quinta-feira, 1 de fevereiro de 2024

Objetivo.Santa.Fé.do.Sul.2ano

Objetivo.Santa.Fé.do.Sul.2ano
Para as turmas da escola Objetivo de Santa Fé do Sul - 1 Ano Filosofia/Sociologia
Meu nome é Robson e se não houver nenhuma mudança estarei com vocês as sextas feiras para as aulas de Filosofia e Sociologia. Me formei em Filosofia na Unicamp, em Campinas, em 2010. Desde então venho lecionando essa disciplina. Logo que me formei ingressei no curso de Sociologia e no mestrado em filosofia antiga. Este último terminei em 2013 e o primeiro em 2018, de modo que a partir desta última data comecei a secionar também sociologia. Em 2020 ingressei no doutorado, também na Unicamp, com o tema ensino de filosofia a partir de Platão. No final de 2021 vim, junto com minha esposa para Ilha Solteira onde resido atualmente.
Em primeiro lugar peço a vocês paciência, nossa tarefa, como de todos os professores, de estudar a história da filosofia e da sociologia é muito grande. Daí a necessidade de vocês terem paciência comigo que não sou da geração de vocês, mas também com vocês mesmo, uma vez que esse conhecimento, que demorou milênios para ser construído, não é possível de ser estudado com profundidade em 3 anos, assim, o que vamos fazer é apresentá-lo a vocês, fazendo indicações para que vocês aprofundem os estudos.
Parece que o Objetivo trabalha com provas bimestrais, se for isso, vamos ao longo do bimestre se preparar para essa prova, mas também pretendo apresentar atividades que julgo ser útil para vocês e tentarei, na medida do possível, colocar essas atividades nas provas. 
Estudaremos a partir da apostila produzida Ivy Judensnaider e José Maurício Fonzaghi Mazzucco do seguinte modo: colocarei entre aspas (“”) aquilo que estou destacado da apostila e/ou de um autor; colocarei acréscimo em parênteses.
Outro detalhe que discutiremos em sala é a sequencia das aulas, como temos aula dupla, podemos decidir se vamos estudar as duas aulas de uma matéria só (ai cada matéria seria ofertada a cada 15 dias) ou uma aula por disciplina, no caso filosofia e sociologia.
Antes de colocar meus destaques da apostila, vou propor dois exercícios existências:
I. Caminhos da Vida. Vocês (e todos nós) estudamos para quando se tornarem adultos possam participar da sociedade que vivemos por meio do trabalho. Assim vocês podem escolher se formar e trabalhar nas seguintes áreas: 1. No Estado; 2. na iniciativa privada (que sempre é oriunda de algum país); 3. No comércio; ou 4. no setor de serviço. Há uma quinta (5) opção praticada pelos povos indígenas, quilombos, comunidades ribeirinhas, etc, que é viver de maneira independente do Estado. Peço que cada um de vocês pensem nos seus parentes próximos (pais, tios, primos) e coloca cada uma em uma dessas classificações. Depois escolha um deles para conversar. Para ajudar, escolha um dos seus amigos para ajudar nessa conversa. Ao longo do ano, a partir de cada conteúdo vamos pensar o que iremos conversar com esse profissional.
II. Método platônico de pensar mitos. Platão, devido ao julgamento e condenação de Sócrates, começou a investigar, com vistas a mudar, sua sociedade. Em primeiro lugar ele analisou as histórias, os mitos, do seguinte modo: generalizava suas posições e fazia perguntas para o mito e para as generalizações. Para ficar mais claro, vou usar um mito da nossa época que suponho que vocês conhecem, a história dos três porquinhos (1. história). Eles saem da cada dos pais e cada um constrói sua casa, um de palha, um de madeira, outro de alvenaria. Vem um lobo e derruba as duas primeiras, porém, a terceira, como não consegue derrubar, tenta entrar pela chaminé, porém, os porquinhos percebem, colocam fogo e espantam o lobo (2. resumo). A partir dai podemos fazer a seguinte generalização: casas frágeis podem ser derrubadas (3. frase filosófica); ou mesmo fazer uma frase mais descritiva: nessa sociedade, os jovens saem da casa dos seus pais para construir suas casas (4. frase sociológica). A partir de 1, 2, 3 e 4 podemos fazer perguntas. Vamos dividir as perguntas em 3 categorias:  perguntas que a história explica, como, quem derrubou as casas frágeis? o que aconteceu para o lobo fugir? etc. A pergunta pode não ser explicada pela história: porque os porquinhos não se juntaram para fazer uma casa só? como era a casa dos pais dos porquinhos? etc. Ou a pergunta pode trazer elementos de fora da história (de outra história, de uma filosofia): Os lobos, para serem bem sucedidos, precisam ter consciência de classe e agir em conjunto? Os pais dos porquinhos deveriam fazer fogueiras em torno da cidade para impedir que lobos entrem nela (5. perguntas). Vou pedir para vocês praticarem esse exercício em 5 etapas a partir de uma história que vocês escolheram. As etapas são: 1. nome da história; 2. Resumo; 3. Frase filosófica; 4. frase sociológica; 5. formulação de perguntas (que a história explica. que a história não explica e que traz elementos externos a história). Isso para a próxima aula.
Sobre a Apostila, vou colocar meus apontamentos dos módulos 1 e 2 de filosofia e sociologia 

Filosofia
Módulo 1 - O poder do método: a razão
1. temos certeza sobre as coisas que aprendemos até hoje?
Descartes fez essa pergunta e concluiu que ele não podia confiar naquilo que lhe era ensinado, por isso decidiu pôr à prova todos os seus conhecimentos. Conclui (inicialmente) que só não pode duvidar que ele era um ser pensante. (ver como isso aparece em Platão)
2. Contexto: (disputa pelo poder (como conduzir a sociedade, educar as pessoas, fazer ciência, etc). Estavam na disputa: os nobres (políticos), os comerciantes (burgueses), as igrejas católica e protestante (professores), os filósofos. Descobertas dos mares: novos comércios, novas terras, ‘nova’ forma de produção (escravismo))
2.3. Exercícios: 1. Descartes e Bacon almejam desenvolver a ciência como expressão da razão e modelo para as outras áreas do conhecimento. 2. para Descartes a dúvida visa questionar os ideias e concepções. 3. para Descartes o conhecimento vem da autonomia do sujeito.
Módulo 2 - Descartes: o Discurso do Método
4. René Descartes (1596-1650). Descartes tinha que ser cuidadoso, pois Galileu já havia sido condenado (1633). Para Descartes havia precipitação nas opiniões, assim, era preciso duvidar sistematicamente. (ele duvida dos sentidos, do sonho, da matemática, gênio maligno, deus enganador)  Ao fazer isso percebe que a única certeza é duvidar e pensar. “penso, logo existo” (cogito ergo sum)
5. A matemática, em especial a geometria, deveria ser base para as outras ciências. (isso é muito comum, está presente em Platão e Aristóteles. A questão principal é como fazer a transposição). Posições dos objetos a partir de coordenadas geométricas (x, y).
Método de Descartes: análise, enumeração e síntese. Os princípios matemáticos estavam no cogito, misturados a outras ideias, na análise e enumeração eles foram separados.
(4 regras para o espírito: evidência; análise; ordem; enumeração)
6. Discurso sobre o método. Características do método: a) regras certas; b) fáceis; c) matemática universal.
“Veja, a seguir, um trecho de Discurso do Método, no qual o filósofo expõe três máximas que considerava fundamentais para a vida: obedecer às leis, aos costumes do país e a Deus; ser firme e decidido, não cedendo ao impulso de seguir opiniões menos firmes e seguras do que as próprias; e, finalmente, estar ciente das próprias limitações diante da ordem do mundo.”
(Aqui temos uma mudança, estávamos na ciência e passamos para a sociedade, para a ética).
7. Críticas de Blaise Pascal (1623-1662):alguns princípios da geometria não são demonstráveis (apenas de supõe e parte dele)
9-10. Exercícios: 1. Descartes e Hume atribuem aos sentidos papéis diferentes quando se trata do conhecimento. 2. a dúvida de Descartes é positiva pois visa o conhecimento inabalável. 3. a dúvida funda o pensamento moderno. 4. o ceticismo julga impossível obter certeza, buscando a indiferença. 5. 4 regras para o espírito: só aceitar o que não pode ter dúvida; tudo tem uma razão demonstrável; revisão exaustiva das etapas anteriores; partir do simples para o complexo.

Sociologia
Módulo 1 - Os meios de comunicação de massa e a indústria cultural
1. Meios de comunicação de massa são aqueles que se comunicam a um número expressivo (?) de pessoas. Este gera uma cultura se houver também um consumo contínuo. Esse fenômeno ocorre a partir da industrialização no séc. XIX.
2. O processo de industrialização é a divisão do trabalho (e, muitas vezes, a mecanização). Isso implica que o trabalhador deixa de ter conhecimento total sobre o produto, algo que apenas a ‘elite’ industrial possui. 
Elementos do sistema capitalista: reificação (coisificação: o homem e sua força de trabalho, por serem trocadas, se comparam as mercadorias) e alienação (pela divisão do trabalho, o trabalhador deixa de conhecer o todo do processo produtivo).
Os produtos da cultura (arte: música, teatro, cinema, etc) seguem a lógica da produção industrial de mercadorias: aliena; coisifica; precifica. (Marx)
“Podemos dividir as manifestações culturais e seus públicos em três grupos distintos: a manifestação superior, a manifestação de nível médio (a midcult, associada ao universo burguês da classe média) e a manifestação de massa (mass culture), esta última tida como “inferior”.” A primeira se refere às elites de ‘bom gosto’, ligados a alguma tradição e em tese possui uma longa duração; a segunda usa elementos desta e da terceira; a terceira é feita para o consumo rápido pela população em geral.
filme O Show de Truman (1998)
3. Cultura popular, muitas vezes entendido como folclore, são comportamentos de um determinado povo (ou etnia) (que se refletem na forma de vestir, no trato com o divino, na música, na dança, etc). Cultura de massa, ou pop, é a cultura criada (de fora) para o consumo da população. 
A cultura de massa aliena [...] Procurando a diversão, a indústria cultural estaria mascarando realidades intoleráveis e fornecendo ocasiões de fuga da realidade (COELHO, O que é indústria cultural, 1986, p. 12).
Aspectos positivos da cultura de massa (em especial a TV): difusão e padronização da linguagem; apresentação de lugares diversos. No Br a TV chegou em 1950 (a rádio, tão popular quanto, chegou em 1922).
4. Até a década de 90, em especial nas cidades que estavam em formação, havia partilha de aparelhos de TV; até que os aparelhos se tornaram mais baratos e as cidades passaram a ter muros.
“em 1967, o Código Brasileiro de Telecomunicações passou a exigir que as emissoras de rádio e televisões deveriam transmitir programas educativos.” (na verdade obrigação do Estado fornecer a sua população dados sobre a história mundial)
(São vários, vejamos alguns: TV Cultura; https://cultura.uol.com.br/radio/;  Canal do Youtube da Usp:https://www.youtube.com/@CanalUSP;  https://jornal.usp.br/radio/; Canal do Youtube da Univesp: https://www.youtube.com/channel/UCBL2tfrwhEhX52Dze_aO3zA; https://telecurso.frm.org.br/; Unicamp e Unesp.)
Vila Sésamo: http://cmais.com.br/vilasesamo/videos; Sítio do Pica-Pau
Amarelo: https://memoriaglobo.globo.com/entretenimento/infantojuvenil/sitio-do-picapau-amarelo-1a-versao/.
“A televisão estimulou a criação de um imaginário popular no qual a ideia central era a de que o mundo funcionava como uma grande aldeia global.”
“A sincronia está associada a fenômenos que ocorrem simultaneamente. Por sua vez, a
assincronia diz respeito à falta de simultaneidade entre eventos.”
5.6. Exercícios: 1. o rádio permite acesso às informações e a cultura. 2. indústria cultural, Adorno e Horkheimer, a cultura torna-se entretenimento (com padrões que se repete). 3. os sistemas de comunicação de massa fazem circular valores ( e com eles ações de massa). 4. idealização do corpo magro e estigma do corpo gordo são discursos hegemônicos na mídia. 5. Gilberto Gil, Banda larga cordel, trata da evolução das tecnologias de comunicação. 6. foto da Guerra do Vietnã (1965-1975) denuncia os abusos dos EUA.
Módulo 2 - Escola de Frankfurt, indústria cultural e a crítica de Marshall McLuhan
8. “pensadores da Escola de Frankfurt, os alemães Theodor Adorno (1903-1969) e Max Horkheimer (1895-1973)”. A partir da perspectiva marxista eles discutiam a cultura. Eles usavam a teoria crítica. (outros nomes: Benjamin; Marcuse; Erich Fromm)
Caso uma obra ou manifestação artística fizesse bem aos sentidos, certamente a intenção era amortecer a reflexão e o espírito crítico (COELHO, O que é indústria cultural, 1986).
“Um dos críticos à Escola de Frankfurt foi o canadense Marshall McLuhan (1911-1980)”
“Em função disso (da relação entre forma e conteúdo da comunicação), McLuhan identificava três períodos (ou galáxias, nas suas palavras) na história da humanidade: a cultura oral (típica de sociedades não alfabetizadas), a cultura tipográfica (a Galáxia de Gutenberg, das sociedades alfabetizadas) e a cultura eletrônica (típica dos meios de comunicação instantâneos e que permitiam experiências sensoriais).” (é preciso lembrar que essas épocas convivem atualmente, e, dependendo do lugar, uma pode ser mais predominante do que outra).
“Apesar das críticas, é inegável que a cultura industrial vem contribuindo para a homogeneização da cultura. Em especial no caso brasileiro [...] o papel da indústria cultural na formação de uma identidade nacional é de suma importância.” (ainda que os artistas proponham coisas diferentes)
9. “não houve, na nossa história cultural, a formação de uma cultura superior nos termos que já falamos.” (talvez não nos moldes europeus, mas as universidades ensinam uma dada ‘cultura superior’ e também há uma tentativa de apropriação da dita cultura popular).
Há uma grande importação de cultura ‘estrangeira’ (em especial a norte-americana e a europeia).
9. observação da déc. 1960-70: samba (raiz): consumido pelas camadas populares; Bossa nova, mistura de samba e jazz: consumido pela midcult; Tropicália, mpb e rock americano, contestação a regime militar: midcult e cultura superior; Jovem Guarda, mpb e rock americano: consumido pela massa.
“Assim, não apenas tornou-se mais difícil encontrar formas “puras” de manifestação cultural, como também tornaram-se raros os movimentos de contracultura que não fossem imediatamente cooptados pela indústria cultural.” Ex: produtos ‘verde’ (orgânicos).
“Os meios de comunicação de massa, portanto, prestam-se a funcionar como veículos em que produtos homogêneos são oferecidos pela população” 
“a maior de todas as ilusões é a de que somos uma grande aldeia global; por sermos iguais, gostamos todos dos mesmos refrigerantes, das mesmas músicas e das mesmas obras literárias. Segundo essa narrativa, nascemos iguais, crescemos iguais, temos as mesmas oportunidades de saúde e de educação, vestimo-nos da mesma forma, comemos os mesmos alimentos e cantarolamos as mesmas canções.”
10. A Escola de Frankfurt foi fundada em 1924 por Félix Weil [...] Instituto para a Pesquisa Social [...] (pesquisava a) história do movimento trabalhista e do socialismo.” Horkheimer (filósofo e sociólogo) foi diretor de 1931 a 1955, quando assumiu Adorno.
Max Horkheimer chama de razão instrumental a razão propaganda no capitalismo, ela é pragmática, utilitarista e burocrática.
11-12. Exercícios: 1. a Tv também favorece a democracia na medida que revela casos de corrupção (há alguns problemas nessa formulação: os profissionais da mídia não tem poder de investigação, logo não podem provar nada; eles podem ser financiados por países que têm interesse em desestabilizar o país em questão). 2. a tecnologia permite ao homem controle (limitado) do seu meio. 3. a sociedade produz muitos bens mas impedem os indivíduos de usarem esses bens para a justiça social. 4. a indústria cultural determinam os desejos mas não supre esses mesmos desejos. 5. no capitalismo trabalho e lazer se equivalem. 6. na indústria cultural a cultura é transformada em entretenimento.

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