terça-feira, 29 de abril de 2025

Ana.Maria.fil.2bim.1ano

EE Ana Maria Prof. Robson. Filosofia 1 ano 2 bimestre. Mito / História / Filosofia

Pasta com livros completos: https://drive.google.com/drive/folders/164BEnDLzOPCIMhERWy26OWINySywyZ7B?usp=sharing

O Mito é uma história que não pode ser verificada. Nos Mitos, muitas vezes, é apresentado a relação entre os humanos e seres não humanos, contando como surgiram o cosmos (universo), o planeta Terra, os elementos da natureza (sol, mar, trovão, ar, chuva, etc.), os seres humanos, os animais, as plantas. Esses Mitos são chamados de Mitos da criação. Muitos Mitos falam sobre a luta dos seres humanos para sobreviver e os problemas sociais que eles causam. Por isso eles são fonte de conhecimento das sociedades, tanto as sociedades antigas como as sociedades atuais.

A História, saber humano que estuda os fatos ocorridos, se baseia nos Mitos, mas busca se distinguir deles. Vejamos uma ilustração desta distinção:

Mito

História

Surgimento do mundo a partir de Omama contado por Davi Kopenawa

O modo de vida dos Ianomamis no Am

A humanidade é criada a partir da lama de Nanã, sendo moldada por Oxalá

O modo como os afrodescendentes cultuam seus deuses.

O modo como weõe (preá) pegou o xiãwn (fogo) de itxiateié (velha)

Como os Ofaié de TL fazem fogo

Travessia do mar vermelho do povo hebreu na saída do Egito

Migração do povo hebreu do Egito para Canãa

Descrição da guerra de Troia por Homero

Guerra real entre troianos e gregos a partir de resquícios arqueológicos

O fim do mundo para os Maias (21/12/2012)

Como os Maias se organizavam

Hesíodo, poeta grego, na Teogonia (1995), diz que as Musas o ensinaram que no inicio nasceu o Caos, depois Urano (céu) Eros e Gaia (terra). Urano e Gaia geram Oceano e Cronos. Este último tira o poder de Urano mas é destronado por seu filho Zeus. Este, para acabar a guerra, divide o poder entre seus irmãos Posidão (águas) e Hades (submundo).

Mito do surgimento do mundo para os Iorubás (contada por Prandi, 2007, um antropólogo): “[...] antes do início dos tempos, Olorum, o ser supremo, já habitava a eternidade. Ele vivia só, e tudo á sua volta era igual, sem diversidade e sem movimento. Acabou se cansando de tanto nada, de tanta mesmice, e decidiu fazer um mundo onde seu olhar pudesse pousar a cada instante numa coisa diferente [...] Olorum criou os orixás e atribuiu a cada um deles um de seus poderes [...] Olorum entregou o saco da criação para Oxalá, seu filho mais velho e disse: ‘vá e crie mas antes faça uma oferenda a Exu que ele te ajudará na criação do mundo’. Como Oxalá se esqueceu de Exu, este lhe preparou três incidentes: primeiro fez Oxalá cair e sujar as vestes na lama da estrada [...]; mais adiante Oxalá tropeçou numa cabaça de azeite de dendê, e de novo sua roupa teve que ser substituída. [...] na terceira vez, foi com carvão que Oxalá se sujou. E lá foi ele de novo se trocar [...] Odudua, outro irmão de Oxalá, resolveu tirar proveito da situação [...] e foi se aconselhar com seu irmão Ifá. [...] Ifá jogou seus dezesseis búzios mágicos no chão e disse a Odudua que suas pretensões poderiam se concretizar. Antes de mais nada deveria oferecer a Exu [...] Oxalá parou sob um dendezeiro e com seu cajado fez um furo no caule da palmeira [...] Oxalá bebeu do vinho-de-palma até matar a sede, mas a bebida lhe deu muito sono. Ali mesmo, na estrada, Oxalá adormeceu, embriagado [...] Odudua pegou o saco da Criação e foi no local adequado. Lá ele tirou do saco da Criação um punhado de terra que atirou sobre as águas [...] Em seguida soltou a galinha de pés de cinco dedos, e ela se pós a ciscar, espalhando por todos os lados a terra do montículo. Uma grande superfície sólida foi se formando sobre os pés da galinha. [...] Oxalá acordou e viu que o mundo já existia, então voltou a casa de Olorum que o repreendeu: ‘nunca mais beberá vinho-de-palma [...] ainda falta o mais importante no mundo. Eu pus na sua cabeça a semente de uma ideia que não pus no saco da Criação’. Olorum mandou Exu acompanhar Oxalá. [...] Oxalá depositara na primeira encruzilhada presentes para Exu. [...] Com as próprias mãos, Oxalá amassou o barro e com ele modelou os bonecos aos quais deu a vida com o sopro de Olorum, transformando-os em seres humanos.

Mito do surgimento do mundo para os Yanomami (contada por Davi Kopenawa, 2015, um indígena): “[...] no começo, Omama e seu irmão Yosi vieram à existência sozinhos. [...] Então, foi a vez de Omama vir a existir e recriar a floresta, pois a que havia antes era frágil. Virava outra sem parar, até que, finalmente, o céu desabou sobre eles. Seus habitantes foram arremessados para debaixo da terra [...] Por isso Omama teve de criar uma nova floresta, mais sólida, cujo nome é Hutukara. [...] Depois, para evitar que desabasse, plantou nas suas profundezas imensas peças de metal, com as quais também fixou os pés do céu. Mais tarde, com o metal que ficou, depois de fazer com que ficasse inofensivo, Omama também fabricou as primeiras ferramentas de nossos ancestrais. [...] Também desenhou o primeiro sol, para nos dar luz. Mas era por demais ardente e ele teve de rejeitá-lo, destruindo sua imagem. Então, criou aquele que vemos até hoje no céu, bem como as nuvens e a chuva, para poder interpô-los quando esquenta demais. Isso ouvi os antigos contarem. Omama criou também as árvores e as plantas, espalhando no solo, por toda parte, as sementes de seus frutos. [...] Certo dia, Omama trabalhava em sua roça com o filho, que começou a chorar de sede. Para matar-lhe a sede, ele perfurou o solo com uma barra de metal. Quando a tirou da terra, a água começou a jorrar violentamente em direção ao céu e jogou para longe o menino que se aproximara para bebê-la. [...] No início, nenhum ser humano vivia ali. Omama e seu irmão Yoasi viviam sozinhos. Nenhuma mulher existia ainda. [...] Nós saímos, mais tarde, da esposa de Omama, Thuëyoma, a mulher que ele tirou da água. [...] O sol e a lua têm imagens que só os xamãs são capazes de fazer descer e dançar. Elas têm a aparência de humanos, como nós, mas os brancos não são capazes de conhecê-las.

Mito do nascimento dos seres (contado por Platão, séc. IV a.C., 1980): “Houve um tempo em que só havia deuses, sem que ainda existissem criaturas mortais. Quando chegou o momento determinado pelo Destino, para que estas fossem criadas, os deuses as plasmaram nas entranhas da terra, utilizando-se de uma mistura de ferro e de fogo, acrescida dos elementos que o fogo e à terra se associam. Ao chegar o tempo certo de tirá-los para a luz, incumbiram Prometeu e Epimeteu de provê-los do necessário e de conferir-lhes as qualidades adequadas a cada um. Epimeteu, porém, pediu a Prometeu que deixasse a seu cargo a distribuição. Depois de concluída, disse ele, farás a revisão final. Tendo alcançado o seu assentimento, passou a executar o plano. Nessa tarefa, a alguns ele atribuiu força sem velocidade, dotando de velocidade os mais fracos, a outros deu armas; para os que deixara com natureza desarmada, imaginou diferentes meios de preservação [...] Destarte agiu com todos, aplicando sempre o critério de compensação. Tomou essas precauções, para evitar que alguma espécie viesse a desaparecer. Depois de haver providenciado para que não se destruíssem reciprocamente [...] De seguida, determinou para todos eles alimentos variados, de acordo com a constituição de cada um: a estes, erva do solo; a outros, frutos das árvores; a terceiros, raízes, e a alguns, ainda, até mesmo outros animais como alimento, limitando porém, a capacidade de reprodução daqueles, ao mesmo tempo que deixava prolíficas suas vítimas, para assegurar a conservação da espécie. [...] Prometeu para inspecionar a divisão e verificou que os animais se achavam regularmente providos de tudo; somente o homem se encontrava nu, sem calçados, nem coberturas, nem armas [...] Prometeu para assegurar ao homem a salvação, roubou de Hefesto e de Atena a sabedoria das artes juntamente como fogo e os deu ao homem. [...] o homem, em virtude de sua afinidade com os deuses, o único dentre os animais a crer na existência deles, tendo logo passado a levantar altares e a fabricar imagens dos deuses. Não demorou, e começaram a coordenar os sons e as palavras, a engenhar casas, vestes, calçados e leitos, e a procurar na terra os alimentos. [...] quando se juntavam, justamente por carecerem da arte política, causavam-se danos recíprocos, com o que voltavam a dispersar-se e a serem destruídos como antes. Preocupado Zeus com o futuro de nossa geração, não viesse ela a desaparecer de todo, mandou que Hermes levasse aos homens o pudor e a justiça, como princípio ordenador das cidades e laço de aproximação entre os homens”.

Uma história sobre o xiãwn (recontada pelos Ofaié a partir de Darcy Ribeiro, 2021): “Tinha uma itxiateié (velha). Ela era a xiãwnteié (mãe do fogo). Todos queriam o xiãwn (fogo) porque no inverno todos passavam muito frio e, também porque sabiam que o xiãwn tinha outras utilidades. Então eles se juntaram para tomar o tição da itxiateié. [...] o chefe dos tikãnhé mandou o känawra (tatu) tomar o xiãwn da itxiateié. O känawra deitou-se. Depois ele começou a coçar a itxiateié para ela dormir. [...] Aí o känawra pegou o tição e saiu correndo. Mas a itxiareié acordou, assoviou alto para seu filho que era uma ohti (onça) muito ágil. Aquela ohti pegou o rastro do känawra, saiu correndo atrás dele e, facilmente tomou o tição. [...] esta história é muito comprida, porque foi lá roubar o xiãwn, tudo quanto foi tikã: a fwitaié, o kregrai, o häto, tudo. Mas ninguém podia com a ohti. Por incrível que pareça, quem conseguiu pegar o xiãwn foi um bichinho atoa. Foi o weõe (preá). [...] quando ele chegou lá, foi diretamente ao assunto: ‘bom dia vó! Como vai por aqui? Eu já vim para levar este xiãwn’. E foi pegando o tição e foi amarrando no pescoço [...] o weõe deu uma volta, passou por trás da ohti e foi cortando o mato por outro caminho. [...] (depois de dias a ohti encontrou o weõe e então conversaram como amigos). A ohti ensinou tudo, até fazer xiãwn quando acabasse o tição. Ela falou: ‘você mesmo pode fazer xiãwn. É só pegar um pauzinho bem seco e esfrega-lo com a mão em cima de outro pau, esfrega bastante que sai xiãwn”.

Análises dos mitos:

1.    Escolha um mito e com suas palavras descreva os principais acontecimentos;

2.    Imagine e escreva, a partir do mito escolhido, o que aconteceu antes e depois do acontecimento principal;

3.    Quem é o eu lírico do mito? Quem viu ou ouviu o mito que está sendo contado?

4.    Quem são os personagens e como eles se relacionam?

5.    Que elemento da natureza é apresentado no mito? Qual a importância desse elemento hoje? Como as pessoas na nossa época se relaciona com esse elemento?

6.    Qual o princípio ou os princípios que estão por trás do mito?

7.    Quais frases genéricas podemos fazer a partir do mito?

8.    Que perguntas podemos fazer para o mito?

9.    Escolha outro mito e faça a sequencia de 1 a 7, depois compare-os.

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