EE Ana Maria Prof. Robson. Sociologia 1 ano 2 bimestre. Sociedades Tradicionais (o conhecimento delas parte das Sociedades Modernas que se formas a partir delas, por isso importa saber quem produz o discurso ou a narrativa)
Pasta com os textos completos: https://drive.google.com/drive/folders/1faV5TMa4b9MLafCI1CTWInC4zmvstYwg?usp=sharing
Em
Sociologia as sociedades Tradicionais se opõem as Sociedades Modernas a partir
do seu modo de vida. As sociedades Tradicionais (povos indígenas,
quilombolas, ribeirinhos, pequenos agricultores) produzem para sobreviver e
participam de maneira esporádica do comércio com outras sociedades. As Sociedades
Modernas se organizam a partir das trocas que realizam com outras sociedades,
por isso, muitas delas, se especializam na produção de alguma coisa. As Sociedades
Modernas podem ser urbanas ou rurais. Apesar das Sociedades Modernas urbanas
serem distintas das rurais, em ambas as sociedades há um continuo fluxo de
informações, seja pela invenção de novos produtos, seja pelo desenvolvimento
científicos, seja pela circulação de novas técnicas. Nas sociedades Tradicionais
a circulação de informação ocorre numa velocidade menor e a partir de um espaço
geográfico menor.
Ao
longo da história as sociedades urbanas foram se tornando maiores, formando os
Impérios. Para tanto, foi necessário o trabalho de muitas pessoas e uma
complexa organização, tanto para alimentar essas pessoas, como para proteger
esse território de invasões, ou mesmo para organizar invasões de outros
Impérios e/ou Sociedades Tradicionais, seja de maneira preventiva, seja para
conquistar outros territórios. Para conseguir se proteger ou mesmo invadir
outros territórios, os Impérios precisaram criar um exército, bem como as armas
necessárias para conseguir êxito.
Os
Impérios, entre os séculos XVI e o nosso século XXI, foram se tornando Estados.
Esses Estados são chamados de Estados Modernos. Modernos vem do latim modernus,
aquilo que é novo, que é do tempo presente, em oposição aquilo que é antigo,
medieval. Porém, os Estados Modernos ainda guardam muitas caraterísticas dos
antigos Impérios, apesar de serem distintos deles. Uma distinção importante,
construída ao longo dos séculos, foi o reconhecimento mútuo, ou seja, um Estado
reconhece a fronteiras de outro Estado. Outra distinção importante foi o envio
de pessoas para realizar comércio e solucionar os conflitos. Esses são os
diplomatas. Nesse contexto, um fato importante, foi a criação da ONU em 1945 no
fim da II Guerra Mundial. Na época eram 51 Estados, hoje são 193. Hoje, apesar
dos Estados, como os Impérios, ainda valerem-se da força de suas armas e dos
seus exércitos, há um certo equilíbrio entre eles, em especial a partir dos
grupamentos (como a União Europeia, o Brics, entre outros).
Para
sobreviver ao longo do tempo, os Impérios precisaram construir uma unidade.
Para que essa unidade acontecesse foi necessário que cada um contribuísse com
seu trabalho. Assim, enquanto um
produzia alimento, o outro produzia ferramentas; outro produzia animais para a
lavoura, para o transporte de mercadorias ou mesmo para alimentação; outro
ainda ensinava as pessoas a falar uma mesma língua; outro ajudava os
imperadores a recolherem impostos e a organizar o trabalho de todos.
Foi
necessário muito conhecimento sobre a organização social, tanto da sociedade
que se vive, quanto de outras sociedades. Esse conhecimento foi chamado
Sociologia. A Sociologia parte dos conhecimentos
produzidos pela História e Filosofia. Hoje em dia, além dessas duas áreas, a
Sociologia dialoga com a Geografia, Economia, Direito, entre muitos outros.
Uma
área importante da Sociologia é a Antropologia. O antropólogo é aquele que a
partir das Sociedades Modernas vai estudar as Sociedades Tradicionais.
Para fazer isso ele deve ficar alguns anos na Sociedade Tradicional, aprender o
seu idioma, entender a sua organização, os seus costumes, a sua cultura, e
depois descreve-la. Com o tempo (a Antropologia se consolidou ao longo do
século XX) os antropólogos perceberam uma coisa bastante óbvia: as
Sociedades Modernas (SM) vieram das Sociedades Tradicionais (ST). Assim, as
SM são grupamentos de ST. Outra coisa importante que o antropólogo faz é
conectar as SM as ST, sendo um mediador entre elas.
No
Brasil, os primeiros antropólogos estudaram os povos indígenas e os
descendentes afro-brasileiros. Depois eles estudaram os
imigrantes italianos, franceses, japoneses, árabes, etc. Estes são os
principais grupos que constituem o Brasil. Hoje os antropólogos, com seu método
próprio, estudam tudo. Vejamos alguns elementos da antropologia brasileira.
Em
síntese pode-se falar que há três tipos de discursos sobre as ST: 1. de fora
(onde as SM falam das ST); 2. das próprias ST falando para as SM (aqui temos o
reconhecimento que as SM são formadas a partir ST); 3. Entre as ST em busca de
maior força política (no Br isso geral os Ministérios da Igualdade Racial e dos
Povos Indígenas).
Landes,
Ruth. 1947 [2002] A Cidade das Mulheres. Prefácio de
Mariza Corrêa. p.9. Ruth Landes (1908-1991; filha de judeus russos) vem para o
Br em 1938 com uma comitiva de antropólogos dos EUA. 12. conheceu Edson
Carneiro que em 1937 organizou o II Congresso Afro-brasileiro, entre outros
lideranças: Mãe Aninha e Jorge Amado. p.15. preferiu descrever as disputas em
vez da integração, em especial a participação “das mulheres nos cultos nagô e
dos homossexuais nos cultos afro-brasileiros”. Prólogo, p.33. “o
material para este livro foi colhido durante uma pesquisa antropológica de
campo na Bahia e no Rio de Janeiro, em 1938 e 1939”. Livro. 40.41. ela
narra como Osvaldo Aranha, ministro de Vargas, a recebe e fala que é bom estudar
os negros que são o atraso da nação, por isso querem embranquece-la. 48. A
polícia a observou por uns meses pois poderia ser uma espiã russa. 49. Conhece
Édison carneiro que era pardo, estudava o candomblé e se opunha a Vargas e por
isso fora preso. 54. Num domingo Oliveira leva ela para um mercado onde se
vende coisas da África. 56. Carneiro a leva nos terreiros e por meses ela
conversa com as pessoas. 60. Édison apresentou Ruth para Martiniano, de 80
anos, que, quando moço, foi à Lagos, na Nigéria, África. 139. Édison leva Ruth
para feira em Itapagipe. Eles presenciam um samba de roda. 150. Veem uma roda
de capoeira. 185. O padre confirma que havia candomblé dentro da igreja e
mostra São Benedito. 212. Mãe Menininha não gostava dos terreiros de caboclo,
pois misturava orixás com espírito de índios e santos católicos. 247. Ruth é
assediada pelo caboclo de Sabina. 249. Ruth conta o caso para Édson que
explicou que a associação surgiu para evitar a charlatanice. 262. Edson fala a
Ruth que antes do carnaval ritos católicos e africanos se misturam como a
lavagem da igreja de nosso senhor do Bonfim (Oxalá=Jesus).
Carneiro,
Edson. Religiões negras: notas de etnografia religiosa. p.14
(ou p.16). “E, assim, desmoralizado, esmagado pelo branco, o negro construiu,
com as suas próprias mãos, a sociedade que o havia de oprimir”. Comentário os
brancos cristãos que tentaram se aproveitar do trabalho, da energia, daqueles
que eles tentaram escravizar. Falta aqui também as resistências, ou melhor as
resiliências onde os escravizados, no seu ritmo, conduziam a sociedade. p.147-157.
O sincretismo religioso. 152. “a fusão da mitologia negra com o catolicismo é
por demais evidente”.
Munanga
(2004) acredita que a contribuição de Freyre foi ter demonstrado que negros,
índios e mestiços tiveram contribuições positivas na cultura brasileira:
influenciaram profundamente no estilo de vida da classe senhorial em matéria de
alimentos, indumentária e sexo, dando origem à mestiçagem cultural. Essa
exaltação de convivência harmoniosa impediu os membros das comunidades não
brancas de terem consciência dos sutis mecanismos de exclusão sociais, sem
consciência de suas características culturais e de uma identidade própria são
expropriados, dominados e convertidos em símbolos nacionais pelas elites
dirigentes (MUNANGA, 2004, p. 88-89).” (Gomes e Bakos, 2014, p.25)
Sobre os tambores africanos segue uma oficina de Gabi Guedes. Nessa oficina Guedes destaca que a organização geral dos tambores vindos da África: há dois que fazem a marcação (um no tempo e outro no contratempo) e um outro que dialoga com esses dois, é mais livre para improvisar, para brincar. Outras duas pessoas ligadas a cultura afrobrasileira, Lucia Castro do jongo Dito Ribeiro e Tião Carvalho, em contextos distintos, disseram a mesma coisa. O instituto Tambor do mestre Caçapava apresenta diversos toques básicos. Silva (Salloma Salomão) fala das multiplicidades de instrumentos musicais encontrados na África.
No
livro A queda do céu, Davi Kopenawa mostra como os Xapiri (células
espirituais) se juntam para criar um ser vivo. Essa descrição é semelhante à
concepção de alma das religiões de matriz africana e da descrição dos
itinerários das almas feitas por Platão no Fedro. Outra coisa que Davi
destaca é como aconteceu a aproximação dele com uma comunidade evangélica:
primeiro eles se aproximaram, depois eles disseram que vieram para ficar. No
livro História dos índios no Brasil, de 1992, p.15, na introdução, Manuela
apresenta, a partir do texto do viajante francês Abbeville (1614), uma fala de
um velho tupinambá semelhante a fala de Davi: “vi a chegada dos peró
[portugueses] em Pernambuco e Potiú; e começaram eles como vós, franceses,
fazeis agora. De início, os peró não faziam senão traficar sem pretenderem
fixar residência [...] mas tarde, disseram que nos devíamos acostumar a eles e
que precisavam construir fortalezas, para se defenderem, e cidades, para
morarem conosco [...] mais tarde afirmaram que nem eles nem os paí [padres]
podiam vivem sem escravos para os servirem e por eles trabalharem [...]
Na
sua tese de doutorado, Gersem Baniwa defende que é um erro as comunidades
indígenas deixarem a educação de seus filhos apenas sob a responsabilidade do
Estado.
Jerá
Guarani disse que sua comunidade (ou pelo menos parte dela) levou 6 anos para
‘tornar-se selvagem’. (o termo selvagem é discutido por um antropólogo francês
chamado Levi-Strauss)
Rádio
Yandê (primeira rádio indígena)
Atividade:
Pesquisa sobre os rituais que acontecem no Brasil a partir da plataforma:
https://hibridos.cc/po/rituals/. Siga a sequência:
1. Em
dupla ou trio escolha um ritual;
2. Selecionem
as partes mais importantes do texto inicial
3. Ouça
uma das entrevistas e selecione algum trecho significativo
4. Veja
o ritual e selecione um momento para descrever
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