que a ‘elite’ não revela seus procedimentos, suas negociações, suas formas de organização e controle da sociedade. Um aspecto fundamental gerenciado por ela é a organização dos alimentos (ou produtos) que são vendidos nas cidades urbanas. Para tanto é preciso transformar as florestas e propriedades rurais em abastecedores das grandes cidades. Não é por outro motivo que as colônias nas chamadas Américas e na África produziam entre outros, açúcar, café, trigo, bebidas, ou seja, estimulantes em geral. 
Aqueles produtores rurais que produzem apenas para consumo próprio, os povos da floresta, Impérios que não querem comercializar com os ingleses, como a China, são considerados inimigos do capitalismo. São inimigos do ‘desenvolvimento’, do mundo moderno. Vários teóricos corroboram com essa tese, entre eles Jonh Locke que justifica a guerra contra povos que impeçam a expansão do comercio inglês. Inclusive alguns trechos da obra de Marx e Engels parece corroborar para isso.

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 Bom a tradição marxista é enorme, bem como seus opositores. Nos importa aqui apenas indicar alguns desses teóricos para futuras pesquisas. 
URSS: Lenin: organizou a revolução Russa em 1917.  Stalin: assumiu a URSS depois do Lenin. 
Alemanha: Rosa Luxemburgo: fez críticas ao capital de Marx
EUA: Escola de Frankfurt (Alemanha): Adorno e Horkheimer. Indústria da Cultura, estudo dos trabalhadores e dos sindicatos.
Itália: Antônio Gramsci: Hegemonia cultural
França: Louis Althusser: aparelhos ideológicos do Estado.
Textos:
Curso de Vladimir Safatle Reler Marx hoje
marxistas do sec. XXI: Boaventura (experiências no mundo contra o capitalismo), Dussel (leitura da história política mundial) e Safatle (a empresa vira parâmetro para o mundo: todos somos empreendedores).
https://www.academia.edu/40149334/Marxistas_do_sec_xxi_Boaventura_Dussel_e_Safatle
Curso de leitura de O Capital, Vol. I - Prof. Valter Pomar
https://www.youtube.com/watch?v=1XPBHVqqFhk&list=PLLion1w_I7d3LFxbCZc0B-PMQUuORyWcq
III Curso Livre Marx-Engels
(organizado pela Boitempo em 2012 traz as estudiosos para falar das principais obras de Marx e Engels)
Exercícios a partir de questões de múltipla escolha. Sigam a seguinte sequência:  a) com suas palavras escreva a pergunta da questão / b) escreva o significado da principal palavra da pergunta / c) escreva o que o enunciado diz dessa pergunta / d) pesquisa no dicionário e na internet os possíveis sentidos das palavras que vocês não conhecem. Caso tenham dúvidas anotem / e) em cada uma das alternativas, a partir das etapas anteriores, diga o porquê uma alternativa estar certa e outra estar errada.
UFJF 2011 Leia o texto, abaixo, sobre o socialismo científico proposto por Karl Marx: “A história de toda a sociedade até hoje é a história da luta de classes. Homem livre e escravo, patrício e plebeu, barão e servo, burguês da corporação e oficial, em suma, opressores e oprimidos, estiveram em constante antagonismo entre si, travaram uma luta ininterrupta, umas vezes oculta, aberta outras, uma luta que acabou sempre com uma transformação revolucionária de toda a sociedade ou com o declínio comum das classes em luta.” Para Marx, a superação do capitalismo só seria possível com a
 a. eliminação das injustiças sociais pelos ensinamentos cristãos.
b. extinção da propriedade privada através da revolução do proletariado.
c. intervenção do Estado para melhorar a vida dos trabalhadores.
d. organização de um sistema de cooperativas de trabalhadores.
ENEM 2013 TEXTO I: Não é sem razão que o ser humano procura de boa vontade juntar-se em sociedade com outros que estão já unidos, ou pretendem unir-se, para a mútua conservação da vida, da liberdade e dos bens a que chamo de propriedade. LOCKE, J. Segundo tratado sobre governo.
TEXTO II: Para que essas classes com interesses econômicos em conflitos não destruam a si mesmas e à sociedade numa luta estéril, surge a necessidade de um poder que, na aparência, esteja acima da sociedade, que atenue o conflito, mantenha-o dentro dos limites da ordem. ENGELS, F. Dicionário de sociologia, 2005.
Os textos expressam duas visões sobre a forma como os indivíduos se organizam socialmente. Tais visões apontam, respectivamente, para as concepções:
a. Compulsória, na qual as pessoas possuem papéis que se complementam — Individualista, na qual as pessoas lutam por seus interesses.
b. Heterogênea, favorável à propriedade privada — Consensual, sob o controle de classes com interesses comuns.
c. Igualitária, baseada na filantropia — Complementar, com objetivos comuns unindo classes antagônicas.
d. Liberal, em defesa da liberdade e da propriedade privada — Conflituosa, exemplificada pela luta de classes
UEL 2006 “O misterioso da forma da mercadoria reside no fato de que ela reflete aos homens as características sociais do seu próprio trabalho, como características objetivas dos próprios produtos do trabalho e, ao mesmo tempo, também da relação social dos produtores com o trabalho total como uma relação social existente fora deles, entre objetos.” (MARX, O Capital.1988) Com base no texto e nos conhecimentos sobre o tema, é correto afirmar que, para Marx:
a. As mercadorias, por serem objetos, são destituídas de qualquer vinculação com os seus produtores.
b. As mercadorias materializam a harmonia presente na realização do trabalho alienado.
c. As mercadorias constituem-se em um elemento pacificador das relações entre patrões e trabalhadores.
d. A mercadoria, no contexto do modo capitalista de produção, possui caráter fetichista, refletindo os aspectos sociais do trabalho.
(IFSUL 2014) “Num primeiro momento, podemos observar que, se existe um Aparelho (repressivo) de Estado, existe uma pluralidade de Aparelhos ideológicos de Estado. Supondo que ela existe, a unidade que constitui essa pluralidade de AIE num corpo único não é imediatamente visível”. Althusser, Louis. Ideologia e aparelhos ideológicos do Estado. Lisboa: Editorial Presença, 3ª edição, s/d, p. 44-45. Considerando o trecho acima, afirma-se que
a) trata-se de uma abordagem fortemente associada à visão weberiana do Estado.
b) entre os diversos Aparelhos Ideológicos de Estado (AIE) a que se refere Althusser encontram-se o aparelho familiar, o religioso, o escolar e o jurídico.
c) nas sociedades capitalistas, o Estado é uma esfera completamente autônoma e desconectada da estrutura social e econômica.
d) os indivíduos têm controle sobre os aparelhos de Estado na medida em que participam da vida política.

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 Aula de Filosofia para a escola Porphyrio da Paz. 2 semana.
Observação geral: tudo que iremos estudar vamos aplicar na nossa história (aquela inventada ou que pegamos de alguém e depois criamos as frases filosóficas e sociológicas) e na vida da nossa família.
República – Resumo. Ver vídeos 5 no canal do Robson Gabioneta. Título: Uma conversa sobre filosofia – Platão República geral, I-III, III-V, VI-VII, VIII-X.
veja a primeira parte:
segunda parte:
Livro VI - “portanto, é o filósofo que deve governar, porque é o único a conhecer as ideias, isto é, as realidades externas e sempre semelhantes a si mesmas; além disso deve amar a verdade, ser sincero, temperante, magnânimo, afável, ter facilidade para estudar e ter harmonia interior.” Adimanto discorda de Sócrates, os filósofos são inúteis a cidade e não participam dela. No final do diálogo “é dado o exemplo da linha: há duas espécies de entes, os do mundo visível, sensível, e os do mundo inteligível, que constituem os dois segmentos em que se divide esta linha... portanto há quatro tipos de objetos aos quais correspondem quatro atividades cognitivas: a imaginação, a crença, o pensamento dianoético e a intelecção. Os primeiros dois constituem o mundo da opinião, os outros dois, o mundo da ciência e da verdade (509c-511e)
Livro VII - Alegoria da caverna. Dentro de uma caverna há pessoas acorrentadas que ficam olhando para a parede de fundo e conversando sobre as imagens que são projetadas nessa parede. A projeção ocorre pois na entrada da caverna há fogueira que algumas pessoas usam para projetar objetos. De repente alguém é solto e sobe em direção a entrada da caverna, ele vê a fogueira e os objetos que são projetados, já fora da caverna vê os objetos a partir das suas projeções nos lagos, rios e espelhos. Depois olha os próprios objetos e depois olha o próprio sol. Depois esta pessoa volta a caverna e tenta explicar para os que ficaram lá o que ela viu. Há uma discussão pois quem saiu da caverna não consegue convencer quem está lá dentro de que eles discutem a partir das imagens.
O dialético é escolhido a partir das suas qualidades: firmeza, coragem, beleza, nobreza da alma, agudeza e facilidade na aprendizagem, tenacidade, boa memória, amor pelo trabalho. Educação do dialético: “até os vinte anos, irão aos cursos propedêuticos, sobretudo à base de ginástica; depois das ciências, por dez anos. Aos trinta anos, os melhores serão direcionados cuidadosamente para o estudo da dialética... dos trinta e cinco aos cinqüenta anos eles ‘voltarão à caverna’ e farão a experiência prática do governo da cidade. Aos cinqüenta anos, os melhores, governarão a cidade, dedicando o resto do tempo à filosofia.” (p.25)
Livro VIII - Volta-se a discussão sobre as outras 4 formas de governo: timocracia, oligarquia, democracia e tirania. “A timocracia é dominada por homens nos quais prevalece a parte impulsiva da sua alma. Quando o amor pelo dinheiro prevalece sobre todas as coisas, a cidade timocrática transforma-se em cidade oligárquica. Da cidade oligárquica passa-se para a cidade democrática, em geral, graças a uma revolta das classes mais pobres. O homem democrático caracteriza-se pelo prevalecer do elemento desiderativo da sua alma. A liberdade torna-se anarquia: prevalecem os desejos mais diversificados, não só aqueles ligados à necessidade da vida, mas também os mais supérfluos, e há a tendência geral em satisfazer por qualquer meio. Por conseguinte, domina a liberdade mais desenfreada e anárquica e esta é a causa da cidade democrática ser a cidade em que os homens são servos das próprias paixões... passa-se então para a cidade tirânica. Esta cidade nasce porque o povo escolhe um protetor contra os ricos sempre mais prepotentes... o tirano faz muitas promessas... para manter o povo sob controle, tem de conservar continuamente a cidade em estado de guerra... a conseqüência é que o povo, para se libertar da escravidão de outros homens livres, cai na pior escravidão: ser escravo de escravos.” (p.26-27)
Livro IX - “Em cada homem há uma espécie de desejos tremendos, desenfreados e contrários à lei, mas no homem sábio estes desejos são controlados pelas leis e pelos desejos melhores ajudados pela razão, enquanto que no tirano aqueles se impõem sem qualquer lei.... às três partes da alma correspondem três espécies diversas de prazeres: superioridade do filósofo e dos prazeres da parte racional, quando esta prevalece sobre as outras duas – há prazeres ligados à purificação das dores e prazeres que não purificam; prazeres puros e prazeres misturados às dores; superiores a todos os tipos de prazer são os prazeres do conhecimento próprios dos filósofos.” (p.28)
Livro X - “volta-se a discorrer sobre a poesia e a imitação, distinguindo três níveis de realidade: o das ideias, o dos objetos sensíveis e o das imitações. E dá-se o exemplo da cama: há a ideia de cama, há a cama sensível que é obra do carpinteiro e há a representação da cama feita pelo artista. O poeta e o pintor, portanto, são os imitadores da cama sensível: em geral a arte não imita as coisas que são como são, isto é, em si mesmas, as ideias das coisas, mas imita as coisas que são tal como aparecem ao artista, ou seja, as representações dos objetos. Logo, a arte é imitação da aparência e não da verdade e, por isso, está três vezes longe da verdadeira realidade.” (p.28) por isso a arte deve ser banida da cidade.
Mito do Er: “ele era um valoroso herói morto em batalha que, no 12° dia após a sua morte, ressuscitou e contou o que vira no Hades, isto é, no além. Contou que as almas, depois da morte, são submetidas a um julgamento e recebem, consoante o tipo de vida que tiveram, prêmios ou punições; penas particularmente graves estão previstas para os tiranos

Exercícios a partir de questões de múltipla escolha. Sigam a seguinte sequência:  a) com suas palavras escreva a pergunta da questão / b) escreva o significado da principal palavra da pergunta / c) escreva o que o enunciado diz dessa pergunta / d) pesquisa no dicionário e na internet os possíveis sentidos das palavras que vocês não conhecem. Caso tenham dúvidas anotem / e) em cada uma das alternativas, a partir das etapas anteriores, diga o porquê uma alternativa estar certa e uma outra estar errada

Enem 2015 - Suponha homens numa morada subterrânea, em forma de caverna, cuja entrada, aberta à luz, se estende sobre todo o comprimento da fachada; eles estão lá desde a infância, as pernas e o pescoço presos por correntes, de tal sorte que não podem trocar de lugar e só podem olhar para frente, pois os grilhões os impedem de voltar a cabeça; a luz de uma fogueira acesa ao longe, numa elevada do terreno, brilha por detrás deles; entre a fogueira e os prisioneiros, há um caminho ascendente; ao longo do caminho, imagine um pequeno muro, semelhante aos tapumes que os manipuladores de marionetes armam entre eles e o público e sobre os quais exibem seus prestígios. Platão. A República. Essa narrativa de Platão é uma importante manifestação cultural do pensamento grego antigo, cuja ideia central, do ponto de vista filosófico evidencia:
A caráter antropológico, descrevendo as origens do homem primitivo.
B sistema penal da época, criticando o sistema carcerário da sociedade ateniense.
C vida cultural e artística, expressa por dramaturgos trágicos e cômicos gregos.
D teoria do conhecimento, expondo a passagem do mundo ilusório para o mundo das ideias.
Enem 2015 - Para Platão, o que havia de verdadeiro em Parmênides era que o objeto de conhecimento é um objeto de razão e não de sensação, e era preciso estabelecer uma relação entre objeto racional e objeto sensível ou material que privilegiasse o primeiro em detrimento do segundo. Lenta, mas irresistivelmente, a Doutrina das Ideias formava-se em sua mente. ZINGANO, M. Platão e Aristóteles: o fascínio da filosofia. São Paulo: Odysseus, 2012 (adaptado). O texto faz referência à relação entre razão e sensação, um aspecto essencial da Doutrina das Ideias de Platão (427 a.C.-346 a.C.). De acordo com o texto, como Platão se situa diante dessa relação? 
A Estabelecendo um abismo intransponível entre as duas. 
B Privilegiando os sentidos e subordinando o conhecimento a eles. 
C Atendo-se à posição de Parmênides de que razão e sensação são inseparáveis. 
D Afirmando que a razão é capaz de gerar conhecimento, mas a sensação não. 
E Rejeitando a posição de Parmênides de que a sensação é superior à razão.
Enem 2015 - A filosofia grega parece começar com uma ideia absurda, com a proposição: a água é a origem e a matriz de todas as coisas. Será mesmo necessário deter-nos  nela e levá-la a sério? Sim, e por três rações: em primeiro lugar, porque essa proposição enuncia algo sobre a origem das coisas; em segundo lugar, porque o faz sem imagem e fabulação; e enfim, em terceiro lugar, porque nela, embora apenas em estado de crisálida, está contido o pensamento: Tudo é um. NIETZSCHE, F. Crítica moderna. In: Os pré-socráticos. São Paulo: Nova Cultural, 1999. O que, de acordo com Nietzsche, caracteriza o surgimento da filosofia entre os gregos?
A o impulso para transformar os elementos sensíveis em verdades racionais. 
B O desejo de explicar, usando metáforas, a origem dos seres e das coisas. 
C A necessidade de buscar, de forma racional, a causa primeira das coisas existentes. 
D A ambição de expor, de maneira metódica, as diferenças entre as coisas. 
E a tentativa de justificar a partir de elementos empíricos, o que existe no real. 
Unicamp 2013 - A sabedoria de Sócrates, filósofo ateniense que viveu no século V a.C., encontra o seu ponto de partida na afirmação “sei que nada sei”, registrada na obra Apologia de Sócrates. A frase foi uma resposta aos que afirmavam que ele era o mais sábio dos homens. Após interrogar artesãos, políticos e poetas, Sócrates chegou à conclusão de que ele se diferenciava dos demais por reconhecer a sua própria ignorância. O “sei que nada sei” é um ponto de partida para a Filosofia, pois
a) é uma forma de declarar ignorância e permanecer distante dos problemas concretos, preocupando-se apenas com causas abstratas.
b) é um exercício de humildade diante da cultura dos sábios do passado, uma vez que a função da Filosofia era reproduzir os ensinamentos dos filósofos gregos. 
c) a dúvida é uma condição para o aprendizado e a Filosofia é o saber que estabelece verdades dogmáticas a partir de métodos rigorosos. 
d) aquele que se reconhece como ignorante torna-se mais sábio por querer adquirir conhecimentos.
Ufu 2010 - Conforme o Dicionário de Filosofia de Nicola Abbagnano, Platão emprega a palavra silogismo para definir o raciocínio em geral. Aristóteles, por sua vez, o define como o tipo perfeito de raciocínio dedutivo, “um discurso em que, postas algumas coisas, outras se seguem necessariamente.” Considere que a premissa “Todo atleta treina”, sentença universal e afirmativa, é a premissa maior de um silogismo, cuja conclusão é: “Logo, Maria treina”. (ABBAGNANO, N. Dicionário de Filosofia.) De acordo com tal definição, assinale a alternativa que indica, corretamente, a premissa menor:
a) Maria não é atleta.    b) Maria não treina.   
c) Maria é atleta.    d) Maria é atleta, mas não treina.  

Apresentação de Sócrates: Platão, no diálogo Apologia, escreveu que Sócrates chegou à conclusão ‘só sei que nada sei’ depois de conversar com supostos sábios e, pela ignorância de ambos, reconhecida apenas por Sócrates, pôs-se em busca do saber. Sócrates, nesse texto, é acusado de corromper a juventude e inserir novos deuses na cidade.

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Aula de Filosofia para a escola Porphyrio da Paz. 2 semana.
Observação geral: tudo que iremos estudar vamos aplicar na nossa história (aquela inventada ou que pegamos de alguém e depois criamos as frases filosóficas e sociológicas) e na vida da nossa família.
República – Resumo. Ver vídeos 5 no canal do Robson Gabioneta. Título: Uma conversa sobre filosofia – Platão República geral, I-III, III-V, VI-VII, VIII-X.
Revejam a aula sobre Platão:
Livro I - O velho Céfalo conversa com Sócrates sobre as vantagens e desvantagens da velhice. Eles discutem como a riqueza pode ajudar ou atrapalhar a vida justa. Céfalo diz que não se deve ficar em dívida com os deuses e com os homens. Sócrates o contrapõe dando um exemplo do louco para mostrar que nem sempre deve-se pagar uma dívida: um louco que te emprestou uma arma não deve tê-la de volta. 

Comentários: Eis aqui um procedimento muito repetido nos diálogos de Platão: Sócrates, para criticar, para discutir uma ideia apresenta um exemplo onde essa ideia não pode ser adotada de maneira simples. A questão que ele coloca para Célafo é como posso pagar uma dívida para alguém que pode usá-la para prejudicá-la a ela mesma e a mim. Muitas questões são importantes aqui: como saber se a pessoa pode me prejudicar? como definir se alguém é louco ou normal? Há muitos outros procedimentos investigativos em Platão, fiquem atentos a isso na continuidade do texto. Fiz um vídeo sobre alguns deles a partir de Sócrates:
Atividade: Voltem até a frase filosófica que vocês fizeram a partir da história. Pense em um exemplo que problematize essa frase. Exemplo: a música moro lá do Renato da Rocinha faz uma critica a frase 'casas frágeis podem ser derrubadas'. 

Polemarco entra na conversa e diz que justiça é “fazer bem ao amigo e mal ao inimigo (327a-332b)”. Sócrates diz que é preciso discutir quem de fato é amigo, daquele que apenas se parece. Trasímaco defini justiça como “’o útil do mais forte’, e por mais forte entende-se o governo que detém o poder numa cidade (332b-339b). Sócrates: o mais forte também pode enganar-se, por isso, obedecer-lhe pode significar prejuízo para ambos de modo a não fazer aquilo que lhe é útil.” Trasímaco diz que como um artesão não erra também o governador não erra. Assim, cada técnica não visa a satisfação do executor, mas a perfeição daquilo que é executado. O I livro termina com Sócrates defendendo que o homem justo é feliz e o injusto é infeliz.

Comentário e atividade: um tema constante na República e nos diálogos de Platão é a imagem: como as coisas se parecem. Nem sempre o que parece é, mas o que parece sempre tem algo do que é. Volte para sua história e pense nisso: quais são as aparências das coisas lá? quais são as coisas que parecem? Outra coisa importante de continuarmos treinando é fazer perguntas. Faça perguntas quando estiver lendo.

Livro II - É preciso discutir o que é justiça. Gláucon diz que há três espécies de bens: “os que se desejam por si mesmos, como, por exemplo, a alegria e os prazeres que dão só alegria; os que se desejam quer por si mesmos, quer pelas vantagens que nos dão, como, por exemplo, a saúde e a inteligência; os que se desejam não por si mesmos, mas pelas vantagens que nos dão, como,  por exemplo, ser curados em caso de doença e exercer as atividades que dão riqueza material.” (p.15) A justiça está onde? Sócrates acha que é na segunda, Gláucon na terceira.
Adimanto diz que a maioria e os poetas pensam que ser justo é difícil e cansativo e por outro lado a injustiça é fácil e agradável, assim é melhor a injustiça mascarada do que a justiça. Sócrates pede para parar com a abstração e dizer qual o efeito da justiça e da injustiça.
Sócrates propõe que examinem a justiça num quadro maior: em vez de procurar a justiça no individuo, eles devem procurá-la na cidade. Nenhum homem basta-se a si mesmo. Suas necessidades são: comida, habitação e vestimenta. Cada cidadão pode (deve) fazer uma atividade.
Gláucon quer uma cidade mais rica, isso implica que teve haver outros tipos de pessoas. Sócrates diz que é preciso que haja guerreiros para guardar a cidade. Eles devem ser educados e entre eles, o melhor, deve ser filósofo e ter uma excelente educação. Este que será o melhor deverá aprender poesia, música, ginástica, retórica, enfim tudo.
Para educar esses homens é preciso que os poetas não falem mentiras e que os heróis não tenham vícios, apenas virtudes para que os melhores dos homens possam imitá-los.
Livro III - Para educar os guardiões na coragem é preciso eliminar da poesia aquilo que causa o medo da morte, bem como as representações dos heróis que choram, sofrem e mentem. Só os médicos e os governantes podem mentir, porém só deve fazer isso para o bem dos pacientes ou dos governados.
Há três formas de narrativas: o simples, a imitativa e a mista. Exemplos: 1ª poesia lírica; 2ª tragédias e comédias; 3ª poemas homéricos (também os próprios diálogos de Platão). Os guardiões só devem imitar homens virtuosos. “em suma, todos os artistas e os poetas devem imitar só o bem e o belo, e toda a educação se deverá adequar a um ideal de beleza, honestidade, harmonia e elegância, porque o fim último da educação musical é precisamente o amor pelo belo (396e-403c)” (p.18). Assim o poeta que não se adequar a essa exigência deve ser expulso da cidade.
Mito dos nascidos da terra: “a mãe terra deu à luz todos os homens de uma cidade, e que portanto são todos irmãos, mas os deuses misturaram ouro junto com a terra para a geração dos que têm disposição para defender a cidade, ou misturaram ferro e bronze para os agricultores e os artesões.” (p.19) aqueles que tem ouro ou prata são os guardiões da cidade e não devem ter propriedade privada. “a propriedade privada é causa de submissão, cria senhores e súditos, em vez de irmãos e aliados” (414b-417b)
Livro IV - Depois de Adimanto perguntar se aqueles que não possuem nada não serão infelizes, Sócrates diz que “o problema não é garantir a felicidade de uma só classe ou de um grupo de cidadãos, mas garantir a felicidade de toda a cidade no seu conjunto, e, portanto, de todos os cidadãos.” (p.20) Na cidade não deve ter os muitos ricos nem os muito pobres: “a sabedoria é a virtude típica dos guardiões que têm o dever de governar; a coragem é a virtude típica dos guardiões que têm o dever de defender a cidade dos perigos externos e internos...; a temperança é a virtude típica dos agricultores e dos artesãos, mas deve pertencer também às outras duas classes.” (p.20) Enfim, a justiça “consiste em ‘fazer aquilo que lhe é próprio’, que significa cumprir o seu próprio dever específico na cidade.” (p.20) Volta-se para o indivíduo. Como a cidade, também o indivíduo tem três partes: uma parte racional, uma parte impulsiva e uma parte desiderativa. A partir dos 5 tipos de almas, há 5 tipos de constituição: o primeiro é a aristocracia.
Livro V - Sobre a comunidade dos amigos, Sócrates explica através de três ondas: “a primeira onda diz respeito à identidade de tarefas e de educação para o homem e para a mulher... a segunda onda diz respeito à comunhão de mulher e de filhos... a terceira onda diz respeito à possibilidade de os filósofos governarem a cidade, ou então de os governantes se tornarem verdadeiros filósofos” (p.22) o filósofo é o único que ama a verdade na sua totalidade e que é capaz de alcançar o verdadeiro conhecimento.